sábado, 31 de março de 2012 0 comentários

Capítulo 31

O dia começou muito bem. Eu e Gustavo começamos a arrumar o blog e eu comecei a escrever o texto para o concurso. Fui á casa de Clara aproveitando a hora em que Marcelo estava na casa da mãe para conversar um pouco com ela. De certa forma ela me traz inspiração para escrever sobre Marcelo, talvez seja porque são avó e neto e essa proximidade me ajuda nos detalhes do texto. Estava tudo muito tranqüilo, muito dentro da normalidade. Letícia continuava esnobe, talvez até um pouco mais por estar popular na escola nova e Marcelo continuava indo para minha casa ficar com minha irmã e quase não trocávamos uma palavra. O único dia em que eu falei tudo que tinha vontade foi no primeiro de aula, mas depois disso nossa relação voltou a como era,vazia que era o normal. Mas para minha surpresa e com certeza mais ainda para Letícia chegaram vizinhos novos na casa que havia sido recém desocupada e uma nova garota do mesmo estilo arrogante da minha irmã, poderia se dizer até mais. E devido às personalidades parecidas pude notar em como a garota olhou para Marcelo e como desprezou Letícia pelo jeito de falar. Os pais e o irmão da garota parecem ser bem bacanas. Se chamam Alberto e Helena e os filhos se chamam Renata e Washington. Conversei um pouco com os novos moradores e não gostei muito de Renata que é convencida a melhor como minha irmã. Mas confesso que gostei das tiradas que ela deu em Letícia ao tentar contar vantagem em cima dela dizendo que namorava com Marcelo, era modelo e tudo o que se poderia pensar. A garota também é modelo e por sinal trabalhará na mesma agência de minha irmã e pelo que eu pude perceber é mais esperar e elabora planos de sabotagem melhor do que Letícia. Por um lado isso é bom desde que ela não resolva a implicar comigo como minha imã já faz, mas se isso acontecer não vou dar a mínima como venho fazendo com minha irmã e toda minha família que ainda continua agindo da mesma forma.Afinal eles não irão mudar,nada e nem ninguém muda de uma noite por dia,é preciso muito esforço e força de vontade para algo assim e talvez a mudança nem aconteça porque mudar é uma tendência difícil para nós ser humanos nos adaptarmos.Eu venho me esforçado para mudar de fato,mas não mudar o que sou e sim algumas atitudes que poderiam ser modificadas e melhoradas.Mas no caso de Letícia,Luís,minha mãe,meu pai,Marcelo e pelo jeito Renata essa transformação nunca iria acontecer e a melhor forma é aprender a conviver com essas diferenças do melhor jeito possível.

 O garoto era diferente, o oposto de Renata. Pelo pouco que pude perceber Washington parecia estar meio distante, pensativo e até um pouco triste. Essa tristeza ele não demonstrava, pois estava sorridente e tentando fazer com que nós ficássemos alegres. Dava para notar nos olhos dele que ele tinha muitas dúvidas e indecisões sobre algum assunto. Era um pouco calado de princípio, mas não parecia ser arrogante como Marcelo, pelo contrário parecia ser uma ótima pessoa em que talvez eu pudesse fazer amizade.
Me despedi dos novos vizinhos e fui para casa escrever mais uma parte do texto destinado a Marcelo.Ultimamente tudo ao meu redor tem servido como inspiração e a chegada das novas pessoas me fez pensar mais sobre mudança,o que significa isso e que poder mudar tem sobre nós.Porque eu acho que Marcelo precisa mudar os pensamentos que estão lhe assombrando e o deixando mal por mais que ele tenha medo de admitir isso ao mundo.Outra coisa importante a ser citada é o medo que nos impede de fazer tantas coisas em alguns momentos e conseqüentemente nos tira a própria felicidade.Lembrei do olhar indeciso e inseguro de Washington.Apesar do garoto parecer ser extrovertido,brincalhão e que faz amizade com facilidade,Washington parece guardar alguma mágoa do passado ou está passando por um momento difícil em que ele não está conseguindo aceitar de forma positiva para então enfrentar o problema.
