quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Capítulo 13

Eu sabia que estava errada, mas, além disso, pela primeira vez em muito tempo eu sentia que o estava fazendo o certo. Só estava preocupada que mais tarde me encontraria Gustavo, mas uma hora isso mesmo ia acontecer e já estava mesmo na hora de começar a agir como Clara me aconselhou, esquecer o meu medo e não pensar no futuro e não deixar essa “história” com Gustavo passar sem se resolver. Não que eu gostaria de me envolver com ele, mas acho que seria justo com nós dois entender esse desentendido, pois também se eu não falasse com ele iria pensar nisso sabe se lá até quando e seria bem pior tanto para mim quanto para ele. Cheguei perto da livraria onde eu e Júlia havíamos combinado de nos encontrarmos e a garota já estava lá com o bom humor, a alegria de viver e a animação de sempre. Passar o dia com ela seria muito bom, talvez com sorte eu me contagiasse com sua energia e esquecesse um pouco tudo que estava acontecendo e me acalmasse.
- Sophia, estou tão animada para hoje, estava contando os minutos para que você chegasse.Você vai adorar conhecer lá,alguns amigos meus disseram que se desse apareciam por lá hoje e nos encontrariam.Eles estão ansiosos para te conhecer!
- Eu acho que não seja uma boa ideia. Não estou no meu melhor dia hoje, tanta coisa aconteceu e não estou com muita vontade de conversar com desconhecidos.
Falei isso tão desanimada que Júlia quase teve um ataque de nervos. Ela disse que de maneira nenhuma eu poderia ficar assim e seja lá o que estivesse acontecendo que ela iria me ajudar a resolver de alguma forma. Júlia disse que eu não podia em hipótese alguma deixar que o desânimo, as inseguranças e os maus pensamentos tomassem conta de mim. Era incrível como ela parece não se abater nunca com nada, sempre está com um sorriso no rosto, disposta a ajudar e consegue enxergar coisas ruins como necessárias para o próprio aprendizado na busca da felicidade. Gosto disso e tenho vontade de ser assim também, confesso que já até fui um pouco assim, mas já faz muito tempo antes de colecionar tantas decepções.
Contei tudo que estava acontecendo para Júlia, todos os detalhes e tudo que estava sentindo. Ela me passava confiança como Clara e também me entendia bastante e tinha os melhores conselhos. Júlia concordou com minha vizinha que eu não deveria mesmo deixar essa oportunidade passar e que conversar com Gustavo hoje seria bem melhor e que eu ia sentir muito alívio e quando minha irmã Letícia ela disse depois que eu mostrei uma foto que ela já a viu de vista com Marcelo (por sinal ela o conhece há muito tempo por causa da escola apesar de nunca ter conversado direito) e que não foi com a cara dela, até se assustou quando disse que éramos irmãs. Júlia acha que não posso deixar a história do caderno passar em branco e que eu tenho que desmascará-la logo principalmente falar para Marcelo toda a verdade.
- Mas eu não quero fazer isso Júlia. Aquele garoto me deixa mal sempre e eu iria ficar pior se ele soubesse que fui eu que escrevi. Não ia conseguir nem olhar para ele e para piorar acho que Gustavo também leu.
- Não interessa, o caderno é de autoria sua e deve ser muito interessante. Sua irmã não pode levar crédito por algo que nem foi ela que criou. E quanto ele ter lido ou deixado de ler é o que menos importa. Quanto a Gustavo conheço apenas de vista, mas ao contrário de Marcelo ele me passa até uma boa impressão. Acho aquele tal Marcelo muito esquisito, muito de mal com a vida.
- É por isso que prefiro que ele nem saiba que eu sou a dona do caderno. Já não nos entendemos desde o dia que nos conhecemos. O estranho é que eu sou amiga da avó dele que disse que pensava que a gente iria combinar e que ele não era do jeito que eu pensava que tinha passado por situações difíceis e se fechado um pouco, mas quando o conhecesse melhor iria ver o quão maravilhoso ele é. Mas de fato nunca vou o conhecer melhor e isso dele ser bacana é só ilusão dela, aliás, ele é bacana sim, mas estranhamente só com ela e minha irmã.
