sábado, 31 de março de 2012 0 comentários

Capítulo 31

O dia começou muito bem. Eu e Gustavo começamos a arrumar o blog e eu comecei a escrever o texto para o concurso. Fui á casa de Clara aproveitando a hora em que Marcelo estava na casa da mãe para conversar um pouco com ela. De certa forma ela me traz inspiração para escrever sobre Marcelo, talvez seja porque são avó e neto e essa proximidade me ajuda nos detalhes do texto. Estava tudo muito tranqüilo, muito dentro da normalidade. Letícia continuava esnobe, talvez até um pouco mais por estar popular na escola nova e Marcelo continuava indo para minha casa ficar com minha irmã e quase não trocávamos uma palavra. O único dia em que eu falei tudo que tinha vontade foi no primeiro de aula, mas depois disso nossa relação voltou a como era,vazia que era o normal. Mas para minha surpresa e com certeza mais ainda para Letícia chegaram vizinhos novos na casa que havia sido recém desocupada e uma nova garota do mesmo estilo arrogante da minha irmã, poderia se dizer até mais. E devido às personalidades parecidas pude notar em como a garota olhou para Marcelo e como desprezou Letícia pelo jeito de falar. Os pais e o irmão da garota parecem ser bem bacanas. Se chamam Alberto e Helena e os filhos se chamam Renata e Washington. Conversei um pouco com os novos moradores e não gostei muito de Renata que é convencida a melhor como minha irmã. Mas confesso que gostei das tiradas que ela deu em Letícia ao tentar contar vantagem em cima dela dizendo que namorava com Marcelo, era modelo e tudo o que se poderia pensar. A garota também é modelo e por sinal trabalhará na mesma agência de minha irmã e pelo que eu pude perceber é mais esperar e elabora planos de sabotagem melhor do que Letícia. Por um lado isso é bom desde que ela não resolva a implicar comigo como minha imã já faz, mas se isso acontecer não vou dar a mínima como venho fazendo com minha irmã e toda minha família que ainda continua agindo da mesma forma.Afinal eles não irão mudar,nada e nem ninguém muda de uma noite por dia,é preciso muito esforço e força de vontade para algo assim e talvez a mudança nem aconteça porque mudar é uma tendência difícil para nós ser humanos nos adaptarmos.Eu venho me esforçado para mudar de fato,mas não mudar o que sou e sim algumas atitudes que poderiam ser modificadas e melhoradas.Mas no caso de Letícia,Luís,minha mãe,meu pai,Marcelo e pelo jeito Renata essa transformação nunca iria acontecer e a melhor forma é aprender a conviver com essas diferenças do melhor jeito possível.