Escrevi até pegar no sono. Quando percebi já estava na hora de ir para a escola. Os novos vizinhos também iriam estudar no colégio meu e de minha irmã. Letícia passou com o nariz empinado perto de Renata demonstrando que a presença dela era indiferente, mas eu sei que no fundo minha irmã estava preocupada com medo de perder o seu “reinado”, ainda mais que a garota nova tinha o jeito competitivo e aspirante a popularidade como ela e ainda era novidade na escola e sendo assim com certeza faria sucesso. Confesso que gostei dessa nova oponente para Letícia, a melhor forma de aprender a se tornar uma pessoa melhor ou com seus próprios erros é na escola na vida e eu tenho a esperança de que a Renata ultrapasse minha irmã para que ela perceba que levar a vida do jeito que ela leva não lhe trará alegria futura. Com a insegurança estampada no rosto minha irmã não desgrudou de Marcelo que estava frio como sempre e sem interesse algum de interagir com os nossos novos vizinhos. Mas Renata parecia estar decidida a provocar Letícia e tratou logo de puxar conversa com Marcelo que pela insistência da garota acabou se rendendo ao papo. Os três caminharam para escola a frente e mais atrás sobraram eu, Gustavo e Washington que parecia estar um pouco sem ambiente. Resolvi puxar assunto para conhecê-lo melhor e para que ele se sentisse mais ambientizado ali antes mesmo que chegássemos à escola. Ser novato já não é fácil, pior ainda quando se é novo na cidade e se entra na escola quando as aulas iniciaram.
- Oi Washington sei que conversamos pouco ontem. Não sei se lembra, mas me chamo Sophia e esse é o meu namorado Gustavo. Você deve estar meio sem graça por ser novo por aqui, mas não fique assim logo você se acostuma e vai ver como morar nesse bairro pode ser agradável.
- Olá!É eu estou um pouco sem graça mesmo, na verdade sou meio assim. Quando não conheço um lugar e pessoas novas tenho certa dificuldade em me entrosar, mas depois com o tempo vou perdendo a timidez e quando isso acontece falo até demais.
- Então você é como eu. No início fico meio preso, mas depois vou me soltando e falo tanto que até enjôo de ouvir a minha voz – Disse Gustavo
- É mentira dele! Eu disse para provocá-lo – Gustavo não é fechado quando não se conhece, posso dizer que ele é até desinibido e intrometido demais principalmente quando ele não conhece uma pessoa. Estou dizendo isso porque antes de começarmos a namorar ele vivia falante e me surpreendia com cada uma. É, realmente eu passava muita raiva com esse irritante de início. Eu sorri para meu namorado que já estava fazendo a cara fechada que ele faz quando eu o irrito e que por sinal eu adoro. Mas a história do nosso namoro é história para outro dia, se não você irá até se assustar com tudo, principalmente com a confusão com o caderno que é melhor deixar para um dia bem distante caso eu resolva te contar. Desculpe a minha intromissão, mas ontem eu pude notar que você estava um pouco distante, meio triste, aliás, hoje ainda está um pouco. É pelo fato de ter mudado recentemente ou porque deixou seus amigos, membros da família e até namorada por lá?
Washington entristeceu ainda mais e eu fiquei muito decepcionada por ter sido tão curiosa e enxerida. É a primeira vez que converso com ele direito e já estou querendo saber a respeito da sua vida pessoal. Não sei o que aconteceu, mas ver aquela expressão no rosto dele mexeu comigo e eu queria ajudar, apesar de que com certeza me precipitei. Gustavo tentou ajudar a consertar a situação mas não funcionou bem e para minha surpresa Washington respondeu a minha pergunta sem receios.
- Fico um pouco triste de falar sobre isso,mas acho que não devo ficar guardando só para mim.Fiquei chateado sim de ter deixado meus familiares e amigos por lá,mas por sinal acho que pode até ser bom pra mim conhecer novas pessoas,fazer novas amizades e quem sabe encontrar um amor.Eu ando me sentindo muito inseguro ultimamente,um pouco vazio,com dúvidas até sobre o que serei no futuro e encontrar alguém que eu goste para me ajudar a passar por esses momentos realmente seria muito bom apesar de que o meu último relacionamento,na verdade o único de fato sério não foi tão feliz assim.Me magoei um pouco mas é melhor deixar isso pra lá.
- É verdade,se não se sente a vontade de contar agora não conte,só não fique guardando isso para você.Desculpe até a minha intromissão no início mas é porque realmente o seu rosto estava estampando que havia algo errado.Gostei de conversar com você,te conhecer um pouco mais e acho que você irá gostar daqui,da escola e vou torcer para que você encontre alguém que te faça esquecer de todas essas mágoas que estão te deixando mal.
- Também gostei de conhecer você e acho que seremos muito amigos. Disse Gustavo para Washington.
