terça-feira, 3 de julho de 2012 0 comentários

Capítulo 36

Quando consegui encontrar Marcelo não tive dúvidas que aquela discussão deveria se finalizar ali. Estava meio abalada e um pouco com medo sobre o que Dona Clara estava pensando e como ficaria a relação de avó e filho a partir daquele momento.Marcelo era um garoto traumatizado e eu deveria ter bastante cuidado para acabar não piorando mais a situação.
- Marcelo sobre as coisas que sua avó me contou,ela acabou deixando escapar pois eu curiosa que sou fiquei insistindo porque no fundo eu sabia que algo tinha acontecido com você.Se tem alguém que te ama e quer o seu bem é a Dona Clara e ela não tem nada haver com isso.Se tem que ficar chateado fique comigo mas não com ela.
- Sophia,era um lado muito pessoal meu e foi inesperado descobrir que minha avó saiu por aí contando.
- Sei que não nos damos muito bem,mas vamos esquecer pelo menos por agora? Eu quero muito acabar com esse clima de guerra entre todos que já dura tempo demais.Finja que não nos conhecemos e vamos ter uma conversa tranquila.A sua abó só quer o seu bem e querendo ou não eu também quero.
- Não vivemos em contos de fadas Sophia e as coisas não acontecerão assim.Seria ridículo fingir que não lhe conheço á essa altura e tentar levar as coisas na boa.
- Olha Marcelo se quer saber eu entendo o seu sofrimento,a dor que você sente e até um pouco da culpa que sente pela separação dos seus pais.Mas você não teve culpa nenhuma,pelo contrário,foi melhor a verdade aparecer do que sua mãe continuar sendo enganada não acha? E hoje em dia ela já superou e está seguindo a vida como você deveria fazer.
- É muito fácil falar,já que você nunca viveu nada do tipo.Sabe a sensação de não poder contar com ninguém,de sentir que o mundo inteiro é falso e que você está sozinho no mundo? Não,você não sabe.
-A gente nem se conhece para você me julgar assim.E se te consola eu sei bem como é em parte.Meus pais sempre foram ausentes e sempre depositaram toda sua confiança e tempo nos meus irmãos,os mais bonitos,mais inteligentes. Cresci sozinha ouvindo piadinhas das pessoas e críticas da minha irmã,me desiludi com o amor e também deixei de confiar nas pessoas,me fechei em um mundinho secreto,o meu caderno de anotações que gerou tanta polêmica.Escrever foi uma forma que achei para me sentir melhor,não ter que ser sempre o alvo dos questionamentos que faziam sobre mim do tipo: - Nossa,ela é mesmo irmã da Letícia? Não se parecem em nada mesmo,sem falar também nas comparações com meu irmão. Sei que são situações completamente diferentes mas com o tempo você precisa arranjar algo que te faça "superar" essa história toda. 
- Olha eu não sabia mesmo que você se sentia tão ignorada assim mas ainda não vejo solução para isso tudo e também agora nem consigo pensar.Estou muito chateado com tudo o que aconteceu. 
-Então você pode ao menos pensar no assunto? Sei que você ama muito a sua avó,mais do que toda essa mágoa toda.Faça isso por ela... 
- Vou pensar mas não garanto nada.
- Ótimo então.Viu a gente pode pelo menos conversar mais civilizadamente,já é um começo!
- É até que foi melhor do que eu esperava e olhando de outra forma você nem é tão estranha assim... 
- Vou entender isso como um elogio e dos grandes por sinal!Ainda te acho um grande chato marrento mas quem sabe você pensando direito no assunto não mudo um pouquinho de opinião?
 E sorri,a conversa não tinha sido esclarecedora mas o clima pesado tinha passado um pouco. Marcelo entendeu a brincadeira e também sorriu.
-Ah Marcelo, antes que eu me esqueça.Pensa com carinho na sua avó e não fique chateado com ela por ter me contado.Tenta entender tá bem?
-Como disse minha mente está uma confusão e acho melhor não vê-la por esses dias até eu "superar" um pouco.
- Faz isso então, mas fica calmo.
Marcelo foi embora para casa com um andar desnorteado mas apesar de tudo eu estava mais tranquila e agora queria mesmo ajudá-lo a superar os traumas do passado.

quarta-feira, 25 de abril de 2012 0 comentários

Capítulo 35


- Escuta Sophia. Eu acho que você intromete demais na vida de todos tentando ajudar. Em um ponto você tem razão quando te conheci não me simpatizei mesmo com você, aliás, é da minha personalidade ser assim, ter uma certa dificuldade em achar alguém agradável e me aproximar amigavelmente. Não posso mentir que quando te conheci te achei uma garota estranha e o porque nem eu sei definir bem apenas achei você alguém de certa forma diferente,meio presa a algum medo ou insegurança assim como vocês adoram afirmar que sinto. Quanto à história do caderno, foi muito bom quando o encontrei, pois há muito tempo eu não me prendia a uma leitura que me fizesse sentir tão bem, esquecer de tudo, lendo aquelas frases tão cheias de sentimentos acabou despertando algo em mim que nem sei se um dia eu tive de fato. Também não gostei da sua irmã a princípio, para mim a primeira vista ela não passou de uma patricinha esnobe e interesseira, mas depois de ler aquele caderno sem entender eu pude perceber que talvez as aparências realmente enganassem.
- Você tem todo o direito de não gostar de mim, me achar esquisita. Nunca esqueci o dia que cheguei no quarto e escutei minha irmã me criticando e implicando como sempre e você rindo de mim com ela.E realmente eu era uma pessoa muito insegura,talvez por crescer as sombras de minha irmã,ou por certa insatisfação ou medo da vida.Talvez era por isso que escrevia aquele caderno secretamente,sem meu nome ou nada que evidenciasse para as outras pessoas que o caderno era meu.Porque na verdade eu nunca pensei que um dia ele seria lido por outra pessoa ainda mais alguém assim como você e que minha irmã se aproveitaria dele para comprar mais uma pessoa para sua coleção de objetos vivos assim como fez.A única coisa que nunca entendi e nem sei porque nunca chegamos a ter essa conversa é como você pode acreditar que eu era a farsa e que estava tentando me aproveitar do talento da minha irmã para tentar me parecer com outra pessoa.Escute Marcelo eu posso ser a pior pessoa do mundo mas jamais faria isso. Essa história esquisita e anormal mexeu bastante comigo, eu não conseguia entender e até hoje não consigo o como e o porque. Você agiu super grosso, como age sempre sem ao menos tentar acreditar na verdade. E sei que você pensa que Letícia que escreveu o caderno porque para você é mais fácil lidar com a realidade de que uma garota popular e bonita que é apaixonada por você escreveu algo que mexeu com seus sentimentos mais escondidos do que uma garota que você julga ser estranha e de um mundo tão diferente do seu. Isso ficou claro para mim e para todas as pessoas normais que me eonhecem e sabem do meu dom para escrever, se é que posso chamar assim e a minha letra que Letícia imitou. Se você perceber a sua caligrafia sempre ela acaba voltando a escrever de uma forma parecida com sua verdadeira letra. Mas isso ninguém percebe, muito menos você, afinal porque prestar atenção em um detalhe tão pequeno não é mesmo?
- Aquele dia você tem que concordar que foi muito estranho a maneira que achou de tentar provar que sua irmã havia roubado o caderno. Para mim parecia mais uma vingancinha pessoal e infantil. Havia outras maneiras de você me contar que o caderno era de fato seu, porque realmente seria muito ilógico eu acreditar em uma história tão maluca e surreal assim em que qualquer pessoa em seu juízo perfeito deduziria como ilógica.
- Isso só confirma o que penso. Então você acredita que eu sou a dona do caderno, mas prefere negar isso porque quer continuar namorando Letícia pelas vantagens que isso lhe traz e porque não gosta de mim e achou minha atitude uma simples vingança. Mas eu não me importo com o que pensa. Você acha mesmo que eu gostaria de tramar uma vingancinha ridícula contra minha irmã problemática? Não mesmo, você nem me conhece. Pelo menos admita que sabia da verdade desde o início e só quis continuar com isso,pois sabe que acreditar nessa fantasia é a única coisa que ainda te prende a Letícia,pois sem essa “magia” vocês dois não dariam certo.
- Eu quero deixar bem claro que no princípio não quis acreditar na sua história pelo jeito que você arrumou de me falar...
Nem deixei Marcelo completar a frase e já intrometi.
- Você sabia que quem está se comportando como estranho e infantil é você? Então você acredita nas coisas se o modo de como elas são apresentadas a você te agrada? A gente nunca conversava, você sempre com esse humor desprezível, cego pela história de minha irmã e eu ainda tão imatura em relação ao que sou hoje achei que daquele jeito seria o modo perfeito para recuperar minha integridade na família e ao mesmo tempo te alertar sobre a farsa do seu relacionamento. A boba da história foi realmente eu, aliás, essa história toda é boba e já rendeu demais. Acreditando em mim ou não o importante é que já recuperei o que é meu e agora atingi até um amadurecimento literário maior do que o de antes. Para mim você é dessa forma por conta do trauma que tem por se sentir culpado da separação dos pais e é frio assim porque perdeu seu tio, uma das pessoas que mais te dava força para enfrentar os momentos difíceis de forma rápida e inimaginável.
Nesse momento percebi que havia falando mais do que deveria, mas já era tarde. Clara me olhou surpresa, pois havia prometido guardar segredo sobre o que sabia e Marcelo olhou para a avó e para mim perplexo. Agora com intromissão de Dona Clara a conversa se tornou ainda mais complicada.
- Sophia sabia que não deveria ter te contado tantos detalhes. Não é sua culpa, mas uma hora realmente você iria acabar se esgotando e conversando sobre isso com Marcelo. Talvez se eu fosse mais nova, me irritaria e tornaria a situação ainda mais delicada, mas após tantos anos vividos e por tantas experiências que já passei penso que talvez seja melhor assim. Marcelo, eu sei que você sempre teve uma personalidade, digamos forte, mas você ainda parecia ter uma certa alegria de viver que não enxergo mais em você desde o ocorrido.Sei que foi difícil para você tomar aquela decisão e ver o mundo familiar seguro que tinha desmoronar num simples piscar de olhos.Você era mais novo,não entendia muito bem dessas coisas e acabou achando que era culpado pelo sofrimento de sua mãe,o seu e o do restante do mundo.Você cresceu com essa convicção no subconsciente e hoje reage dessa forma.
- Acho que o assunto já foi longe demais. Sophia e vó, vocês já analisaram demais, tiraram suas conclusões e nem sabem direito o que eu penso. O assunto estava sobre o caderno e Sophia, mas de repente se transformou em algo que diz respeito a mim e meus pais. Eu não esperava que contasse coisas assim pessoais da minha vida para estranhos, a senhora me desapontou muito, minha confiança acabou.
Marcelo saiu da sala mesmo com os gritos de Clara insistindo para que ficasse. Fiquei super mal, pois senti que aquele conflito entre avó e o neto era culpa minha. Para mim aquela conversa não havia acabado ali e agora mais do que nunca precisava entender todo aquele comportamente de Marcelo melhor. Por hora era aquilo quando enfim resolvesse e arrancasse tudo que eu precisava ouvir de Marcelo voltaria à casa de Clara para quem sabe reconquistar a confiança que por um impulso e ansiedade acabei enfraquecendo.