- Olha para mim não importa o quanto ele tenha sofrido, isso não é motivo para ele ser assim e pensar que o mundo tem culpa. Caiu mais no meu conceito. Vai por mim Sophia é preciso que você conte a verdade para ele, acredite vai ser melhor assim.
- Como posso fazer isso? Ele nunca acreditaria em mim Júlia!
- Para um pouco e pensa. O caderno é seu, você sabe tudo o que está escrito e detalhes e principalmente ele é escrito com sua letra. Você nunca pensou nisso?
Realmente acho que eu estava pensando tanto no assunto e na minha vontade de não contar à verdade que me esqueci desse detalhe. Uma hora ou outra minha irmã teria que escrever algo ou Marcelo veria a letra da minha irmã que apesar de ser um pouco parecida com a minha tinha muitas diferenças.
- Então é isso! Hoje ou amanhã você vai chamar Letícia e Marcelo e pedir a ela que escreva algo e se ela recusar você mesmo escreve e prova que a letra é sua e consequentemente o caderno também. Se você tivesse ao menos colocado seu nome seria tudo tão mais fácil, essa história nem estaria acontecendo.
- É verdade, mas é porque eu não gostaria que ninguém o lesse, é algo pessoal não precisava ter meu nome. Hoje ou amanhã não é um bom dia, preciso pensar e ter certeza de se é isso mesmo que vou fazer.
- Você não tem nem o que pensar, é o melhor a ser feito. Mas até o final do dia te convenço a isso. Agora vamos falar de coisas boas e nos divertir.
Chegamos ao shopping e gostei bastante do local. Era bem animado, estava bem movimentado e até me acalmei um pouco. Queria logo conhecer a livraria de lá, mas Júlia disse que não antes de ver uma comédia que disseram para ela ser muito boa. Para a felicidade de Júlia e para minha própria infelicidade no andar do cinema encontramos os seus amigos que ela havia me dito que talvez iriam aparecer por lá. Era uma galera bem grande e parecia ser animada que nem ela. A garota tinha muitos amigos e vi que ela era bem popular por ali. Por onde passávamos sempre tinha alguém a cumprimentando ou a convidando para sair. Só que como havia dito antes não queria conhecer ninguém hoje, ainda mais que a qualquer momento poderia me encontrar com Gustavo. Ao certo que ele me ligaria e até agora nada, talvez tivesse desistido, mas sendo realista com certeza daqui a meia hora no máximo ele iria me procurar. Nos aproximamos de seus amigos e Júlia foi logo me apresentando, e eu fiquei maior sem graça.
- Gente, essa aqui é a Sophia, a garota legal que falei que conheci lá na livraria onde trabalho.
- Prazer em te conhecer Sophia.
Mariana foi a primeira a me cumprimentar e puxar conversa comigo. Ela parecia ser bem legal assim como Júlia. Aliás, todos ali pareciam ser legais, diferente da galera da minha cidade antiga que pareciam sempre estar ocupados em falar mal da vida de alguém e comentar das pessoas que eles achavam que não eram legais o bastante para se enturmar. Naquele grupo que havia conhecido ali não parecia haver disso, cada um tinha um estilo e um jeito de ser, mas no final todo mundo se entendia e se dava bem. Até perdi o receio que estava de conhecê-los e percebi que seria bom mesmo começar a conversar com aquelas pessoas novas para ocupar um pouco minha cabeça e claro, me divertir. Fomos para o cinema e mais tarde ficamos de comer uma pizza, certamente seria a hora que me encontraria com Gustavo, mas eu não queria pensar nisso. Naquele momento só queria ser feliz e aproveitar bastante assim como Júlia e seus amigos parecem sempre fazer quando se encontram.

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