Chegamos à escola e fui procurar meus amigos para então apresentar Washington à turma para que ele se sinta mais entrosado. Pelo jeito ele dará muito bem com todo o pessoal. 
domingo, 25 de março de 2012 0 comentários

Capítulo 30

Enfim decidi que participaria do concurso da livraria, pois o tema me chamou a atenção. A proposta era criar um texto que pudesse servir de exemplo para as pessoas e que ao mesmo tempo ajudasse a criar o mundo que vivemos um lugar melhor em que se pudesse conviver bem com as diferenças de cada pessoa. Tive a ideia de fazer um texto que ajudasse Marcelo, mesmo que ele não merecesse, sempre vinha na minha cabeça vinha a minha amizade com sua avó e que se algo ou alguém o fizesse sentir melhor logo ela ficaria mais feliz e tranqüila. No regulamento constava que a pessoa teria que criar um pseudônimo e que caso o nome verdadeiro de quem escreveu fosse revelado antes da divulgação da final do concurso essa pessoa seria classificada. Também gostei da parte da escolha do vencedor em revelar sua identidade ou manter seu pseudônimo. Júlia acha que eu devo revelar no final que eu sou a autora do texto e que ela tem certeza de que eu serei a vencedora. Não estou confiante assim, mas animada para escrever algo relacionado a Marcelo que ao mesmo tempo ajude também outras pessoas a se sentirem melhor. Terminei de personalizar os meus cadernos e comecei a escrever o rascunho do texto do concurso. Fui interrompida por minha irmã que estava tentando contar vantagem da sua popularidade e da sua nova campanha na agência. Mas eu não dou mais a mínima pra isso, logo as pessoas vão perceber o quão falsa ela é e vão a ignorar com o tempo.Já Marcelo que está preso no seu passado eu não sei quanto tempo vai querer acreditar na verdade que sua cabeça inventou de que minha irmã é o que ele pensa.Talvez ele fique com essa ideia para sempre,pois cada um tem seus próprios pensamentos e modo de ver a vida por mais estranho que seja.E a questão de ele preferir acreditar na verdade de que Letícia é mesmo a dona do caderno por causa de sua aparência ou outra coisa que ele se sente preso a ela já não me afeta mais e eu nem sei porque já me afetou algum dia.Começar a namorar com Gustavo me fez ver a vida de outro modo e agradeço muito de o ter conhecido pois caso esse encontro não tivesse acontecido talvez eu não estaria tão bem assim e entregado os fatos que minha vida não faz algum sentido e perdido todas as oportunidades que conquistei e que com certeza estão por vir.É difícil as vezes mas Gustavo do meu lado deixa tudo mais fácil.Só acho engraçado como ele consegue agüentar o melhor amigo, mas acho que não preciso entender bem até porque mesmo com tudo que Marcelo já fez para abaixar minha auto-estima eu continuo querendo ajudá-lo a sentir melhor pois ele e ninguém merece conviver com os dias tão cercado de culpa e frustração da maneira que ele vive. Antes eu pensava que esse meu modo de pensar era uma coisa ruim e que as pessoas me fariam de idiota, mas na verdade guardar rancor de alguém e não ajudar uma pessoa por causa de suas diferenças com ela não leva a lugar algum, pelo contrário você mesmo é afetado com isso. Nesse momento eu pensei que meu texto deveria continuar com essa ideia que acabava de ter. Anotei no rascunho para continuar depois, pois tinha algumas tarefas de casa para realizar. Uma outra coisa que eu acho que seria interessante colocar nesse texto é em como as pessoas ficam presas nelas mesmas por medo do que as pessoas vão pensar ou dizer delas.Confesso que eu já fui assim e em alguns momentos de fraqueza penso dessa forma,aliás quem não? Mas você precisa aprender que não é possível agradar a todos, da mesma forma que o que é bom para mim pode não ser para você. As pessoas criticam, te falam coisas ruins, tentam te jogar para baixo, mas cabe a você decidir se afetar ou não. Chega até a ser bem clichê, mas a verdade é essa e o maior desafio dessa tarefa é conseguir conviver bem com as críticas e até os elogios ao mesmo tempo. Na minha opinião Marcelo se apegou na ideia do que a mãe,a família e os outros pensam dele e não consegue mais ser quem é. Clara sempre disse que ele era um garoto mais fechado, mas que era uma pessoa mais fácil de conviver antes das tragédias que aconteceram na vida dele. Naquele dia eu percebi que eu não gostaria de ajudar apenas a Marcelo, mas também a todas outras pessoas que passam por dificuldades e se prendem a alguma coisa ruim ou inacabada. Falei com Gustavo sobre isso e ele gostou bastante da minha ideia e disse que seria legal eu escrever textos assim e publicar em algum lugar. Pensei em criar um blog para expor algumas ideias minhas, mas que a princípio apenas ele, Júlia e nosso grupo saberia da ideia. Meu namorado está me dando bastante apoio nessa ideia e até se arriscou a me ajudar na personalização do blog, só não começamos por agora porque já havíamos combinado de assistir um filme mais tarde. Era por isso que tinha que fazer as atividades e tarefas mais cedo. Caso eu gostasse mesmo e desse certo, eu pensaria na hipótese de divulgar para mais pessoas. Acho que antes com certeza eu não teria coragem de dividir essas coisas com ninguém, mas depois de tanta repercussão das férias minha ideia mudou bastante. Também depois de tudo como não mudaria? Estou achando até engraçado pensar em tudo agora...