segunda-feira, 23 de abril de 2012 0 comentários

Capítulo 34

Quando cheguei na casa de Dona Clara,ela parou de fazer o bordado no pano de prato que uma vizinha havia encomendado por gostar bastante de sua costura e me recebeu com um belo sorriso estonteante.
- Sophia. Quanto tempo você não vem me visitar. Sei que depois da volta às aulas você ficou mais ocupada e com o início do namoro mais ainda, mas isso não há razão para você sumir e deixar de dar notícias mocinha. – Dona Clara disse com aquele jeito amigável e jovem de sempre. Apesar da idade um já um pouco avançada, a senhora, tem mais ânimo e vontade de viver do que muitos jovens que eu conheço.
- É verdade, você tem razão. Estou em falta com a senhora, não há motivos para sumir assim, mas é que com tanta coisa acontecendo eu acabo me perdendo no meu próprio tempo.
- Aprenda uma lição Sophia. Você não pode ser escrava do seu próprio tempo. Não pode deixar de se cuidar ou fazer coisas que gosta e que são importantes para você para se adequar no tempo ditado pelo mundo. Você precisa se organizar, estabelecer suas prioridades, tirar um tempo para você e viver mais tranqüila e isso inclui vir me visitar mais vezes. – disse a senhora me intimidando a ir em sua casa frequentemente, porém de um jeito doce e cativante que ela sempre tem.
Pensei bastante na lição de Dona Clara sobre o tempo. Muitas vezes acabo me sacrificando para me adequar sempre a ele e acabo ficando escrava do tempo. Pelo menos tenho a sorte de pelo menos não por agora ou que eu saiba de ser escrava das dimensões do tempo. Tem pessoas que vivem com lembranças do passado que assombram o presente afetando o futuro, outras vivem tão intensamente o agora que esquecem que é preciso sim se preocupar de maneira saudável com planos para o futuro e há aquelas que vivem pensando tanto em quem se tornarão e como será o futuro que acabam esquecendo de viver o próprio agora.Para se ter uma vida boa é preciso haver o equilíbrio entre esses três tempo e isso Dona Clara sabia fazer muito bem.
Conversamos um pouco de tudo. Contei todas as novidades do colégio, dos novos moradores Washington e Renata, obviamente do meu namoro com Gustavo que ia cada vez melhor, do concurso e do projeto do blog. Dona Clara ficou muito feliz em ver todo o meu entusiasmo. A conversa ia muito bem quando de repente Marcelo chegou na casa de Dona Clara e como já era de se suspeitar o clima ficou estranho.Dessa vez a avó de Marcelo resolveu interferir e o obrigou a sentar conosco e participar da conversa.
- Marcelo, meu neto. Venha sente-se aqui comigo e com a Sophia. Estamos tendo um papo tão agradável.
- Obrigada vó, mas não poderei demorar, só passei aqui mesmo para ver como a senhora estava. Em outra hora quando eu não estiver ocupado volto aqui e fico mais tempo.
Eu sabia que aquilo era apenas uma desculpa. Ele com certeza não esperava me encontrar ali e resolveu arranjar um jeito de ir embora para não ter que me ter como companhia. Sinceramente, por mais que ele tenha problemas e que não seja tão sociável assim gostaria de entender o porque ele me odeia tanto e resiste tanto a me dar um simples “oi” naturalmente. Desde o início ele vem me evitando mais do que faz com as outras pessoas, acredita em uma história impossível sobre um roubo de caderno e falsificação de letra por minha parte inventada pela mente problemática de Letícia em que até qualquer criança de 5 anos poderia compreender e deduzir a verdade caso alguém a contasse. Pensei que estava na hora de entender o real motivo de toda essa antipatia. A ideia do concurso até poderia ajudá-lo, mas até o resultado ser divulgado ainda levaria um tempo e eu não podia mais agüentar a situação. Clara também além de não gostar, parecia não compreender e estava disposta a tentar mudar essa relação entre mim e Marcelo e acabou sendo bem direta.
- Olha Marcelo,sua avó pode até ser mais de idade,mas não é por isso que ficou boba e deixou de perceber as coisas ao redor. Não é de hoje que percebo essa alta de afinidade e esse clima ruim entre você e Sophia e honestamente não consigo entender o porque, aliás desde que se conheceram você reage assim. Eu sei da história absurda do caderno de anotações de Sophia e sei que você também não acredita em que Letícia é a verdadeira autora porque já convive com ela a algum tempo.Caso seja tão iludido e enganado assim a ponto de acreditar nessa realidade paralela sente-se um pouco e verá como essa garota sabe usar as palavras,ajudar e encantar o mundo. Sente-se e desabafe tudo que eu sei que você sente em relação a separação de seus pais que te afetou tanto.Sei que não deveria falar dessa forma e nem gostaria pois esse assunto é muito delicado mas se isso não ser tratado logo você acabará se tornando uma pessoa fria e sozinha e não quero isso para o neto que amo tanto. Por isso como sua avó quero que sente-se aqui agora perto de mim e Sophia para conversarmos e tirarmos todas as dúvidas e essa história a limpo de uma vez por todas.
Fiquei chocada com a reação de Dona Clara. Nem foi necessário a minha própria reação. Nunca tinha a visto falar daquele jeito, mas penso que como eu ela havia cansado do comportamento do neto que é tão importante para ela. As cenas daquela conversa que com certeza seria longa era imprevisível e estava me deixaram angustiada.
Com os olhos arregalados e irritado Marcelo seguiu a ordem da avó e sentou-se com um pouco de resistência perto de mim. Notei que ele estava sim magoado e constrangido por eu estar ali quando Clara disse sobre o seu trauma da separação dos pais. Percebi ao mesmo tempo que ali havia um garoto assustado e desamparado que só queria ser comprrendido e amparado.
E do nada comecei a dar gargalhadas na sala para o espanto de Clara e para o ódio de Marcelo. É, comecei a rir porque fiquei tão nervosa e tão feliz por saber que talvez toda aquela confusão com Marcelo finalmente terminaria que comecei a gargalhar e eu ria alto com vontade,deixando a ideia que estava rindo daquela situação quando na verdade era minha estranha mania de rir quando fico muito nervosa. E certamente, Marcelo se manifestou indignado e com razão pois acho que no lugar dele eu faria a mesma coisa.De certo modo meu ataque de risos quebrou o clima tenso mas estragou o nível da conversa que se poderia ter. Por outro lado foi bom ter quebrado o silêncio daquela forma, pois isso fez Marcelo chegar ao seu limite e ao me xingar acabou desabafando tudo e fazendo revelações que eu jamais pensei em escutar um dia... 
terça-feira, 17 de abril de 2012 1 comentários