 O garoto era diferente, o oposto de Renata. Pelo pouco que pude perceber Washington parecia estar meio distante, pensativo e até um pouco triste. Essa tristeza ele não demonstrava, pois estava sorridente e tentando fazer com que nós ficássemos alegres. Dava para notar nos olhos dele que ele tinha muitas dúvidas e indecisões sobre algum assunto. Era um pouco calado de princípio, mas não parecia ser arrogante como Marcelo, pelo contrário parecia ser uma ótima pessoa em que talvez eu pudesse fazer amizade.
Me despedi dos novos vizinhos e fui para casa escrever mais uma parte do texto destinado a Marcelo.Ultimamente tudo ao meu redor tem servido como inspiração e a chegada das novas pessoas me fez pensar mais sobre mudança,o que significa isso e que poder mudar tem sobre nós.Porque eu acho que Marcelo precisa mudar os pensamentos que estão lhe assombrando e o deixando mal por mais que ele tenha medo de admitir isso ao mundo.Outra coisa importante a ser citada é o medo que nos impede de fazer tantas coisas em alguns momentos e conseqüentemente nos tira a própria felicidade.Lembrei do olhar indeciso e inseguro de Washington.Apesar do garoto parecer ser extrovertido,brincalhão e que faz amizade com facilidade,Washington parece guardar alguma mágoa do passado ou está passando por um momento difícil em que ele não está conseguindo aceitar de forma positiva para então enfrentar o problema.
Escrevi até pegar no sono. Quando percebi já estava na hora de ir para a escola. Os novos vizinhos também iriam estudar no colégio meu e de minha irmã. Letícia passou com o nariz empinado perto de Renata demonstrando que a presença dela era indiferente, mas eu sei que no fundo minha irmã estava preocupada com medo de perder o seu “reinado”, ainda mais que a garota nova tinha o jeito competitivo e aspirante a popularidade como ela e ainda era novidade na escola e sendo assim com certeza faria sucesso. Confesso que gostei dessa nova oponente para Letícia, a melhor forma de aprender a se tornar uma pessoa melhor ou com seus próprios erros é na escola na vida e eu tenho a esperança de que a Renata ultrapasse minha irmã para que ela perceba que levar a vida do jeito que ela leva não lhe trará alegria futura. Com a insegurança estampada no rosto minha irmã não desgrudou de Marcelo que estava frio como sempre e sem interesse algum de interagir com os nossos novos vizinhos. Mas Renata parecia estar decidida a provocar Letícia e tratou logo de puxar conversa com Marcelo que pela insistência da garota acabou se rendendo ao papo. Os três caminharam para escola a frente e mais atrás sobraram eu, Gustavo e Washington que parecia estar um pouco sem ambiente. Resolvi puxar assunto para conhecê-lo melhor e para que ele se sentisse mais ambientizado ali antes mesmo que chegássemos à escola. Ser novato já não é fácil, pior ainda quando se é novo na cidade e se entra na escola quando as aulas iniciaram.
- Oi Washington sei que conversamos pouco ontem. Não sei se lembra, mas me chamo Sophia e esse é o meu namorado Gustavo. Você deve estar meio sem graça por ser novo por aqui, mas não fique assim logo você se acostuma e vai ver como morar nesse bairro pode ser agradável.
- Olá!É eu estou um pouco sem graça mesmo, na verdade sou meio assim. Quando não conheço um lugar e pessoas novas tenho certa dificuldade em me entrosar, mas depois com o tempo vou perdendo a timidez e quando isso acontece falo até demais.
- Então você é como eu. No início fico meio preso, mas depois vou me soltando e falo tanto que até enjôo de ouvir a minha voz – Disse Gustavo
- É mentira dele! Eu disse para provocá-lo – Gustavo não é fechado quando não se conhece, posso dizer que ele é até desinibido e intrometido demais principalmente quando ele não conhece uma pessoa. Estou dizendo isso porque antes de começarmos a namorar ele vivia falante e me surpreendia com cada uma. É, realmente eu passava muita raiva com esse irritante de início. Eu sorri para meu namorado que já estava fazendo a cara fechada que ele faz quando eu o irrito e que por sinal eu adoro. Mas a história do nosso namoro é história para outro dia, se não você irá até se assustar com tudo, principalmente com a confusão com o caderno que é melhor deixar para um dia bem distante caso eu resolva te contar. Desculpe a minha intromissão, mas ontem eu pude notar que você estava um pouco distante, meio triste, aliás, hoje ainda está um pouco. É pelo fato de ter mudado recentemente ou porque deixou seus amigos, membros da família e até namorada por lá?
Washington entristeceu ainda mais e eu fiquei muito decepcionada por ter sido tão curiosa e enxerida. É a primeira vez que converso com ele direito e já estou querendo saber a respeito da sua vida pessoal. Não sei o que aconteceu, mas ver aquela expressão no rosto dele mexeu comigo e eu queria ajudar, apesar de que com certeza me precipitei. Gustavo tentou ajudar a consertar a situação mas não funcionou bem e para minha surpresa Washington respondeu a minha pergunta sem receios.
- Fico um pouco triste de falar sobre isso,mas acho que não devo ficar guardando só para mim.Fiquei chateado sim de ter deixado meus familiares e amigos por lá,mas por sinal acho que pode até ser bom pra mim conhecer novas pessoas,fazer novas amizades e quem sabe encontrar um amor.Eu ando me sentindo muito inseguro ultimamente,um pouco vazio,com dúvidas até sobre o que serei no futuro e encontrar alguém que eu goste para me ajudar a passar por esses momentos realmente seria muito bom apesar de que o meu último relacionamento,na verdade o único de fato sério não foi tão feliz assim.Me magoei um pouco mas é melhor deixar isso pra lá.
- É verdade,se não se sente a vontade de contar agora não conte,só não fique guardando isso para você.Desculpe até a minha intromissão no início mas é porque realmente o seu rosto estava estampando que havia algo errado.Gostei de conversar com você,te conhecer um pouco mais e acho que você irá gostar daqui,da escola e vou torcer para que você encontre alguém que te faça esquecer de todas essas mágoas que estão te deixando mal.
- Também gostei de conhecer você e acho que seremos muito amigos. Disse Gustavo para Washington.
Chegamos à escola e fui procurar meus amigos para então apresentar Washington à turma para que ele se sinta mais entrosado. Pelo jeito ele dará muito bem com todo o pessoal. 
domingo, 25 de março de 2012 0 comentários