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012 1 comentários

Capítulo 29

O primeiro dia de aula foi mesmo incrível, nunca poderia imaginar que seria tão agradável. Tirando a parte da aula de matemática no último horário correu tudo muito bem até o final, tirando a parte em que voltei para casa com Marcelo. Gustavo precisou encontrar com os pais no final da aula e Letícia para minha felicidade não voltaria junto comigo para casa, pois ela estava iniciando uma nova campanha com a agência. Sem ela para me atormentar ao menos na parte da tarde já era um alívio. ´
Fiquei um tempinho depois do término do horário conversando com meus amigos e creio que Marcelo fez isso também e como ninguém voltaria pelo mesmo caminho que a gente pelo menos nesse primeiro dia só restaram nós dois por uma ironia do destino. No início pensei em apertar o passo e ir sozinha mesmo, afinal nós dois não agüentamos ficar perto um do outro e eu não consigo engolir a história de que ele me acha uma mentirosa, ou melhor, sabe que no fundo minha irmã mente, mas prefere acreditar na realidade que melhor lhe convém, mas pensei melhor e resolvi ir ao lado dele para ver qual seria sua reação mesmo que ficássemos o caminho todo no silêncio profundo. Com certeza ele pensou em fazer a mesma coisa que eu, mas também deve ter ficado curioso em saber qual seria minha reação e como nos comportaríamos durante nosso regresso para casa. Nos encaramos rapidamente e nos próximos 5 minutos ficamos andando lado a lado calados. Não sei o que aconteceu comigo, mas quando percebi já havia conversado com o garoto e perguntado sobre o que ele tinha achado do primeiro dia de aula. Além de eu cometer a burrada de conversar com Marcelo eu precisava perguntar algo tão fútil, ridículo e banal como eu fiz. Cheguei a pensar que ele iria fingir não escutar, mas para minha surpresa ao invés de responder minha pergunta sem noção me fez uma outra pergunta.
- O que você fez para minha avó gostar tanto de você?
- Como assim? – Respondi meio surpresa
- O jeito que ela fala de você, como ela tenta me forçar a gostar de você, te conhecer melhor, o modo como ela diz que você é cheia de vida, a forma como ela te elogia, ás vezes penso que ela prefere você a mim. Então mesmo não tendo muita afinidade, preciso descobrir o que fez e já que achei uma oportunidade de te perguntar você poderia me responder – Marcelo disse com o mesmo tom frio que dirige a mim sempre.
Achei aquela pergunta um abuso. Na verdade ele estava querendo insinuar que eu fiz algo para que Clara gostasse de mim e estava meio que indignado porque pensava que ela preferia estar comigo do que com ele. Não tinha fundamento o que ele disse, até porque os sentimentos de alguém não funcionam como uma competição, algo que você tenha que medir, simplesmente existe. O carinho que ela sente por mim é diferente, ele é neto dele, mas no fim se trata do mesmo sentimento de querer o outro bem e isso definitivamente Marcelo não entende. Mas como estou acostumada com a dissimulação e o modo como ele me acusa resolvi mudar o jeito que lhe respondia. Se até hoje tentei expor a verdade, discutir, tentar mostrar a vida de outro jeito a partir de agora com toda essa transformação que sofri nos últimos tempos resolvi dar a ele a resposta que ele gostaria de ouvir, até um pouco irônica só para ver a sua reação.