Capítulo 33

Depois do término das aulas fui para a livraria com Júlia para enfim fazer minha inscrição no concurso. Não pude deixar de perguntar a ela se havia acontecido mesmo uma atração entre ela e Washington ou se era mesmo nossa impressão.
- Não sei se é apenas cisma nossa, mas o jeito que você falou defendendo Washington e a forma que você olhou para ele nos fez pensar que você tinha sentido algo por ele e também acreditamos que ele sentiu o mesmo por você. Geralmente você atura todos os comentários como brincadeira, mas dessa vez você se irritou por um motivo até besta relacionado a ele. Desde toda aquela história traumatizante que você me contou nunca mais escutei você falar de nenhum garoto ou simplesmente defender alguém como fez e muito menos alterar tanto o humor e quase brigar com um amigo por causa de um motivo que nem te afetava diretamente. Júlia eu te considero minha melhor amiga, você me ajudou nos momentos em que mais precisei e quero que saiba que se for realmente algo que você está sentindo por ele pode me contar. Eu sei que vocês acabaram de se conhecer e é difícil dizer ao certo o que é, mas pelo menos pelo pouco que conversou com Washington, você sentiu alguma coisa digamos diferente por ele?
- Ultimamente vocês estão muito cismados mesmo comigo. Eu não senti nada de diferente por ele, eu só achei que como ele havia recém chegado no colégio poderia ter sido melhor recepcionado.Você sabe o quanto é ruim chegar em um lugar novo e o quanto é uma situação incômoda. Ele parece ser uma pessoa bacana, mas conversei muito pouco com ele e acho que é cedo para que vocês tirem conclusões precipitadas. Se tiver que acontecer acontecerá no tempo certo e quanto a história que te contei sobre o passado podemos não lembrar dela certo?
Por um lado entendi a Júlia. O passado dela pode ter sido doloroso e por mais que hoje em dia ela tenha superado e seja essa pessoa super animada que é eu pude perceber que ela guarda um pouco de mágoa e talvez tenha medo de se apaixonar novamente. Realmente podemos ter entendido mal a atitude dela. Quem sabe ela não estava querendo ser apenas legal com o novato? Mas em contrapartida a isso vinha a minha intuição que não costuma falhar. Eu poderia sentir que algo estava acontecendo entre os dois e que mais cedo ou mais tarde algo maior aconteceria e claro eu estava torcendo para isso. Após minha pergunta mudamos bruscamente de assunto e só conversamos a respeito da minha inscrição. Mas, no entanto fomos interrompidas por Letícia e Marcelo que logo se aproximaram de mim.
- Então irmãzinha querida, vai continuar com essa ideia de que nasceu para escrever? Acha mesmo que ganhará o concurso? Sem chance. Já não basta querer ter a minha vida agora quer se aproveitar dos meus hobbies? – Letícia me disse com o tom irônico de sempre.
- Já disse a você minha irmã que eu não me importo se vocês acreditam em mim ou não. Porque na boa, vocês são meios desacreditados da realidade. É tão ridículo pensar na repercussão que deu toda a história que por sinal tem tantos furos e vocês ainda continuam nessa?
Me surpreendi pois dessa vez Marcelo acabou me defendendo de um modo bem estranho.
- Acho que a gente deve esquecer essa história Letícia. Querendo ou não a Sophia é namorada do meu melhor amigo e acho melhor a gente deixar ela pra lá. Para que tirarmos a pouca alegria que ela tem se iludindo e sonhando com um outro nível de vida não é mesmo?
A minha vontade foi de dar várias risadas na cara de Marcelo. Nesse momento quase desistir de participar do concurso e enviar o texto que eu nem sabia ao certo se poderia livrá-lo da obscuridade, até porque quem garantia que ele iria ler. É até meio desanimante ajudar alguém que fala coisas tão sem sentido e sem colocação em uma mesma frase. “Nível de vida”? Que coisa mais esquisita para ser algo que deveria soar como o impacto de sua resposta. Mas enfim depois pensei melhor e não havia razão para desistir, estava participando porque gosto bastante de escrever, o concurso é uma boa oportunidade e quem sabe eu não ajudo outras pessoas com minha criação. Eu e Júlia saímos de perto dos dois, mas não pudemos deixar de notar a cara de ódio da minha irmã que já estava bem abalada com a competição que estava enfrentando com a Renata. Júlia acabou me perguntando o que eu pensava de toda essa história agora e acabou dizendo que pode notar uma mudança de comportamento de Marcelo.
- Sabe, não sei se é por causa do dia que vocês conversaram logo no início do volta às aulas, ou se Gustavo pediu para que ele tentasse te tratar melhor, mas parece que Marcelo está cansando de Letícia.Acredito que agora eles já se conhecem a mais tempo e ele já consegue perceber que ele não é tudo que ele imaginava e já acabou toda aquela paixão que geralmente todo início de namoro tem. Você tem conversado com Clara? Você nunca mais comentou nada comigo.
- Já faz tempo que não tenho uma boa conversa com ela. Desde que as aulas voltaram tenho ficado sem tempo de ir a casa dela. Ás vezes nos encontramos, mas não conversamos nada sério demais. Mas estou pensando em ir conversar com ela mais a noite, é sempre bom falar com ela. E sobre Marcelo eu também achei estranho, o que me instiga é porque o comportamento dele é tão estranho. Eu sei o que ele pensa sobre minha irmã de verdade porque quando nos conhecemos ele não se mostrou muito amigável para ela. Antes eu pensava que o caderno o prendia a ela e de modo inicial até que pode ser, mas agora não sei mesmo o que seja. Porque eu sei que ele acredita na verdade, só não assume e mesmo que não acreditasse um caderno com textos não manteria uma relação por tanto tempo. Eu sinto que mais que a culpa e o arrependimento que ele carrega, ele se sente infeliz consigo mesmo e machuca as pessoas a sua volta para tentar compensar as suas mágoas. Também noto que Marcelo é um pouco inseguro e indeciso e que por sinal é o mesmo que acontece com o Washington pelo que percebi. A única coisa que eu sei é que se prestarmos atenção a nossa volta as pessoas agem de acordo com o que já enfrentaram, seus medos e sonhos.
- Olhando dessa forma é mesmo verdade. Isso acabou acontecendo com a gente, aliás, acontece com todos. O mundo está sempre em mudança e essas mudanças são refletidas no ambiente. Assim também acontece com as pessoas, elas se adaptam e se apegam a um jeito que com o tempo por algum motivo vai se modificando de formas muitas vezes positivas, mas de outras negativas como é o caso de Marcelo, Letícia, Renata e tantas pessoas que a gente conhece.
- É por isso que dizem que tudo tem motivo e razão para acontecer. E acho que esse jeito de Marcelo se ele souber lidar pode ensinar muitas coisas que ele poderá usar no futuro para ser uma pessoa melhor. Também acho que isso é possível com minha irmã, minha família e todo tipo de pessoas assim, basta elas aceitarem suas inseguranças e frustrações ou os motivos que as levaram a se fecharem do mundo, se revoltarem ou simplesmente odiarem tudo e tentarem aprender algo com isso para se tornar pessoas melhores e mais felizes assim como nós fizemos!
Depois de concluir a inscrição, encontrei com Gustavo, escolhi o design do blog e em seguida passei na cada de Dona Clara para matar a saudade e botar a conversa em dia. Tínhamos mesmo muito o que conversar.






segunda-feira, 9 de abril de 2012 0 comentários

Capítulo 32

Júlia estava super ansiosa em me encontrar. Depois da aula passaríamos na livraria para que eu pudesse me inscrever para o concurso. O texto já estava quase pronto e só faltava a finalização. Decidi que usaria meu psedeunomo mesmo após o final da votação, pois não queria que minha identidade fosse revelada ainda mais que Marcelo, que tanto duvidou de mim soubesse que era eu que escrevia. Caso eu ganhasse esse seria o momento em que eu poderia provar que eu nunca inventei sobre o caderno e todas as outras coisas, mas no nível de transformação que cheguei o que ele pensa e o que os outros pensam é irrelevante. Apenas prefiro deixar a situação do jeito que está porque ainda não me sinto segura para mostrar meus textos assim para o público ainda mais para um tão grande como desse concurso. Quanto a isso aos poucos vou perdendo a insegurança. Mais tarde meu namorado e eu colocaremos o blog no ar, a princípio como eu já havia pensado para meus amigos e quem sabe no futuro para mais pessoas, mas não quero pensar nisso agora, pois quem pensa muito no futuro acaba esquecendo-se de viver o presente e não vive o momento atual. E falando nele achei muito engraçado quando vi a competição entre minha irmã e Renata, a irmã de Washington. Estava uma verdadeira disputa por atenção. Letícia estava mostrando aos “fãs” do colégio o quanto era fotogênica e como sabia desenhar e Renata para minha surpresa começou a cantar para todos se achando a verdadeira popstar irritando Mari que na minha opinião canta mil vezes melhor que ela. Falando nisso Bruno só estava me enrolando para mostrar a composição que ele tinha feito, aliás, não só para mim, para a Mari também. Os boatos do colégio dizem que a música é uma verdadeira declaração para ela, mas que ele ainda não tem coragem de assumir o que eu acho uma bobagem, pois está na cara que eles se gostam e dão super certo juntos. Mariana não deixou por menos e cantou deixando todos impressionados para o aborrecimento de Renata que quis cantar mais para competir em algo que ela não tinha a melhor chance de se sair melhor. Letícia adorou a derrota da rival e ficou contando vantagem, mas isso não durou muito tempo quando a novata resolveu mostrar alguns passos de dança o que nunca foi o forte de minha irmã. Pelo visto aquelas duas estariam em pé de guerra durante todo o ano letivo. Eu havia acabado de apresentar Washington a meus amigos e como previ eles gostaram bastante do seu jeito de ser e mal acreditaram quando souberam que ele era irmão de Renata.
- Se não fosse a Sophia que contasse eu realmente não acreditaria. – disse Carol
- É verdade, aquela garota me irrita e olha que nem nunca conversei. Vocês são o contrário um do outro. – completou Karina
- Ainda bem que você não é como ela porque se não nem seria aceito no nosso grupo. E falando nisso você é muito esquisito, meio fechado e parece estar muito nervoso. Desse jeito não vai poder andar com a gente em? – Brincou André, o namorado de Karina com o seu jeito de sempre que todos já conhecem, mas que acabou deixando Washington sem graça.
- Não fale assim, você nem o conhece. E pare de tentar ser o engraçadinho porque ninguém já agüenta mais – Júlia disse para espanto de todos inclusive para o meu. Ela não é de tratar as pessoas desse jeito e nem é tão irritada, mas estava pronta para discutir com um dos seus melhores amigos por causa de um comentário para um até então desconhecido que nem lhe dizia respeito.
- Calma Júlia e André. Isso foi só um comentário sem maldade. Washington está mesmo nervoso, é seu primeiro dia por aqui e é natural. Mas não vamos brigar agora. Assim ele vai pensar que somos desunidos o que não é verdade porque eu nunca vi um grupo de amigos mais unidos e bacanas como os meus. – Eu disse o que estava pensando tentando quebrar o clima tenso que estava ali.
- É verdade Sophia. Vocês parecem ser bastante amigos e não quero que briguem por mim.Eu estou nervoso mesmo e posso ser um pouco esquisito,fechado mas aos poucos eu vou me soltando e aí eu espero que me achem como vocês. – disse Washington
- Você não tem que se justificar e quero que saiba que você é muito bem vindo a nossa turma. – Disse Júlia com um sorriso estonteante.
O sinal tocou e nos dirigimos para as nossas salas. No caminho Gustavo e eu não pudemos deixar de comentar sobre o acontecido e sobre nossas suspeitas.
- Não sei viu Sophia, mas acho que rolou alguma coisa entre a Júlia e o Washington. Ela é tão alto astral e calma e estava mesmo disposta a brigar com André por ele - Meu namorado disse.
- É eu reparei algo diferente mesmo, ela parece ter gostado mesmo dele, caso contrário ela nem o defenderia e daria as boas vindas como fez. E ele parece ter gostado dela também, a olhou de um jeito tão diferente.
- Diferente assim?
- É mais ou menos assim. – Eu disse
 -Então ele deve ter se apaixonado por ela, pois desde quando te vi não consigo te olhar de outra forma. – Disse Gustavo todo fofo e apaixonado.
- Só você mesmo para me fazer ficar toda bobinha a essa hora da manhã. Eu disse num tom que Gustavo adora.
Nos beijamos e fomos assistir as aulas.
Fiquei pensativa se era verdade mesmo aquela possível atração entre Júlia e Washington. Mas mais cedo ou mais tarde iríamos acabar descobrindo. Na aula de literatura o assunto era justamente sobre o amor e eu não pude deixar de escrever claro sobre eu e Gustavo, mas também senti a necessidade de escrever sobre os casais ou quase casais que eu conhecia. Cada um com sua história, ligados de jeitos totalmente diferentes. Alterei os nomes para que meus amigos não notassem que eu estava me referindo a eles apesar de que se eles lessem iriam perceber.
Comentei um pouco sobre todos, o André e a Karina que estão juntos a tanto tempo e dão tão certo, a Mari e o Bruno que se gostam tanto mas não conseguem assumir isso ainda, O Marcelo e a Letícia que mesmo sabendo que é uma união sem sentimentos verdadeiros é algo que pelo menos os deixam felizes em alguns momentos e agora tudo indicava que Washington e Júlia estavam apaixonados. O amor é mesmo imprevisível, surge quando menos esperamos e pela pessoa que nunca imaginávamos assim como é minha história com Gustavo. Quando eu poderia imaginar que namoraríamos e que ele pudesse me fazer tão bem, me fazer me sentir tão viva? O amor é um sentimento que nunca será possível descrever através de palavras, pois é algo maior do que tudo. O amor pode te fazer sentir a melhor das pessoas quando é correspondido, mas também pode te deixar se sentindo inferior a tudo quando é platônico ou até mesmo indeciso quando se gosta de uma pessoa e ela de você, mas vocês não combinam tanto assim. Existe também o amor renegado quando duas pessoas se sentem tão atraídas a ponto de negar tudo e apenas brigarem. São tantos lados desse sentimento que fica realmente impossível arranjar uma maneira de descrevê-lo. Só sei que ele está presente em todos nós, até nos que não acreditam. Terminando de escrever meu texto fiquei sem saber da onde havia surgido tanta inspiração. Vai ver foram as palavras e o beijo que eu e Gustavo demos antes da aula começar ou talvez ver que algo novo estaria para acontecer entre minha melhor amiga e Washington.Não sabia bem ao certo o que era mas naquele momento estava sonhando acordada pensando em como é bom gostar de alguém e estar com essa pessoa do lado. 



