sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Capítulo 15

Eu e Gustavo ficamos ali envolvidos e esquecemos completamente do tempo. Só lembramos da hora quando fomos surpreendidos por Letícia,Luís,meu pai,minha mãe e Marcelo enfim todas as pessoas que não deveriam ter visto aquele momento.
Marcelo que estava indo para minha casa ver minha irmã viu Gustavo e eu nos beijando e foi logo dar o de fofoqueiro da noite e contar para Letícia. Dessa vez nem pude o culpar muito, pois ela já havia feito o seu teatro dizendo que eu havia partido para agressão “sem mais nem menos” e que não poderia sair de casa até conversar com meu pai, mas mesmo assim desrespeitei o combinado.
- O que está acontecendo aqui? Disse meu pai tão furioso como nunca havia visto antes
- Quer dizer então Sophia que você não respeita mais a própria autoridade do pai e mesmo sabendo que estava proibida de sair resolve ir mesmo assim para se encontrar as escondidas com esse moleque? Disse minha mãe com a mesma fúria que meu pai.
Não sabia o que fazer, a situação havia saído totalmente do meu controle. Tinha ficado pior do que eu imaginei que estaria quando chegasse em casa. Todos tinham que chegar exatamente na hora que eu e Gustavo estávamos nos beijando. Como da primeira vez fiquei fora de mim, não sabia explicar o que eu sentia, a única coisa que tinha certeza naquele momento é que estava mesmo disposta a contar a verdade sobre o caderno para Marcelo mesmo ele sendo um dos responsáveis pelo problema que acabara de ser criado.
- Olha como falam de mim! Por acaso não sou nenhum moleque não, o senhor não tem o direito de falar dessa forma comigo. Estou com sua filha porque estou completamente apaixonado por ela!
- Como assim? Foi o que eu gritei ao mesmo tempo com Marcelo e Letícia bem desesperada e bastante alto quando escutei isso. Não acreditei que Gustavo estava mesmo desafiando meu pai e o pior de tudo tinha acabado de dizer que estava completamente apaixonado por mim. Na minha cabeça não era para acontecer assim. Eu me encontraria com ele, diria que nosso beijo foi um erro e para esquecermos aquele dia, mas tinha feito exatamente o contrário me deixando levar por uma sensação estranha e o beijando novamente mesmo sabendo que não era o certo e que ainda por cima estava encrencada lá em casa. Meu pai quase atacou Gustavo quando ele disse isso, mas por sorte minha mãe o segurou, realmente o Sr, Afonso consegue ser bem irracional algumas vezes. A verdade é que ele estava certo, deve ser mesmo um choque encontrar a filha mais nova que estava de castigo proibida de sair de casa beijando um garoto no meio da rua sem parecer se preocupar com nada que tinha acontecido. Meu pai começou a gritar com Gustavo e comigo no meio da rua, minha mãe começou a gritar com meu pai para parar de gritar assim e resolver isso em casa, minha irmã estava gritando para chamar a atenção e Marcelo estava gritando com ela para que ela parasse de fazer escândalo. Resumindo todos gritavam e a vizinhança inteira que parecia não ter o que fazer estava chegando para ver a tal briga familiar digna de programas de televisão que falam sobre essas intrigas e que por sinal sempre terminam em barraco. Por sorte Dona Clara apareceu para salvar o nome da nossa família naquela rua. Ela conseguiu convencer o meu pai a discutir seja lá o que fosse dentro de casa, pois a rua não era lugar para aquela confusão. No fundo estava achando aquilo ali bem engraçado, acho que estava com tanto medo do dia seguinte e o que iria acontecer comigo que comecei a rir para não chorar da situação. Aliás, não sabia bem como seria o próximo dia, mas sabia que ia ter que dar um jeito de falar com Júlia para que ela me ajudasse com a ideia de contar sobre o caderno e as mentiras de Letícia para Marcelo.
Sentamos todos na sala e meu pai que agora já estava mais calmo (não estava gritando e parecia querer ouvir meu lado da história mesmo que não iria acreditar) começou  a perguntar para mim e Gustavo a quanto tempo estavam juntos ao mesmo tempo que me xingava dizendo que eu só trazia transtornos e decepção, que era péssima aluna, pegava recuperação e elogiando meus irmãos como sempre fazia. Por sorte Gustavo parecia estar mais consciente de que não poderia continuar enfrentando meu pai e começou a dizer a “verdade” ou alguma coisa que aliviasse aquela confusão para nós.
- Bom Sr Afonso primeiramente quero lhe pedir desculpas pelo meu mau comportamento de antes e queria dizer que minha intenção com sua filha são as melhores. Conheci Sophia em uma festa que a agência de minha prima e de Letícia promoveram e desde então comecei a gostar dela. Estava voltando da casa de Marcelo quando a vi voltando para casa e contra a vontade dela resolvi conversar sobre meus sentimentos e acabou acontecendo o beijo.