- É Marcelo você tem razão. Eu a sabotei, menti, disse que gostava de coisas que eu odeio só para conquistar a amizade dela, afinal o mundo de hoje é superficial e falso. Disse o que ela gostaria de ouvir e agora olha só ela prefere conversar comigo. Acho que penso como você, a amizade e o sentimento das pessoas devem ser comprados e não conquistados, nós devemos acreditar na verdade que queremos não importa o quanto irreal seja. Não funciona tão bem com você?
- Pelo contrário funciona bem apenas com você. Olha o modo como minha avó gosta de você inexplicavelmente.
- Tem razão, é inexplicável mesmo. E acho mais inexplicável ainda você ter tanta convicção de como eu sou se de fato você nem me conhece realmente. Você apenas me vê, nos encaramos e às vezes trocamos poucas palavras que sempre nos levam a alguma discussão como agora. No mais você não sabe nada sobre mim. Posso dizer o que você quer ouvir, que compro a amizade da sua avó, pois essa é a verdade que quer escutar, mas não farei isso, mudei de ideia. Só quero te dizer que não tenho culpa dos seus problemas, aliás, ninguém tem e todo mundo tem algum e enfrenta como pode. Sei que algumas coisas são difíceis de lidar, mas as pessoas a sua volta não têm culpa de nada que já aconteceu com você. Então pare de julgar, para de me julgar sem me conhecer realmente e procura descobrir a verdade real dentro de você porque o que eu vejo aqui é um garoto assustado, que deixou a decepção e os traumas tomarem conta aos poucos do que é realmente.
- Do que você está falando, não sabe nada de mim para falar algo assim...
O interrompi dizendo
- Da mesma maneira que você não sabe nada de mim e desde o primeiro momento já ditou a impressão de mim da maneira que quis. Engraçado não é mesmo?
Nem escutei direito a resposta que ele me deu, acabei me empolgando e falando demais e quase deixo escapar o segredo que Dona Clara havia me pedido para guardar, mas de fato ele mereceu ouvir tudo aquilo para refletir e eu me senti aliviada de dizer.
Cheguei em casa e aproveitei meus momentos sozinha,dormi um pouco e comecei a fazer a capa dos meus cadernos que assim como o “caderno da confusão” também seriam personalizados. Mais tarde passei na livraria de Júlia para comprar alguns materiais e colocamos os assuntos em dia. É incrível como sempre arrumamos novos assuntos mesmo tendo nos visto há poucas horas atrás. Júlia continua com a ideia de que devo participar do concurso da livraria, mas ainda não estou totalmente convencida. Prefiro aguardar a escolha do tema e aí assim decidir se tomo coragem e me inscrevo ou não. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012 0 comentários

Capítulo 28

Mal da para acreditar em quanta coisa aconteceu nessas férias e desde o dia em que eu me encontrei com Júlia para mudar o visual e com Gustavo em seguida. Agora estamos namorando sério e por incrível que pareça mesmo com todas as provocações e descrença que sofro por Marcelo e Letícia está feliz. Minha irmã e ele continuam namorando e ele continua não acreditando que sou eu a dona do caderno. Nos encaramos sempre que nos vimos porém não falamos nada sobre o assunto, é algo que fingimos não existir,pelo menos é o que eu faço por enquanto.Aos poucos a amizade de Gustavo e Marcelo é retomada,claro que não com a mesma intensidade mas eles já conversam bastante novamente e acredito que em breve tudo voltará a ser como antes. Meu pai, minha mãe e meu irmão continuam da mesma maneira, agora mais ocupados do que nunca. Meu pai foi promovido novamente no escritório e agora trabalha tanto que acho que seria até apropriado criar uma hora extra no dia normal de 24 horas só para que ele tenha tempo de quem sabe resolver suas questões do trabalho. A faculdade de Luís está para começar e ele arrumou um estágio que tem tudo haver com essa área que pretende seguir graças a meu pai. Minha mãe está ficando cada vez mais conhecida na cidade e cada vez mais surge mais eventos para ela cobrir. Letícia está conseguindo novos clientes na sua agência e assim como cresce a procura por ela cresce junto à arrogância e a sensação de ser melhor que todo mundo que ela carrega. Quanto a meu namoro com Gustavo meu pai acabou concordando depois de tanta insistência do garoto e apesar de toda a cobrança que aumentou na minha vida após isso principalmente em relação ao novo ano escolar que se inicia é muito bom finalmente ter encontrado alguém como Gustavo. Quanto mais o conheço, mas percebo que temos muita coisa em comum, ao lado dele eu me sinto mais feliz, mais leve também. Outro dia até escrevi um texto referente a ele no caderno novo e ele acabou vendo e adorou, até se arriscou a escrever algo para mim que não deu muito certo, mas eu achei muito fofo. Finalmente os problemas na minha vida tiraram umas férias, pelo menos por enquanto. É claro que não consigo esquecer tudo que ocorreu antes e nem a história triste sobre Marcelo que Clara me contou e eu não sei bem como ajudar, mas de certa forma estou em uma fase que posso “respirar” de novo. O final das férias foi muito bom, toda galera que conheci no shopping com Júlia aprovou meu novo visual, saímos novamente e assistimos um filme de comédia e dessa vez levei Gustavo como meu namorado. Estou vivendo a cada dia que passa uma novidade, cada dia descubro algo em mim diferente, que talvez nunca havia notado,a cada instante me sinto mais viva. Estou totalmente adaptada nessa nova cidade e super feliz de ter vindo morar aqui. No início achei ruim, ainda tem alguns pontos negativos, mas vejo como essa mudança me fez bem, aliás, se não fosse por ela não teria conhecido Gustavo, Clara, Júlia e nem essas pessoas maravilhosas que conheci. Eu não teria conhecido Marcelo e assim não teria passado por tantas dificuldades, mas mesmo assim acho que foi bom ter o conhecido, pois graças a ele e toda a confusão gerada por meu caderno e ele eu me reinventei,me descobri,amadureci.