sábado, 31 de março de 2012 0 comentários

Capítulo 31

O dia começou muito bem. Eu e Gustavo começamos a arrumar o blog e eu comecei a escrever o texto para o concurso. Fui á casa de Clara aproveitando a hora em que Marcelo estava na casa da mãe para conversar um pouco com ela. De certa forma ela me traz inspiração para escrever sobre Marcelo, talvez seja porque são avó e neto e essa proximidade me ajuda nos detalhes do texto. Estava tudo muito tranqüilo, muito dentro da normalidade. Letícia continuava esnobe, talvez até um pouco mais por estar popular na escola nova e Marcelo continuava indo para minha casa ficar com minha irmã e quase não trocávamos uma palavra. O único dia em que eu falei tudo que tinha vontade foi no primeiro de aula, mas depois disso nossa relação voltou a como era,vazia que era o normal. Mas para minha surpresa e com certeza mais ainda para Letícia chegaram vizinhos novos na casa que havia sido recém desocupada e uma nova garota do mesmo estilo arrogante da minha irmã, poderia se dizer até mais. E devido às personalidades parecidas pude notar em como a garota olhou para Marcelo e como desprezou Letícia pelo jeito de falar. Os pais e o irmão da garota parecem ser bem bacanas. Se chamam Alberto e Helena e os filhos se chamam Renata e Washington. Conversei um pouco com os novos moradores e não gostei muito de Renata que é convencida a melhor como minha irmã. Mas confesso que gostei das tiradas que ela deu em Letícia ao tentar contar vantagem em cima dela dizendo que namorava com Marcelo, era modelo e tudo o que se poderia pensar. A garota também é modelo e por sinal trabalhará na mesma agência de minha irmã e pelo que eu pude perceber é mais esperar e elabora planos de sabotagem melhor do que Letícia. Por um lado isso é bom desde que ela não resolva a implicar comigo como minha imã já faz, mas se isso acontecer não vou dar a mínima como venho fazendo com minha irmã e toda minha família que ainda continua agindo da mesma forma.Afinal eles não irão mudar,nada e nem ninguém muda de uma noite por dia,é preciso muito esforço e força de vontade para algo assim e talvez a mudança nem aconteça porque mudar é uma tendência difícil para nós ser humanos nos adaptarmos.Eu venho me esforçado para mudar de fato,mas não mudar o que sou e sim algumas atitudes que poderiam ser modificadas e melhoradas.Mas no caso de Letícia,Luís,minha mãe,meu pai,Marcelo e pelo jeito Renata essa transformação nunca iria acontecer e a melhor forma é aprender a conviver com essas diferenças do melhor jeito possível.

 O garoto era diferente, o oposto de Renata. Pelo pouco que pude perceber Washington parecia estar meio distante, pensativo e até um pouco triste. Essa tristeza ele não demonstrava, pois estava sorridente e tentando fazer com que nós ficássemos alegres. Dava para notar nos olhos dele que ele tinha muitas dúvidas e indecisões sobre algum assunto. Era um pouco calado de princípio, mas não parecia ser arrogante como Marcelo, pelo contrário parecia ser uma ótima pessoa em que talvez eu pudesse fazer amizade.
Me despedi dos novos vizinhos e fui para casa escrever mais uma parte do texto destinado a Marcelo.Ultimamente tudo ao meu redor tem servido como inspiração e a chegada das novas pessoas me fez pensar mais sobre mudança,o que significa isso e que poder mudar tem sobre nós.Porque eu acho que Marcelo precisa mudar os pensamentos que estão lhe assombrando e o deixando mal por mais que ele tenha medo de admitir isso ao mundo.Outra coisa importante a ser citada é o medo que nos impede de fazer tantas coisas em alguns momentos e conseqüentemente nos tira a própria felicidade.Lembrei do olhar indeciso e inseguro de Washington.Apesar do garoto parecer ser extrovertido,brincalhão e que faz amizade com facilidade,Washington parece guardar alguma mágoa do passado ou está passando por um momento difícil em que ele não está conseguindo aceitar de forma positiva para então enfrentar o problema.
Escrevi até pegar no sono. Quando percebi já estava na hora de ir para a escola. Os novos vizinhos também iriam estudar no colégio meu e de minha irmã. Letícia passou com o nariz empinado perto de Renata demonstrando que a presença dela era indiferente, mas eu sei que no fundo minha irmã estava preocupada com medo de perder o seu “reinado”, ainda mais que a garota nova tinha o jeito competitivo e aspirante a popularidade como ela e ainda era novidade na escola e sendo assim com certeza faria sucesso. Confesso que gostei dessa nova oponente para Letícia, a melhor forma de aprender a se tornar uma pessoa melhor ou com seus próprios erros é na escola na vida e eu tenho a esperança de que a Renata ultrapasse minha irmã para que ela perceba que levar a vida do jeito que ela leva não lhe trará alegria futura. Com a insegurança estampada no rosto minha irmã não desgrudou de Marcelo que estava frio como sempre e sem interesse algum de interagir com os nossos novos vizinhos. Mas Renata parecia estar decidida a provocar Letícia e tratou logo de puxar conversa com Marcelo que pela insistência da garota acabou se rendendo ao papo. Os três caminharam para escola a frente e mais atrás sobraram eu, Gustavo e Washington que parecia estar um pouco sem ambiente. Resolvi puxar assunto para conhecê-lo melhor e para que ele se sentisse mais ambientizado ali antes mesmo que chegássemos à escola. Ser novato já não é fácil, pior ainda quando se é novo na cidade e se entra na escola quando as aulas iniciaram.
- Oi Washington sei que conversamos pouco ontem. Não sei se lembra, mas me chamo Sophia e esse é o meu namorado Gustavo. Você deve estar meio sem graça por ser novo por aqui, mas não fique assim logo você se acostuma e vai ver como morar nesse bairro pode ser agradável.
- Olá!É eu estou um pouco sem graça mesmo, na verdade sou meio assim. Quando não conheço um lugar e pessoas novas tenho certa dificuldade em me entrosar, mas depois com o tempo vou perdendo a timidez e quando isso acontece falo até demais.
- Então você é como eu. No início fico meio preso, mas depois vou me soltando e falo tanto que até enjôo de ouvir a minha voz – Disse Gustavo
- É mentira dele! Eu disse para provocá-lo – Gustavo não é fechado quando não se conhece, posso dizer que ele é até desinibido e intrometido demais principalmente quando ele não conhece uma pessoa. Estou dizendo isso porque antes de começarmos a namorar ele vivia falante e me surpreendia com cada uma. É, realmente eu passava muita raiva com esse irritante de início. Eu sorri para meu namorado que já estava fazendo a cara fechada que ele faz quando eu o irrito e que por sinal eu adoro. Mas a história do nosso namoro é história para outro dia, se não você irá até se assustar com tudo, principalmente com a confusão com o caderno que é melhor deixar para um dia bem distante caso eu resolva te contar. Desculpe a minha intromissão, mas ontem eu pude notar que você estava um pouco distante, meio triste, aliás, hoje ainda está um pouco. É pelo fato de ter mudado recentemente ou porque deixou seus amigos, membros da família e até namorada por lá?
Washington entristeceu ainda mais e eu fiquei muito decepcionada por ter sido tão curiosa e enxerida. É a primeira vez que converso com ele direito e já estou querendo saber a respeito da sua vida pessoal. Não sei o que aconteceu, mas ver aquela expressão no rosto dele mexeu comigo e eu queria ajudar, apesar de que com certeza me precipitei. Gustavo tentou ajudar a consertar a situação mas não funcionou bem e para minha surpresa Washington respondeu a minha pergunta sem receios.
- Fico um pouco triste de falar sobre isso,mas acho que não devo ficar guardando só para mim.Fiquei chateado sim de ter deixado meus familiares e amigos por lá,mas por sinal acho que pode até ser bom pra mim conhecer novas pessoas,fazer novas amizades e quem sabe encontrar um amor.Eu ando me sentindo muito inseguro ultimamente,um pouco vazio,com dúvidas até sobre o que serei no futuro e encontrar alguém que eu goste para me ajudar a passar por esses momentos realmente seria muito bom apesar de que o meu último relacionamento,na verdade o único de fato sério não foi tão feliz assim.Me magoei um pouco mas é melhor deixar isso pra lá.
- É verdade,se não se sente a vontade de contar agora não conte,só não fique guardando isso para você.Desculpe até a minha intromissão no início mas é porque realmente o seu rosto estava estampando que havia algo errado.Gostei de conversar com você,te conhecer um pouco mais e acho que você irá gostar daqui,da escola e vou torcer para que você encontre alguém que te faça esquecer de todas essas mágoas que estão te deixando mal.
- Também gostei de conhecer você e acho que seremos muito amigos. Disse Gustavo para Washington.
Chegamos à escola e fui procurar meus amigos para então apresentar Washington à turma para que ele se sinta mais entrosado. Pelo jeito ele dará muito bem com todo o pessoal. 
domingo, 25 de março de 2012 0 comentários