Capítulo 30

Enfim decidi que participaria do concurso da livraria, pois o tema me chamou a atenção. A proposta era criar um texto que pudesse servir de exemplo para as pessoas e que ao mesmo tempo ajudasse a criar o mundo que vivemos um lugar melhor em que se pudesse conviver bem com as diferenças de cada pessoa. Tive a ideia de fazer um texto que ajudasse Marcelo, mesmo que ele não merecesse, sempre vinha na minha cabeça vinha a minha amizade com sua avó e que se algo ou alguém o fizesse sentir melhor logo ela ficaria mais feliz e tranqüila. No regulamento constava que a pessoa teria que criar um pseudônimo e que caso o nome verdadeiro de quem escreveu fosse revelado antes da divulgação da final do concurso essa pessoa seria classificada. Também gostei da parte da escolha do vencedor em revelar sua identidade ou manter seu pseudônimo. Júlia acha que eu devo revelar no final que eu sou a autora do texto e que ela tem certeza de que eu serei a vencedora. Não estou confiante assim, mas animada para escrever algo relacionado a Marcelo que ao mesmo tempo ajude também outras pessoas a se sentirem melhor. Terminei de personalizar os meus cadernos e comecei a escrever o rascunho do texto do concurso. Fui interrompida por minha irmã que estava tentando contar vantagem da sua popularidade e da sua nova campanha na agência. Mas eu não dou mais a mínima pra isso, logo as pessoas vão perceber o quão falsa ela é e vão a ignorar com o tempo.Já Marcelo que está preso no seu passado eu não sei quanto tempo vai querer acreditar na verdade que sua cabeça inventou de que minha irmã é o que ele pensa.Talvez ele fique com essa ideia para sempre,pois cada um tem seus próprios pensamentos e modo de ver a vida por mais estranho que seja.E a questão de ele preferir acreditar na verdade de que Letícia é mesmo a dona do caderno por causa de sua aparência ou outra coisa que ele se sente preso a ela já não me afeta mais e eu nem sei porque já me afetou algum dia.Começar a namorar com Gustavo me fez ver a vida de outro modo e agradeço muito de o ter conhecido pois caso esse encontro não tivesse acontecido talvez eu não estaria tão bem assim e entregado os fatos que minha vida não faz algum sentido e perdido todas as oportunidades que conquistei e que com certeza estão por vir.É difícil as vezes mas Gustavo do meu lado deixa tudo mais fácil.Só acho engraçado como ele consegue agüentar o melhor amigo, mas acho que não preciso entender bem até porque mesmo com tudo que Marcelo já fez para abaixar minha auto-estima eu continuo querendo ajudá-lo a sentir melhor pois ele e ninguém merece conviver com os dias tão cercado de culpa e frustração da maneira que ele vive. Antes eu pensava que esse meu modo de pensar era uma coisa ruim e que as pessoas me fariam de idiota, mas na verdade guardar rancor de alguém e não ajudar uma pessoa por causa de suas diferenças com ela não leva a lugar algum, pelo contrário você mesmo é afetado com isso. Nesse momento eu pensei que meu texto deveria continuar com essa ideia que acabava de ter. Anotei no rascunho para continuar depois, pois tinha algumas tarefas de casa para realizar. Uma outra coisa que eu acho que seria interessante colocar nesse texto é em como as pessoas ficam presas nelas mesmas por medo do que as pessoas vão pensar ou dizer delas.Confesso que eu já fui assim e em alguns momentos de fraqueza penso dessa forma,aliás quem não? Mas você precisa aprender que não é possível agradar a todos, da mesma forma que o que é bom para mim pode não ser para você. As pessoas criticam, te falam coisas ruins, tentam te jogar para baixo, mas cabe a você decidir se afetar ou não. Chega até a ser bem clichê, mas a verdade é essa e o maior desafio dessa tarefa é conseguir conviver bem com as críticas e até os elogios ao mesmo tempo. Na minha opinião Marcelo se apegou na ideia do que a mãe,a família e os outros pensam dele e não consegue mais ser quem é. Clara sempre disse que ele era um garoto mais fechado, mas que era uma pessoa mais fácil de conviver antes das tragédias que aconteceram na vida dele. Naquele dia eu percebi que eu não gostaria de ajudar apenas a Marcelo, mas também a todas outras pessoas que passam por dificuldades e se prendem a alguma coisa ruim ou inacabada. Falei com Gustavo sobre isso e ele gostou bastante da minha ideia e disse que seria legal eu escrever textos assim e publicar em algum lugar. Pensei em criar um blog para expor algumas ideias minhas, mas que a princípio apenas ele, Júlia e nosso grupo saberia da ideia. Meu namorado está me dando bastante apoio nessa ideia e até se arriscou a me ajudar na personalização do blog, só não começamos por agora porque já havíamos combinado de assistir um filme mais tarde. Era por isso que tinha que fazer as atividades e tarefas mais cedo. Caso eu gostasse mesmo e desse certo, eu pensaria na hipótese de divulgar para mais pessoas. Acho que antes com certeza eu não teria coragem de dividir essas coisas com ninguém, mas depois de tanta repercussão das férias minha ideia mudou bastante. Também depois de tudo como não mudaria? Estou achando até engraçado pensar em tudo agora...
 
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