segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Capítulo 11

Infelizmente aquele momento não era um pesadelo. O beijo não fazia parte de algo assim, era real e aconteceu de forma totalmente inesperada. Nunca poderia imaginar que ele aconteceria ali ainda mais com o Gustavo. Eu me sentia fora de mim, não estava conseguindo raciocinar, minha expressão facial havia congelado e não sabia bem se era pelo beijo inesperado ou por estar sentindo aquele turbilhão de sensações desconhecidas e uma alegria que há muito tempo não sentia.
- Você não faz ideia do quanto esperei por esse momento Sophia. Disse Gustavo num tom muito carinhoso olhando dentro dos meus olhos.
-Você não podia ter feito isso comigo. Só consegui dizer isso e saí correndo daquele lugar.
Não sabia bem o que estava fazendo e me sentia muito confusa para ficar ali. Precisava sair um pouco pelo bairro para clarear um pouco meus pensamentos. Passei pela sala onde estava Letícia e Marcelo correndo e para minha sorte eles nem notaram minha rápida presença por ali, pois estavam trocando carinhos e dizendo palavras melosas uns para o outro que foi uma cena que nunca pensei ver. Marcelo agindo daquela forma e minha irmã tão delicada só podia ser irreal, mas não estava bem para pensar sobre isso. Me senti uma idiota fugindo como fiz mas não podia ficar ali.O Gustavo não podia estar falando sério comigo.Ele não passa de um perturbado e aposto que tenta conquistar todas as garotas por onde passa e já deve ter falado o que disse para mim para muitas mas o pior é que eu senti uma segurança ao ouvir ele falando comigo que demonstrava sinceridade.Quase fui atropelada ao atravessar a rua de tão confusa e fora de mim que estava.Mas por sorte consegui desviar do carro que não estava em alta velocidade.Resolvi ir até a Dona Clara para conversar um pouco e aliviar a angústia que estava sentindo.Ela sempre conseguia me acalmar e me fazia esquecer dos problemas.Chegando lá Clara percebeu o meu estado e já quis saber o que aconteceu para eu ficar assim.Contei toda a história,a confusão que estava sentindo,o que eu pensava de Gustavo.Não escondia nada dela,era ela uma amiga muito leal para mim e com a vantagem de ser mais velha e já ter vivido muitas experiências diferentes.Clara me disse que é natural o que eu senti e que o nervosismo com o tempo passaria desde que eu não perdesse a oportunidade e deixasse o momento de hoje passar.Clara praticamente me obrigou a voltar em casa e conversar com Gustavo.Ela disse que ele é um bom rapaz e que realmente pode ser um pouco intimidador e um pouco chantagista para consegui o que quer mas que não fazia isso por maldade e que pelo que ela a conhece ele deveria estar mesmo interessado em mim.Ela confessou que não queria que isso houvesse acontecido porque ela ainda continua com a intuição de que eu e Marcelo devêssemos ficar juntos e que isso faria bem tanto para mim quanto para ele mas que não poderia nos forçar a isso e que já que havia acontecido algo entre e mim e Gustavo eu deveria tentar e parar de fugir pois não seria a solução.
Já estava mais calma, isso acontece sempre que falo com Clara que me passa a coragem necessária sempre que preciso. No caminho fiquei ensaiando o que dizer para Gustavo só que quando cheguei lá Letícia me disse que ele havia saído sem ao menos se despedir e que Marcelo teria indo embora também, pois sua mãe e ele tinham um compromisso mais tarde e, além disso, ele tentaria conversar com o amigo para descobrir o que havia acontecido. Mas minha irmã não era ingênua e sabia que teria relação comigo e também sabia que Gustavo era interessado em mim. Pela primeira vez em semanas Letícia resolveu voltar ao que era comigo e resolveu me atingir.
- Muito me admiro o que você fez. Será que até quando você vai agir assim se escondendo do mundo? Você não está podendo escolher e deveria agradecer por Gustavo estar demonstrado interesse, pois ele poderia achar muitas outras garotas por aí que o tratasse melhor e até mais interessante e você sabe disso.
- Então que ele encontre essas garotas. E ao contrário de você não compito com as outras pessoas sobre ser mais interessante e trato as pessoas da forma que elas merecem e Gustavo mereceu o jeito que o tratei.
Nessa hora estava muito nervosa e não agüentaria essas implicâncias. De fato talvez pudesse ter agido um pouco mal com ele, mas não estava completamente errada. Ele meio que me pressionava por mensagens e vir até aqui sem ao menos me avisar como uma surpresa não foi agradável.
É incrível como quando o dia está ruim ele pode ficar pior. No caminho para o meu quarto, próximo ao quarto de Letícia encontrei entre a cesta de revistas que minha mãe havia deixado ali no corredor para separar quais ainda seriam úteis um pedaço de papel bem amassado jogado entre essas revistas. Reconheci de cara, era uma folha do meu caderno desaparecido. Peguei a folha e constatei que aquele papel continha parte de um desabafo que havia feito tempos atrás. Procurei entre as revistas para ver se havia mais alguma folha, mas foi em vão. Não consegui conter as lágrimas, já estava confusa e abalada o suficiente e ver um pedaço do meu caderno jogado assim foi como literalmente arrancar uma parte de mim. Será que o resto estava em bom estado ou Letícia já teria o jogado por aí em vários fragmentos? Sim, para mim já não havia mais dúvidas de que era ela a culpada por tudo e pelo jeito que me tratou lá em baixo talvez não precisasse mais fingir com Marcelo e nem das informações do meu caderno, pois já deveria ter memorizado as partes importantes. Ela poderia até estar se desinteressando de Marcelo, mas me lembrei que antes de “fugir” para a casa de Dona Clara ela estava em um momento bem romântico com ele na sala. Estava a ponto de enlouquecer. Me tranquei no meu quarto e chorei o máximo que consegui.Por que minha vida tinha que ser tão complicada? Ainda um pouco soluçando peguei o caderno novo e escrevi sobre como encontrei o trecho do antigo caderno e como poderia agir agora, sobre Gustavo e também escrevi sobre um jeito novo meu que não conhecia e estava descobrindo cada vez mais. Peguei meu celular, mas ao contrário de antes não havia nenhuma mensagem de Gustavo me irritando ou até mesmo me xingando por hoje. E essa indiferença da parte dele me fez ficar mal porque na verdade não era indiferença dele, quem agiu assim hoje a tarde não foi ele. Fui eu que saí correndo após o beijo e ele dizer que esperou por esse momento. Fui eu que disse que ele não deveria ter feito isso. O que será que ele havia pensado sobre isso tudo? Queria muito conversar com ele como Clara disse, eu não queria deixar o momento passar, mas não tive coragem suficiente para isso. Na próxima tarde eu iria ao shopping com Júlia e talvez o bom humor dela me ajudasse a me sentir melhor e quem sabe ela não me daria um bom conselho sobre como agir agora. Decidi esperar o dia seguinte para resolver tudo. Conversaria com Letícia friamente sobre o meu caderno e procuraria Gustavo para esclarecer esse desentendido. Talvez após conversarmos chegássemos à conclusão de que aquilo foi um erro e assim passaríamos uma borracha naquele momento e naquele beijo. Para mim seria a solução mais aceitável e que com certeza seria menos dolorosa para nós no futuro.
         

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
;