Capítulo 30

Enfim decidi que participaria do concurso da livraria, pois o tema me chamou a atenção. A proposta era criar um texto que pudesse servir de exemplo para as pessoas e que ao mesmo tempo ajudasse a criar o mundo que vivemos um lugar melhor em que se pudesse conviver bem com as diferenças de cada pessoa. Tive a ideia de fazer um texto que ajudasse Marcelo, mesmo que ele não merecesse, sempre vinha na minha cabeça vinha a minha amizade com sua avó e que se algo ou alguém o fizesse sentir melhor logo ela ficaria mais feliz e tranqüila. No regulamento constava que a pessoa teria que criar um pseudônimo e que caso o nome verdadeiro de quem escreveu fosse revelado antes da divulgação da final do concurso essa pessoa seria classificada. Também gostei da parte da escolha do vencedor em revelar sua identidade ou manter seu pseudônimo. Júlia acha que eu devo revelar no final que eu sou a autora do texto e que ela tem certeza de que eu serei a vencedora. Não estou confiante assim, mas animada para escrever algo relacionado a Marcelo que ao mesmo tempo ajude também outras pessoas a se sentirem melhor. Terminei de personalizar os meus cadernos e comecei a escrever o rascunho do texto do concurso. Fui interrompida por minha irmã que estava tentando contar vantagem da sua popularidade e da sua nova campanha na agência. Mas eu não dou mais a mínima pra isso, logo as pessoas vão perceber o quão falsa ela é e vão a ignorar com o tempo.Já Marcelo que está preso no seu passado eu não sei quanto tempo vai querer acreditar na verdade que sua cabeça inventou de que minha irmã é o que ele pensa.Talvez ele fique com essa ideia para sempre,pois cada um tem seus próprios pensamentos e modo de ver a vida por mais estranho que seja.E a questão de ele preferir acreditar na verdade de que Letícia é mesmo a dona do caderno por causa de sua aparência ou outra coisa que ele se sente preso a ela já não me afeta mais e eu nem sei porque já me afetou algum dia.Começar a namorar com Gustavo me fez ver a vida de outro modo e agradeço muito de o ter conhecido pois caso esse encontro não tivesse acontecido talvez eu não estaria tão bem assim e entregado os fatos que minha vida não faz algum sentido e perdido todas as oportunidades que conquistei e que com certeza estão por vir.É difícil as vezes mas Gustavo do meu lado deixa tudo mais fácil.Só acho engraçado como ele consegue agüentar o melhor amigo, mas acho que não preciso entender bem até porque mesmo com tudo que Marcelo já fez para abaixar minha auto-estima eu continuo querendo ajudá-lo a sentir melhor pois ele e ninguém merece conviver com os dias tão cercado de culpa e frustração da maneira que ele vive. Antes eu pensava que esse meu modo de pensar era uma coisa ruim e que as pessoas me fariam de idiota, mas na verdade guardar rancor de alguém e não ajudar uma pessoa por causa de suas diferenças com ela não leva a lugar algum, pelo contrário você mesmo é afetado com isso. Nesse momento eu pensei que meu texto deveria continuar com essa ideia que acabava de ter. Anotei no rascunho para continuar depois, pois tinha algumas tarefas de casa para realizar. Uma outra coisa que eu acho que seria interessante colocar nesse texto é em como as pessoas ficam presas nelas mesmas por medo do que as pessoas vão pensar ou dizer delas.Confesso que eu já fui assim e em alguns momentos de fraqueza penso dessa forma,aliás quem não? Mas você precisa aprender que não é possível agradar a todos, da mesma forma que o que é bom para mim pode não ser para você. As pessoas criticam, te falam coisas ruins, tentam te jogar para baixo, mas cabe a você decidir se afetar ou não. Chega até a ser bem clichê, mas a verdade é essa e o maior desafio dessa tarefa é conseguir conviver bem com as críticas e até os elogios ao mesmo tempo. Na minha opinião Marcelo se apegou na ideia do que a mãe,a família e os outros pensam dele e não consegue mais ser quem é. Clara sempre disse que ele era um garoto mais fechado, mas que era uma pessoa mais fácil de conviver antes das tragédias que aconteceram na vida dele. Naquele dia eu percebi que eu não gostaria de ajudar apenas a Marcelo, mas também a todas outras pessoas que passam por dificuldades e se prendem a alguma coisa ruim ou inacabada. Falei com Gustavo sobre isso e ele gostou bastante da minha ideia e disse que seria legal eu escrever textos assim e publicar em algum lugar. Pensei em criar um blog para expor algumas ideias minhas, mas que a princípio apenas ele, Júlia e nosso grupo saberia da ideia. Meu namorado está me dando bastante apoio nessa ideia e até se arriscou a me ajudar na personalização do blog, só não começamos por agora porque já havíamos combinado de assistir um filme mais tarde. Era por isso que tinha que fazer as atividades e tarefas mais cedo. Caso eu gostasse mesmo e desse certo, eu pensaria na hipótese de divulgar para mais pessoas. Acho que antes com certeza eu não teria coragem de dividir essas coisas com ninguém, mas depois de tanta repercussão das férias minha ideia mudou bastante. Também depois de tudo como não mudaria? Estou achando até engraçado pensar em tudo agora...
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012 1 comentários

Capítulo 29

O primeiro dia de aula foi mesmo incrível, nunca poderia imaginar que seria tão agradável. Tirando a parte da aula de matemática no último horário correu tudo muito bem até o final, tirando a parte em que voltei para casa com Marcelo. Gustavo precisou encontrar com os pais no final da aula e Letícia para minha felicidade não voltaria junto comigo para casa, pois ela estava iniciando uma nova campanha com a agência. Sem ela para me atormentar ao menos na parte da tarde já era um alívio. ´
Fiquei um tempinho depois do término do horário conversando com meus amigos e creio que Marcelo fez isso também e como ninguém voltaria pelo mesmo caminho que a gente pelo menos nesse primeiro dia só restaram nós dois por uma ironia do destino. No início pensei em apertar o passo e ir sozinha mesmo, afinal nós dois não agüentamos ficar perto um do outro e eu não consigo engolir a história de que ele me acha uma mentirosa, ou melhor, sabe que no fundo minha irmã mente, mas prefere acreditar na realidade que melhor lhe convém, mas pensei melhor e resolvi ir ao lado dele para ver qual seria sua reação mesmo que ficássemos o caminho todo no silêncio profundo. Com certeza ele pensou em fazer a mesma coisa que eu, mas também deve ter ficado curioso em saber qual seria minha reação e como nos comportaríamos durante nosso regresso para casa. Nos encaramos rapidamente e nos próximos 5 minutos ficamos andando lado a lado calados. Não sei o que aconteceu comigo, mas quando percebi já havia conversado com o garoto e perguntado sobre o que ele tinha achado do primeiro dia de aula. Além de eu cometer a burrada de conversar com Marcelo eu precisava perguntar algo tão fútil, ridículo e banal como eu fiz. Cheguei a pensar que ele iria fingir não escutar, mas para minha surpresa ao invés de responder minha pergunta sem noção me fez uma outra pergunta.
- O que você fez para minha avó gostar tanto de você?
- Como assim? – Respondi meio surpresa
- O jeito que ela fala de você, como ela tenta me forçar a gostar de você, te conhecer melhor, o modo como ela diz que você é cheia de vida, a forma como ela te elogia, ás vezes penso que ela prefere você a mim. Então mesmo não tendo muita afinidade, preciso descobrir o que fez e já que achei uma oportunidade de te perguntar você poderia me responder – Marcelo disse com o mesmo tom frio que dirige a mim sempre.
Achei aquela pergunta um abuso. Na verdade ele estava querendo insinuar que eu fiz algo para que Clara gostasse de mim e estava meio que indignado porque pensava que ela preferia estar comigo do que com ele. Não tinha fundamento o que ele disse, até porque os sentimentos de alguém não funcionam como uma competição, algo que você tenha que medir, simplesmente existe. O carinho que ela sente por mim é diferente, ele é neto dele, mas no fim se trata do mesmo sentimento de querer o outro bem e isso definitivamente Marcelo não entende. Mas como estou acostumada com a dissimulação e o modo como ele me acusa resolvi mudar o jeito que lhe respondia. Se até hoje tentei expor a verdade, discutir, tentar mostrar a vida de outro jeito a partir de agora com toda essa transformação que sofri nos últimos tempos resolvi dar a ele a resposta que ele gostaria de ouvir, até um pouco irônica só para ver a sua reação.
- É Marcelo você tem razão. Eu a sabotei, menti, disse que gostava de coisas que eu odeio só para conquistar a amizade dela, afinal o mundo de hoje é superficial e falso. Disse o que ela gostaria de ouvir e agora olha só ela prefere conversar comigo. Acho que penso como você, a amizade e o sentimento das pessoas devem ser comprados e não conquistados, nós devemos acreditar na verdade que queremos não importa o quanto irreal seja. Não funciona tão bem com você?
- Pelo contrário funciona bem apenas com você. Olha o modo como minha avó gosta de você inexplicavelmente.
- Tem razão, é inexplicável mesmo. E acho mais inexplicável ainda você ter tanta convicção de como eu sou se de fato você nem me conhece realmente. Você apenas me vê, nos encaramos e às vezes trocamos poucas palavras que sempre nos levam a alguma discussão como agora. No mais você não sabe nada sobre mim. Posso dizer o que você quer ouvir, que compro a amizade da sua avó, pois essa é a verdade que quer escutar, mas não farei isso, mudei de ideia. Só quero te dizer que não tenho culpa dos seus problemas, aliás, ninguém tem e todo mundo tem algum e enfrenta como pode. Sei que algumas coisas são difíceis de lidar, mas as pessoas a sua volta não têm culpa de nada que já aconteceu com você. Então pare de julgar, para de me julgar sem me conhecer realmente e procura descobrir a verdade real dentro de você porque o que eu vejo aqui é um garoto assustado, que deixou a decepção e os traumas tomarem conta aos poucos do que é realmente.
- Do que você está falando, não sabe nada de mim para falar algo assim...
O interrompi dizendo
- Da mesma maneira que você não sabe nada de mim e desde o primeiro momento já ditou a impressão de mim da maneira que quis. Engraçado não é mesmo?
Nem escutei direito a resposta que ele me deu, acabei me empolgando e falando demais e quase deixo escapar o segredo que Dona Clara havia me pedido para guardar, mas de fato ele mereceu ouvir tudo aquilo para refletir e eu me senti aliviada de dizer.
Cheguei em casa e aproveitei meus momentos sozinha,dormi um pouco e comecei a fazer a capa dos meus cadernos que assim como o “caderno da confusão” também seriam personalizados. Mais tarde passei na livraria de Júlia para comprar alguns materiais e colocamos os assuntos em dia. É incrível como sempre arrumamos novos assuntos mesmo tendo nos visto há poucas horas atrás. Júlia continua com a ideia de que devo participar do concurso da livraria, mas ainda não estou totalmente convencida. Prefiro aguardar a escolha do tema e aí assim decidir se tomo coragem e me inscrevo ou não. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012 0 comentários