Gostei do jeito que ele falou e como não me culpou por aquele momento dizendo que era eu que havia insistido como fez. Isso fez com que eu ficasse mais confusa ainda sobre o que sentia por ele. Meu pai por sua vez disse que isso não justificava e que eu não poderia namorar se nem consigo ao menos tirar boas notas e escutar uma ordem para não sair de casa. Mesmo dizendo que eu era uma péssima filha fiquei feliz de meu pai dizer isso, pois realmente não tinha a intenção de começar a namorar Gustavo. Minha mãe disse que era melhor ele e Marcelo irem embora, pois agora a conversa seria familiar e que a respeito de mim e Gustavo eles teriam essa conversa em uma outra hora e meu pai disse a ele que em hipótese alguma ele poderia me procurar até segunda ordem. O garoto até concordou com meu pai, mas após o olhar que ele me lançou constatei que ele iria me procurar e que dissera aquilo só pra não piorar tudo. Eles foram embora e agora estava apenas eu, Letícia e meus pais naquela sala. Disseram a meu irmão que subisse para o seu quarto, pois aquela conversa era só nossa. Luís queria ficar e opinar (defender Letícia) e o melhor momento da noite foi meu pai se irritar com ele dizendo que ele estava se parecendo comigo desrespeitando ordens. Mesmo eu sendo o mau exemplo gostei de ouvir isso e o ver subindo com a maior raiva de mim e de tudo. Agora tudo estava sério e minha irmã já estava começando o teatro dizendo que foi agredida injustamente, mas resolvi acabar com aquilo tudo e contar a minha versão que era a verdadeira.
- Sei que não irão acreditar em mim. Afinal como posso competir com a irmã doce, inteligente, bonita e que tem um futuro brilhante pela frente não é mesmo? Mas vou dizer mesmo assim. Letícia e Luís nunca aceitaram o jeito que eu sou, a maneira que ajo porque penso bem diferente deles e meus próprios pais não reconhecem que não é sempre que eles estão certos. Mas enfim, sei que erro bastante e que posso ser exatamente o oposto que esperavam de mim, mas não posso permitir que minha irmã faça esse teatro e seja a boazinha da história. Desde pequena eu tenho caderno que escrevo tudo que penso, sinto, o que acontece de importante na minha vida já que ninguém me escuta por aqui e de repente ele é tirado de mim. Não tente me interromper Letícia porque eu continuarei dizendo. Eu sempre fui apegada ao caderno e de repente ele desaparece. Suspeitei desde inicio da minha irmã que na verdade o pegou para impressionar Marcelo que por algum motivo inexplicável leu o caderno, gostou e se apaixonou por ela. Minha irmã que sempre gosta de ser o centro das atenções se aproveitou disso e disse que o caderno era dela já que ele nem ao menos tinha nome para Marcelo e depois disso começou a me fazer perguntas sobre autores e literaturas dizendo que seria bom para sua carreira de modelo. Mas acontece que não sou tão burra quanto pensam que eu sou e eu logo percebi e resolvi investigar. Encontrei uma folha do meu caderno jogada na cesta de revistas perto do quarto de Letícia e então descobri que era ela a responsável pelo sumiço. Hoje de manhã disse a ela para contar a verdade e após resistir muito acabou assumindo que havia pegado mesmo e em seguida o devolveu em péssimo estado, todo rasgado e amassado. Ele não era novo, mas nunca o deixaria ficar daquela forma. Ver aquilo, toda ironia e frieza vindo por parte dela me fez perder totalmente os sentidos e então começou a briga que foi interrompida quando você chegou pai. E confesso que errei e saí de casa quando não deveria, peço desculpas, mas precisava muito esfriar minha cabeça, ter um momento de tranqüilidade disso tudo que está acontecendo. Pode ser que não acreditem em mim nem nada e que talvez nunca mais saia de casa sem companhia a não ser para ir para a escola, mas preciso falar isso e para completar preciso dizer que as coisas aqui precisam mudar e da minha parte vão porque cansei de viver as sombras dos meus irmãos e não ser reconhecida em nada que faço. 

2 comentários:

Unknown disse...

mais uma vez vc mostrando que tem dom com a palavra teeh!!! continue assim!! bjos

José María Souza Costa disse...

Primeiro venho agradecer, e informar da satisfação e do contentamento por ter deixado um comentário no meu blogue. Sem isso, aquele espaço perde a razão de existir. Depois, quero afirmar, que estou seguindo o seu blogue. e tenha um final de semana agradavel
Felicidades

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