terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Capítulo 23

Depois de me encontrar com Júlia, era a vez de ir falar com Gustavo. Estava meio apreensiva, pois não sabia o certo o que ia dizer e esperava mesmo que nosso encontro não terminasse em mais um beijo e que principalmente não terminasse mais uma vez em confusão como do dia anterior. Era estranho como meus sentimentos por ele ainda estavam confusos, mas conseguia pensar mais claramente sobre nós dois e que quem sabe seria bom dar uma chance a ele. Vai ver a má impressão que fiquei da noite da festa em que nos conhecemos teria acontecido porque não queria nem ter ido a festa e muito menos gostaria que um garoto estranho amigo de Marcelo se aproximasse de mim. Na verdade eu não gostaria que nenhum garoto se aproximasse de mim. Desde minha primeira desilusão amorosa fiquei meio assim, me fechei para o que chamam de “amor” como menciono para mim sempre, mas aquela situação era diferente. Gustavo havia começado se mostrando um garoto irritante, manipulador, mas após o tempo se mostrou uma pessoa que se preocupa comigo e que quer o meu bem. A atitude de enfrentar meu pai contou muitos pontos a favor para ele. É claro que muita coisa em Gustavo ainda me desagradava, mas estava pensando em na nossa conversa dizer tudo o que pensava para que quem sabe começássemos uma história.Já que estava mudando algumas escolhas em minha vida,achei interessante experimentar ter um namorado.Não era da forma que esperei e nem como eu desejava mas gostava da companhia de Gustavo e ao meu ver desde o almoço de domingo misteriosamente ele tirou a má impressão que causou em meu pai quando o conheceu e talvez seria mais fácil de meu pai aceitar nosso relacionamento.Mas decidi dar um passo de cada vez,não programar tanto as coisas na minha cabeça até porque quando se planeja muito nada ocorre da maneira prevista.Confesso que estava empolgada com a conversa e o nosso possível futuro namoro mas não criei muita expectativa e para começar caso chegássemos a namorar acho que seria melhor que fosse secreto até eu me acostumar com a nova ideia. E eu já estava ficando totalmente paranóica como sempre imaginando Gustavo e eu namorando quando na verdade só havíamos nos beijado duas vezes e nem sabíamos um do outro direito. Havia marcado com ele de irmos na sorveteria ás 14:00 e ele tinha acabado de me mandar uma mensagem de confirmação quando encontrei próximo ao local combinado a Mari e Bruno que havia conhecido no shop através de Júlia.Era bom revê-los,havia gostado bastante deles e de todos que estavam presentes no dia.
- Sophia!Que surpresa boa, eu e Bruno até perguntamos para Júlia sobre você. Está sumida, temos que nos ver mais vezes!
- É verdade, temos que marcar de sair de novo antes que as férias terminem. Eu e Mari estamos indo lá no shop na loja de instrumentos musicais para que eu compre cordas novas para meu violão que meu primo pequeno fez o favor de arrebentar. Quer ir com a gente?
- Ah gente, adoraria mesmo, mas eu já marquei com alguém aqui daqui a pouco. Mas vamos marcar de sair sim. Adorei conhecer a galera. Mandem um beijo para todos e ah depois quero ver a música que você compôs e quero ver a Mari cantando tudo bem?
- Então fica combinado assim. Marcarei com a Júlia e pedirei para ela avisar para você. E claro que você vai escutar a música e vai dar sua opinião sincera ta bem? Até depois, Sophia. Prazer te rever.
Encontrar com os dois me fez muito bem. Na verdade me encontrar com Júlia e como todos meus novos amigos me deixava feliz, só de conversar um pouco já me animava bastante. Foi aí que eu percebi mesmo o quanto ter amigos bacanas é importante. Aquele pequeno diálogo me tranqüilizou para a futura conversa com Gustavo. Horário marcado e ele ainda não havia chegado. Com certeza estava atrasado só para me irritar. Lá vinha a minha estranha paranóia demais. Cinco minutos depois o avistei vindo em minha direção. Teríamos naquele momento a conversa decisiva.
- E aí Sophia?Como você está. Já está menos nervosa do que no domingo?
- De certa forma sim. Mas é muito ruim ver que minha própria família é indiferente para mim e que eles acreditam mais em minha irmã do que eu. Não é muito comum as pessoas desconfiarem da letra de outra, isso acontece só em filmes, mas na minha vida acontece exatamente o mesmo caso de uma maneira muito mais estranha porque estou falando da minha família, meus pais que não percebem esse detalhe e, aliás, nenhum que envolva a mim a não ser o desempenho escolar.
- Eu sei que essa situação não é normal, mas pensa comigo poderia ser pior. Talvez você nem tivesse uma família...
- Talvez fosse melhor eu nem ter esse tipo de família. Meus pais não me escutam, minha irmã é uma manipuladora que namora com um idiota, meu irmão adora esnobar como é inteligente. Eu não me encaixo ali, o que tenho de bom para mostrar?
- Sophia, para de se menosprezar. Eu sei que as coisas não acontecem da forma que você gostaria, mas você tem que começar a ver como é talentosa. Eu nem li o que estava escrito no caderno, mas para amolecer o coração de Marcelo deve ser incrível porque depois de tudo que ele enfrentou ele se fechou para o mundo. E mais você também é incrível, tem um jeito único, nunca conheci uma garota que mexesse tanto assim comigo. Desde que te vi pela primeira vez você despertou a curiosidade em mim, pois você se destaca entre as demais pelo seu jeito único.
- Como assim? O que Marcelo já enfrentou de tão ruim assim? Isso não justifica o jeito que ele fala comigo sempre e nem o jeito revoltado que ele tem. E eu não sou única do jeito que diz. Você fala isso porque quer que eu seja a próxima que caia nessa sua conversa. Mas amanhã mesmo estarei um pouco diferente do que estou agora.
- Esse é o seu problema. Essa desconfiança de tudo e de todos. Não percebe que isso só faz mal para você? Não posso pensar que você acha que estou enganando você.
Se você mão consegue acreditar em sequer uma palavra que eu digo e principalmente nos meus sentimentos estou perdendo meu tempo aqui conversando com você.
Gustavo disse isso, se levantou e foi embora e não quis nem sequer me escutar e nem responder aos meus gritos dizendo para ele voltar. Como ele poderia ter ficado alterado assim de uma hora para outra?Eu não disse que não acreditava em sequer uma palavra que ele disse, só que estava incerta porque aquilo era novo para mim e não fazia sentido. Mas percebi que não me expressei bem e a nossa conversa foi adiada mais uma vez agora por tempo indeterminado.

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