Capítulo 28

Mal da para acreditar em quanta coisa aconteceu nessas férias e desde o dia em que eu me encontrei com Júlia para mudar o visual e com Gustavo em seguida. Agora estamos namorando sério e por incrível que pareça mesmo com todas as provocações e descrença que sofro por Marcelo e Letícia está feliz. Minha irmã e ele continuam namorando e ele continua não acreditando que sou eu a dona do caderno. Nos encaramos sempre que nos vimos porém não falamos nada sobre o assunto, é algo que fingimos não existir,pelo menos é o que eu faço por enquanto.Aos poucos a amizade de Gustavo e Marcelo é retomada,claro que não com a mesma intensidade mas eles já conversam bastante novamente e acredito que em breve tudo voltará a ser como antes. Meu pai, minha mãe e meu irmão continuam da mesma maneira, agora mais ocupados do que nunca. Meu pai foi promovido novamente no escritório e agora trabalha tanto que acho que seria até apropriado criar uma hora extra no dia normal de 24 horas só para que ele tenha tempo de quem sabe resolver suas questões do trabalho. A faculdade de Luís está para começar e ele arrumou um estágio que tem tudo haver com essa área que pretende seguir graças a meu pai. Minha mãe está ficando cada vez mais conhecida na cidade e cada vez mais surge mais eventos para ela cobrir. Letícia está conseguindo novos clientes na sua agência e assim como cresce a procura por ela cresce junto à arrogância e a sensação de ser melhor que todo mundo que ela carrega. Quanto a meu namoro com Gustavo meu pai acabou concordando depois de tanta insistência do garoto e apesar de toda a cobrança que aumentou na minha vida após isso principalmente em relação ao novo ano escolar que se inicia é muito bom finalmente ter encontrado alguém como Gustavo. Quanto mais o conheço, mas percebo que temos muita coisa em comum, ao lado dele eu me sinto mais feliz, mais leve também. Outro dia até escrevi um texto referente a ele no caderno novo e ele acabou vendo e adorou, até se arriscou a escrever algo para mim que não deu muito certo, mas eu achei muito fofo. Finalmente os problemas na minha vida tiraram umas férias, pelo menos por enquanto. É claro que não consigo esquecer tudo que ocorreu antes e nem a história triste sobre Marcelo que Clara me contou e eu não sei bem como ajudar, mas de certa forma estou em uma fase que posso “respirar” de novo. O final das férias foi muito bom, toda galera que conheci no shopping com Júlia aprovou meu novo visual, saímos novamente e assistimos um filme de comédia e dessa vez levei Gustavo como meu namorado. Estou vivendo a cada dia que passa uma novidade, cada dia descubro algo em mim diferente, que talvez nunca havia notado,a cada instante me sinto mais viva. Estou totalmente adaptada nessa nova cidade e super feliz de ter vindo morar aqui. No início achei ruim, ainda tem alguns pontos negativos, mas vejo como essa mudança me fez bem, aliás, se não fosse por ela não teria conhecido Gustavo, Clara, Júlia e nem essas pessoas maravilhosas que conheci. Eu não teria conhecido Marcelo e assim não teria passado por tantas dificuldades, mas mesmo assim acho que foi bom ter o conhecido, pois graças a ele e toda a confusão gerada por meu caderno e ele eu me reinventei,me descobri,amadureci.
Amanhã as aulas voltam e estou ansiosa para conhecer minha nova escola, saber como é a sensação de estar no ensino médio. Quando era menor ficava imaginando como seria quando eu estivesse nessa época, como estaria a minha vida e jamais eu poderia pensar que minha vida estaria desse jeito. Estou torcendo para ser da classe de Júlia, da Mari, ou de alguns amigos que eu fiz nas férias, mas também estou preparando a minha mente caso eu não fique na mesma sala que eles. Pelo menos os verei no intervalo e terei a chance de conhecer pessoas novas na minha sala também. Caso isso aconteça torço para que o pessoal seja tão bacana como os amigos de Júlia, agora meus amigos são.
Fiquei tão ansiosa na madrugada que acabei tendo altas ideias de textos e poesias e claro acabei registrando esses esboços no novo caderno. Quando me dei por mim, já era hora de me arrumar para ir para a escola. Não durmi direito, mas também não estava com sono, estava era muito ansiosa para saber como seria o dia. A minha única infelicidade era que Letícia também estudaria no mesmo colégio que eu, mas como ela está se formando, só teria esse ano para agüentar estar no mesmo espaço que ela.
Gustavo tocou a campainha, combinamos de irmos juntos para a escola. O acompanhado estava Marcelo que também ficara de encontrar Letícia. Fomos todos juntos para a escola lado a lado, mas não trocamos uma palavra entre nós. Gustavo até tentou inventar um assunto para que nós quatro interagíssemos, mas foi em vão. Como o colégio era perto chegamos em uns 20 minutos e eu adorei o local. Era muito melhor do que o meu colégio anterior, maior, mais bonito e os professores pareciam ser muito mais simpáticos, sei que era primeira impressão e que eu não acredito muito nela, mas sabia que esse ano seria completamente diferente de todos os outros. Algumas garotas “patricinhas” me encararam logo de cara e cochicharam, mas eu nem liguei, estava com meu namorado do lado e logo encontrei Júlia. Não fiquei surpreendida ao ver que as garotas que haviam me confrontado eram amigas de Marcelo e que logo fizeram amizade com Letícia.
- Bom dia Sophia. Estava tão ansiosa para o dia de hoje, estou doida para saber se seremos da mesma sala. Vai ser muito legal, estou muito nervosa, não faço à mínima ideia de como seja isso aqui, realmente é uma nova fase viu.
- Nem me fale, eu mal dormi a noite de tanta ansiedade e empolgação para o dia de hoje. Até escrevi alguns textos para passar o tempo durante a madrugada e quando percebi já havia amanhecido, vê se pode.
- Ah é mesmo, com tanta coisa até esqueci de te contar. A livraria está promovendo um super concurso de literatura e é claro que você tem que participar. O prêmio principal é o texto vencedor concorrer na Grande mostra anual de literatura da cidade e caso seja eleito ao vencedor ele será publicado no jornal mais lido da cidade e a pessoa ganhará um estágio em uma editora para aprender técnicas diversificadas para aprimorar os textos, e claro um bom prêmio em dinheiro.
- É realmente muito legal, mas pensando bem vai envolver muitas pessoas, muita coisa e eu não sei se estou preparada ainda, meu textos nem são tão bons assim.
- Pare de se menosprezar Sophia, essa fase já acabou. Não quero nem saber, seus textos são ótimos e você vai participar sim. Me parece que o tema é livre, mas não sei bem direito,amanhã saberei detalhes e te direi e olhe bem, não aceito um não como resposta.Você vai arrasar!
- Está certo amanhã a gente conversa sobre isso. Agora vamos olhar em que sala estamos.
Fomos em direção aos corredores correspondentes ás salas do ensino médio ver qual seria nosso destino. Reencontrei Gustavo a caminho dali felizmente sem Marcelo e Letícia e também nos encontramos com todos nossos amigos que estavam super animados.
- Fala Júlia, Sophia e Gustavo. Já sabem de que sala vão ser? Eu e Mari seremos mais uma vez da mesma sala. – Disse Bruno.
- É verdade gente. Não consigo me livrar desse garoto mesmo- Mari brincou para irritar Eduardo.
Espero sinceramente que esse ano os dois comecem a namorar, pois está na cara deles como são apaixonados um pelo outro.
- Sophia você é o comentário da escola. Todo mundo quer te conhecer e acharam seu estilo super legal. – Carol disse
- E eu Karina e André aproveitamos para falar com todo mundo que realmente você é super legal e estilosa e que vão adorar te conhecer. E a propósito suponho que você já escreveu algo novo e preciso muito ler – disse Lucas
- Desse jeito vocês vão me deixar sem graça, logo no primeiro dia de aula. E você adivinhou Lucas, eu escrevi coisas novas sim, mas não está terminado, quando acabar eu prometo que mostrarei para você.
- Você sempre fala isso Sophia, aposto que está ótimo e você vai mostrar não só para o Lucas para todo mundo aqui. E gente já adiantando a Sophia vai participar do concurso da livraria, vai ganhar e terá o texto publicado no melhor jornal da cidade.
- Ai Júlia eu ainda não concordei em nada disse apenas que iria pensar. Não coloque palavras na minha boca.
- É sério meu amor, você deve participar sim. Você é incrível e o mundo merece ler um pouco do que você escreve para se sentir melhor.
- Ai gente depois dessa sessão dramática vou voltar para a minha sala galera. Vejo vocês no intervalo- Disse o engraçadinho do Eduardo.
- E vamos descobrir a sala que estudaremos agora não é mesmo Júlia?
- Isso mesmo Sophia. Até o intervalo gente.
Me despedi de Gustavo e fui com Júlia verificar as salas e para nossa felicidade descobrimos que eu e ela seríamos da mesma sala e Mari da sala ao lado.Seria diversão na certa. Entramos na sala e aguardamos a primeira aula começar. Para minha alegria e decepção de todos os outros entediados e revoltados com o início das aulas o primeiro horário foi de literatura e a professora parecia ser muito animada. Depois de tantas dificuldades, estava tendo um tempo de tranqüilidade para me reerguer e adquirir forças. Estava muito feliz e realmente era o início de uma nova fase em minha vida.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012 0 comentários

Capítulo 27

É engraçado como as pessoas parecem mudar quando se trata de algo belo. Vemos casos desastrosos de morta na televisão em que as pessoas dizem: “Como puderam matar tal pessoa? Ela é tão bonita” O fato é que o mundo de hoje é superficial e isso vai tomando mais conta de nós a cada instante. Tentamos nos adequar as tendências para que dessa forma possamos nos sentir melhor. E quanto a minha transformação eu com certeza serei interpretada dessa forma ainda mais por Gustavo e Letícia. Letícia com todo seu veneno dirá que mudei para tentar me encaixar aos padrões e para tentar conquistar Marcelo. Eu pensei em todos os detalhes anteriormente e sabia que isso poderia sim acontecer, mas o que importa é que eu sei que fiz tudo isso para me sentir melhor, para me descobrir e posso sentir que estou bem e o resto e as pessoas não importam. Porque é assim que funciona, as pessoas sempre irão falar bem ou mal, não há uma maneira de se privar disso, não há como nunca ter o nome da boca de alguém, você não pode é se deixar privar de viver por causa das pessoas. Confesso que estava a dias atrás caminhando para essa fase mas ainda bem que ao invés de me entregar ao sofrimento e descontentamento resolvi me reinventar e bem interpretado ou não é assim que será.
Gustavo e eu estávamos ali no shopping sem ao certo saber o que dizer mas ao mesmo tempo sabíamos que havia muito a ser dito e esclarecido. Eu respondi ao seu elogio meio sem graça e estava um pouco decepcionada pelo seu atraso e por quase ter desistido de me encontrar. Mas lamentar por isso não era o melhor a ser feito agora, nós precisávamos mesmo era nos entender.
- Obrigada Gustavo, eu precisava mesmo disso. Ainda bem que você veio, não acho que fugir ou desistir seja a melhor opção. Não era você que não era implicante e completamente insistente? O que está acontecendo? Não acho que o que eu disse seja assim tão grave a ponto de você mudar de comportamento tão repentinamente.
- É eu sei Sophia. Por isso estava sem graça de te atender e vir falar com você, mas vi que fugir realmente não seria a melhor opção. Sou implicante e insistente não é mesmo? Me desculpa por aquele dia, acho que te interpretei mal mas é porque eu não queria ouvir coisas desacreditadas sobre meu respeito ainda mais de você. Eu meio que programo como será o dia na minha cabeça, mas esqueço que não tenho o controle das pessoas.
- É verdade, ninguém pode controlar ninguém. Nós mesmos não nos controlamos de fato, somos movidos pelas nossas angústias, alegrias, experiências de vida, expectativas e inseguranças e quando vemos já perdemos o controle total da vida. Me desculpa, mas acho que realmente aquele dia me expressei mal. Não quis dizer que não acreditava e que você usava o mesmo discurso com todas, mas sei lá acho que a confiança é algo que se conquista com o tempo e a dúvida as vezes toma conta de nós, principalmente de mim que questiono demais e falo o que penso na maioria das vezes.
- Mas isso não justifica me acusar assim. Mas não quero discutir sobre isso e preciso dizer que a maneira como você fala, que enxerga a vida me encanta. Da mesma forma vejo em seus olhos alguma coisa que não sei bem o que é e isso me instiga. Parece que você se priva do mundo em muita coisa, esconde muita coisa de que é e talvez seja até por isso que transcreva tudo no caderno. Como um mundo particular em que você pode ser você mesma. E falando em ser você mesma, vejo que você está de um visual diferente, mas que não faz muito seu estilo que conhecia. Porque essa mudança? Está querendo ser algo que não é?
- Não é bem assim Gustavo. Olhe ao seu redor as pessoas mudam o tempo todo. Uma atriz está com um corte de cabelo em um dia e no outro já mudou completamente para um novo papel. Eu senti que precisava mudar algo, me redescobrir me reinventar, mas claro sem perder o que eu sou. É que a vida já estava pesada demais, bastante complicada e levei isso como uma forma de renovar os meus ânimos.
- Devo admitir que esse visual lhe caiu muito bem. Não consigo parar de olhar para você. Acho que começamos errado desde o início. No dia da festa aquela minha insistência sem sentido para conversar com você, o dia que fui de surpresa em sua casa, o nosso primeiro beijo não esperado pelo menos não para você, o encontro em que tivemos na sua rua quando seu pai nos encontrou e eu o enfrentei, o dia da sorveteria em que fui embora sem dar explicação. Acho que é minha falha mesmo, queria que as coisas entre nós dois acontecessem rápido demais e não percebi que você tinha seu próprio tempo. Eu mal deixei você respirar e quando você tem algo a dizer eu não escuto e vou embora. Sophia eu quero muito ficar com você, quero estar contigo e enfrentar toda essa situação que você passa contigo. Sei que sua família é meio problemática, conviver com seus irmãos não é fácil e ter pais tão ausentes que não sabem nem ao menos como é sua letra não é agradável e acho que se eu fosse você no seu lugar não teria tanta garra e um jeito tão envolvente como o seu. Você ainda não me disse o que queria dizer e nem porque se priva tanto do mundo real. Não adianta negar estar dentro dos seus olhos e eu posso enxergar.
- Está bem, acho melhor te contar mesmo. Você não é a pessoa em que digamos gostei de cara. Para mim de início você era como Letícia e Marcelo. Pessoas que simplesmente nasceram para tornar da minha vida um pesadelo. Não sei o que foi acontecendo com o tempo, não sei se foi no dia do nosso primeiro beijo ou no dia que enfrentou o meu pai e me defendeu, ou qualquer outro dia, mas eu passei a sentir uma necessidade de te ter comigo, uma vontade de desabafar assim com você. Da mesma forma você bagunça meus pensamentos, é uma desordem emocional. Na mesma hora que penso mal de você já estou pensando bem e assim meus pensamentos vão se misturando. Alías, não é só com você, é com tudo ao meu redor e agora mais do que nunca. Não sei se é porque moro aqui há pouco tempo, mas comecei a pensar que minha vida é um verdadeiro nada. Luís e Letícia sempre tiveram e terão histórias para contar. Mas e eu? Eu não passo da ovelha negra da família, sem qualquer talento, desajustada do mundo que tem apenas um simples caderno de anotações que de repente trouxe tanta confusão e descrença nas palavras que eu digo. As palavras que eu escrevo se debatem com as que eu falo e no meio dessa confusão é como se eu mesma perdesse minhas palavras.
- Eu sei como você se sente Sophia. Mas não deixe isso te atingir assim, se privar de tudo e viver nessa eterna atmosfera de confusão que eu vejo que você vive. Você é mais do que isso tudo e eu já disse para você parar de se menosprezar. O seu caderno só traz tantos problemas para você porque é incrível, o modo como você usa as palavras comove qualquer um, até a mente mais perturbada como a Marcelo. Se eles não acreditam em você ainda é porque não adquiriram uma certa maturidade ou estão perdido dentro deles mesmos. Mas indiferente de tudo Sophia eu quero que saiba que eu me importo com você e que estarei contigo para o que der e vier, te escutarei e tentarei de entender até quando isso não é possível pois admita as vezes nem você consegue ao mesmo se entender. Mas já que estamos aqui e agora juntos conversando, dizendo tantas coisas, é o momento para que reiniciamos nossa história e nos esquecemos do resto das pessoas pois elas não tem nada haver com a nossa vida. Você mesma disse que fez essa transformação para se reinventar, para buscar algo novo então vamos começar algo novo agora. Quer namorar comigo?
É estranho, mas as palavras de Gustavo me acalmam, me deixam sem reação. Elas rebatem com as minhas e nessas horas eu me esqueço dos dias, cobranças, esqueço tudo que penso. Quanto mais o tempo passa e quanto mais conheço Gustavo vejo que minha primeira impressão dele foi errada e que devemos sim ficar juntos. Quanto ao resto das pessoas, meus pais, Letícia, Luís e quem mais que seja, eles não tem nada haver com isso e se precisar mesmo pensar neles que seja depois, não agora, pois naquele momento eu finalmente tinha entendido o que eu tinha que fazer. Respondi a Gustavo:
- Aceito namorar com você e no futuro a gente pensa depois!
Eu e Gustavo nos beijamos e aquele momento, ou melhor, aquele dia foi inesquecível. Uma nova fase havia começado. 




segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 1 comentários

Capítulo 26

Não podia descrever ao certo o que eu estava sentindo naquele momento. Era uma mistura de angústia, ansiedade, felicidade, insegurança. Aquela transformação era o que eu mais queria naquele momento, com certeza me faria bem. Eu já havia pensado muito a respeito disso, escutado os conselhos de Júlia e prometi para mim mesma que não perderia minha verdadeira eu no meio disso tudo mas confesso que estava com um pouco de medo disso tudo afinal isso tudo era muito novo para mim.Eu sei que é bobagem,as pessoas mudam o tempo todo,atores e atrizes então nem se fale.O problema é que pode até parecer bobo mas para mim é mais complicado por causa de todos os fatos que haviam acontecendo e pelas minhas próprias convicções anteriores.Acho que me sentia que nem a Júlia se sentiu tempos atrás.Fico muito contente em saber que ela foi ajudada e conseguiu se salvar dela mesma e hoje está aí cheia de alegria e disposta a ajudar a todos e a fazer o bem.Não sei o que eu faria se não tivesse uma amiga tão leal como Júlia do meu lado. Estávamos decidindo ali em como seria de fato essa transformação mas eu não conseguia parar de pensar em Gustavo e Marcelo.Os dois são tão diferentes mas também tão iguais ao mesmo tempo e estão envolvidos nesse círculo maluco que entrei graças ao caderno e Letícia da mesma intensidade.Mesmo magoada com Marcelo por ele preferir enxergar a verdade “mais bonita” aos seus olhos eu estava preocupada com ele,afinal a situação que ele vivera não foi fácil.Minha família não é unida,meus pais não dão a mínima para mim mas pensando bem a situação de Marcelo foi pior pois ele sabia que podia contar com a família que viu desmoronar como em um piscar de olhos e teve que perder o tio que mais o apoiava.Eu sempre digo que isso não é motivo para tanta obscuridade da parte dele mas mesmo assim consigo compreender.Cada um expressa e lida com suas mágoas de uma forma muitas vezes da forma mais complicada que machuca muito mais. Mesmo com tudo isso gostaria de ajudá-lo de certa forma, pois caso ele ficasse mais “sociável” até Dona Clara ficaria mais feliz ao ver o neto recuperado. Fiquei tão pensativa nesse assunto que nem prestei atenção ao que a Júlia estava conversando com a cabeleleira do salão de beleza que havíamos escolhido. Acho que só teria minha mente limpa novamente depois que descobrisse um meio de ajudar Marcelo ao menos de forma anônima e conversasse direito com Gustavo. Estava muito ansiosa para saber se ele me encontraria mais tarde mesmo depois de tudo. Ele não me respondeu, aliás, não retornou nem uma de minhas ligações desesperadas que havia feito enquanto pensava nisso. Quem diria que aquele garoto intrometido que eu vivia ignorando me faria chegar no ponto de ligar desesperadamente e bagunçar meus pensamentos assim? Mas não era a hora de pensar nisso, meu cérebro poderia me obedecer ao menos nesse momento tão importante para mim. Júlia me deu um toque e me chamou para a realidade e me mostrou alguns estilos que ela pensava que combinaria comigo. A mudança escolhida era bem sutil até para que eu não me assustasse e acostumasse ao novo. A proposta era um cabelo um pouco mais curto com um corte mais moderno, cor de mel com luzes e ondulado nas pontas. A maquiagem era marcante, mas ao mesmo tempo não chamava tanta atenção. Quando tudo começou senti uma vontade de desistir, mas uma coisa que sei da vida é que devemos sempre olhar para frente e nunca para trás e a pior coisa que se pode fazer na vida é desistir sem tentar. Quando terminei o cabelo junto à maquiagem mal podia acreditar. Era como se não fosse eu mesma. Ainda dava para me reconhecer, mas senti uma leveza em mim, era como se minha vida fosse recomeçar e agora eu pudesse fazer novas escolhas talvez mais certas ou caso fossem erradas eu poderia aprender com meus erros até resolver mudar de novo como todas as pessoas fazem. Até Júlia que antes estava contra a minha mudança aprovou o resultado. Eu acho que ela estava com medo de eu escolher um estilo mais agressivo como ela já havia feito uma vez, mas depois Júlia mesmo percebeu que minha mudança nada mais foi do que um tapa no meu visual que por sinal eu precisava faz tempo. Depois do salão de beleza compramos umas roupas novas, as que eu sempre tive vontade de usar, mas nunca tive coragem de comprar, pois pensava que para mim não funcionaria apenas para Letícia. Muitas vezes quando via uma roupa na vitrine nem tinha coragem de experimentá-la, pois para mim só em Letícia ficaria bacana, pois da última vez que tive a tal coragem experimentei a mesma roupa que minha irmã. Em mim não ficou nada bom ao contrário dela que recebeu elogios até dos atendentes da loja. Mas aquela parte de mim havia ficado para trás, pois eu aceitei a me aceitar e aquela era a Sophia que eu era junto com a que eu sempre quis ser. As horas passaram muito rápido e cinco horas chegaram.Era a hora em que eu descobriria se Gustavo me encontraria e estaria disposto a me ouvir.Me despedi de Júlia e marquei de encontrá-la no dia seguinte.Daria a desculpa que teria que comprar alguns matérias escolares que havia esquecido para dar uma passada na livraria e contar como foi o encontro com Gustavo ou a falta dele. Passaram às cinco horas, cinco e dez, cinco e quinze e nada de Gustavo. Pensei em ligar mais uma vez, mas aí já seria desespero demais. Eu estava tão feliz com minha meta cumprida que não queria me chatear agora.Talvez seria mesmo melhor que não nos encontrássemos.Eu não estava gostando do garoto que eu sempre ignorava,eu só pensava isso antes porque estava em conflito comigo mesma e em um momento de fraqueza. Como poderia gostar de um garoto irritante, abusado que me beija a força e não era ao menos capaz de me entender e que me abandona quando digo algo que não agrada? Isso só prova que o que ele diz sobre os sentimentos por mim não é a verdade. Mas a quem eu estava querendo enganar, já estava indo embora com essa ideia na cabeça quando vejo Gustavo vindo em minha direção. Ele parecia estar paralisado ao me ver. Ele chegou perto de mim e aquela ideia de que eu não poderia gostar dele desapareceu. Ele era tudo isso, mas acima de tudo tinha muitas qualidades que me agradavam e uma delas era me defender e enfrentar meu pai como fez no dia da confusão. Quanto mais tentava entender meus sentimentos por ele mais eu me confundia, mas era inevitável sentir a alegria quando eu o encontrava. Gustavo chegou bem perto de mim e ficamos nos olhando paralisados. Ao me ver ele pareceu ter esquecido de tudo ou pelo menos ele decidiu parar com o drama ridículo do dia em que me na sorveteria .Quando finalmente conseguiu dizer algo apenas disse:
- Sophia, você está linda, mais do que já era. Eu quase desisti de vir e até pensei que você já havia ido embora. Estava com vergonha de você por causa do meu comportamento. Me desculpa por minha infantilidade mas acho que agora podemos conversar e recomeçar de uma forma bem melhor do que a anterior.
Eu não sabia o que dizer, mas estava contente porque agora sim conversaríamos o que tinha que ser dito e talvez ter esperado tanto até seria melhor pois depois dessa mudança que eu sofri podia dizer que estava sentindo bem comigo mesma de verdade e agora poderia expressar e dizer tudo o que precisava a Gustavo. Sobre a minha tranformação e se ela foi mesmo uma coisa positiva em minha vida só o tempo poderia me responder, mas estava feliz em ter tomado essa decisão. 

domingo, 5 de fevereiro de 2012 1 comentários

Capítulo 25

O dia foi bem complicado. Nunca imaginaria nada do que teria acontecido com Marcelo no passado. Sei bem como é se sentir sozinha no mundo, sem que ninguém possa ajudar. Deve ter sido muito difícil para ele conviver com a separação dos pais, perder o tio que o apoiava, tudo repentinamente e ainda por cima conviver com uma culpa que a cabeça confusa dele criou. Acho aceitável essa mudança de comportamento dele, de querer ficar sozinho e tudo o mais porque ás vezes todo mundo precisa de um pouco disso, se reinventar, se redescobrir, mas isso não justificava toda aquela revolta ainda mais comigo. Ele mal me conhecia e já me tratava mal assim como fazia com as outras pessoas e até com o melhor amigo. Tudo bem ele se sentir perturbado e revoltado por não entender porque aquela confusão acontecia justamente com ele, mas descontar em mim e ao redor já era sério demais. Sempre me preocupei com as pessoas mais do que deveria e não importa o que elas fizeram comigo algum dia eu sempre me acho no dever de ajudar porque sei bem como é se sentir confusa e um pouco infeliz em alguns momentos que parece que nada vai dar certo na vida. Gostaria de ajudar um pouco Marcelo a superar isso, talvez como Clara havia me falado, é por isso que ela possui tanta confiança em que eu e o neto dela iríamos um dia combinar,afinal ela me disse que me pareço com ela. Combinar com Marcelo não era bem a palavra certa a usar, até porque se eu não tinha a menor vontade de que isso acontecesse, o garoto conseguiu dificultar mais essa aproximação no almoço de domingo me acusando de mentirosa e se forçando a acreditar nas mentiras de Letícia mesmo sabendo que era irracional. Talvez seja até um erro de minha parte, mas me sentia na necessidade de ajudar Marcelo porque devo muito a sua avó que sempre me apoiou e me ajudou desde que cheguei nessa cidade. Não iria ser invasiva e nem sabia ao certo como fazer isso só sabia que não era justo por pior que ele fosse ter que conviver com aquela história sozinho, se fechando para o mundo.
Minha preocupação não era só com Marcelo. Também tinha o Gustavo. Ele saiu tão perturbado da sorveteria como se eu tivesse cometido um erro grave quando na verdade só estava tentando dizer o que eu pensava, desabafar com ele, pois me sentia preparada para contar algumas coisas a ele quando fui mal interpretada. O pior era que ele não atendia minhas ligações e sabe se lá o que ele teria feito depois daquela hora. A noite havia chegado e meus pais, Luís e Letícia já haviam voltado para casa e o clima como sempre estava insuportável. Estava feliz que as aulas voltariam na próxima semana. Eu poderia sentir ia ser bom para mim, já conhecia Júlia, Mari, Eduardo, Lucas e toda a galera com que me indentifiquei muito e que de certa forma me fazia esquecer todos aqueles problemas e me divertir sempre. Com as aulas voltando não ficaria tanto tempo dentro de casa aturando principalmente minha irmã e talvez nem lembrasse tanto de tudo. O único problema é que Marcelo e Letícia também estudariam lá e mesmo que em salas diferente querendo ou não os veria no intervalo. Não estava ligando para isso, tinha meus amigos e como Júlia me diz devo ignorar os comentários e piadinhas dos dois como eu sempre fiz.
No dia seguinte como havia combinado com Júlia era um dia em que ocorreria minha pequena transformação. E mais do que nunca eu sabia que era preciso. Durante toda aquela noite pensei em Gustavo e no que ele me disse, em quando ele foi embora chateado pela forma que me expressei. Não deveria pensar tanto assim nele, mas era inevitável. Eu não sabia o que estava acontecendo, só sabia que era algo novo. Precisava muito resolver as coisas com ele, conversar direito e não daquela forma como aconteceu. Amanheceu e a primeira coisa que eu fiz foi ligar para Gustavo que não me atendeu, resolvi então mandar uma mensagem dizendo que sentia muito pela forma como me expressei e por a gente nunca conseguir conversar direito. Disse que se ele ainda quisesse falar comigo era só me retornar a mensagem ou me encontrar às 5 da tarde no shopping. Ás 5 horas tudo estaria igual, mas ao mesmo tempo diferente. Nessa hora eu já estaria “diferente” e se Gustavo resolvesse me encontrar ele seria o primeiro a ver meu novo visual e notar a mudança que aconteceria não só fisicamente, mas também em meu interior. Estava feliz em que o momento havia chegado, tinha pensando bem no alerta que Júlia havia feito e estava mesmo decidida que era isso mesmo que eu queria e que sabia das conseqüências caso exagerasse demais. Me encontrei com ela no horário combinado,aproveitei e contei o que houvera acontecido no dia anterior.
- Olá Sophia. Bom te ver, estou meio preocupada com você. Acho que não deve fazer isso, ainda há tempo para desistir. Pense comigo as pessoas tem que gostar de você pelo que é e você não deve forçar isso. Você sabe o que aconteceu comigo e que infelizmente pode acontecer com você também. Acho que deve repensar e ver que você é incrível da forma que é e não precisa de nada disso.
- Eu pensei muito nisso a noite inteira Júlia. Aliás, depois de ontem acho que é mesmo necessário. Me encontrei com Gustavo como havia te dito mas infelizmente nossa conversa foi mal sucedida.Eu deixei a insegurança e a desconfiança que tenho nesse tipo de sentimento me invadir e acabei deixando transparecer para Gustavo que não acreditava nele e que eu era apenas mais uma em que ele estava dizendo a mesma coisa.Sei que ainda mais nos dias de hoje isso é o que mais acontece mas posso sentir que com ele é diferente e mesmo assim acabei me equivocando e dizendo o que não devia.Como resultado ele foi embora alterado e nem responde minhas mensagens.Mandei uma mensagem dizendo para ele me encontrar ás 5 horas no shopping caso ele quisesse conversar novamente comigo mas não sei se ele irá, para dizer a verdade é muito provável em que ele não vá. Depois disso conversei com Dona Clara e desabafei tudo o que sentia e acabei descobrindo algo a mais da história de Marcelo a qual prometi que não iria contar para ninguém e por isso não te conto. Só posso dizer que é algo muito relevante e talvez seja até aceitável parte daquele comportamento estranho do garoto e sei lá, mas estou com vontade de ajudá-lo.
- Nossa Sophia, quanta coisa acontece em sua vida. Sério, você deveria vender sua história para uma série, com certeza faria bastante sucesso e de quebra você ganharia bastante dinheiro. Mas brincadeiras a parte acho que você deve deixar Marcelo para lá. Ele é problemático, sempre foi e qualquer coisa que seja acho que você não deve se intrometer. Sei que gosta de ajudar até mesmo quem te chateia, mas penso que se você tentar ajudá-lo mesmo pode acabar se machucando e arrependendo. Você já tem problemas demais com sua família, agora com Gustavo para querer criar mais um não acha? Pensa no que eu te falei com calma e depois me diga como irá proceder. Agora vamos para a sua transformação, já que você insiste eu não posso te obrigar a não querer isso, afinal a vida é sua. Pensei em algumas ideias, mudanças leves, mas, no entanto significativas e acho que você irá gostar.
- Sei que você vai discordar disso também, mas até por consideração á Clara eu preciso ajudar Marcelo nem que seja de longe e ele nem fique sabendo, ou melhor, se ele não descobrir é até melhor. Não sei como farei isso, mas sei que vou descobrir e agora não é o momento para pensar nisso. Vamos ao que interessa ao que eu mais quero nesse instante, o que eu preciso arriscar. Vamos á transformação!

 
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