Amanhã as aulas voltam e estou ansiosa para conhecer minha nova escola, saber como é a sensação de estar no ensino médio. Quando era menor ficava imaginando como seria quando eu estivesse nessa época, como estaria a minha vida e jamais eu poderia pensar que minha vida estaria desse jeito. Estou torcendo para ser da classe de Júlia, da Mari, ou de alguns amigos que eu fiz nas férias, mas também estou preparando a minha mente caso eu não fique na mesma sala que eles. Pelo menos os verei no intervalo e terei a chance de conhecer pessoas novas na minha sala também. Caso isso aconteça torço para que o pessoal seja tão bacana como os amigos de Júlia, agora meus amigos são.
Fiquei tão ansiosa na madrugada que acabei tendo altas ideias de textos e poesias e claro acabei registrando esses esboços no novo caderno. Quando me dei por mim, já era hora de me arrumar para ir para a escola. Não durmi direito, mas também não estava com sono, estava era muito ansiosa para saber como seria o dia. A minha única infelicidade era que Letícia também estudaria no mesmo colégio que eu, mas como ela está se formando, só teria esse ano para agüentar estar no mesmo espaço que ela.
Gustavo tocou a campainha, combinamos de irmos juntos para a escola. O acompanhado estava Marcelo que também ficara de encontrar Letícia. Fomos todos juntos para a escola lado a lado, mas não trocamos uma palavra entre nós. Gustavo até tentou inventar um assunto para que nós quatro interagíssemos, mas foi em vão. Como o colégio era perto chegamos em uns 20 minutos e eu adorei o local. Era muito melhor do que o meu colégio anterior, maior, mais bonito e os professores pareciam ser muito mais simpáticos, sei que era primeira impressão e que eu não acredito muito nela, mas sabia que esse ano seria completamente diferente de todos os outros. Algumas garotas “patricinhas” me encararam logo de cara e cochicharam, mas eu nem liguei, estava com meu namorado do lado e logo encontrei Júlia. Não fiquei surpreendida ao ver que as garotas que haviam me confrontado eram amigas de Marcelo e que logo fizeram amizade com Letícia.
- Bom dia Sophia. Estava tão ansiosa para o dia de hoje, estou doida para saber se seremos da mesma sala. Vai ser muito legal, estou muito nervosa, não faço à mínima ideia de como seja isso aqui, realmente é uma nova fase viu.
- Nem me fale, eu mal dormi a noite de tanta ansiedade e empolgação para o dia de hoje. Até escrevi alguns textos para passar o tempo durante a madrugada e quando percebi já havia amanhecido, vê se pode.
- Ah é mesmo, com tanta coisa até esqueci de te contar. A livraria está promovendo um super concurso de literatura e é claro que você tem que participar. O prêmio principal é o texto vencedor concorrer na Grande mostra anual de literatura da cidade e caso seja eleito ao vencedor ele será publicado no jornal mais lido da cidade e a pessoa ganhará um estágio em uma editora para aprender técnicas diversificadas para aprimorar os textos, e claro um bom prêmio em dinheiro.
- É realmente muito legal, mas pensando bem vai envolver muitas pessoas, muita coisa e eu não sei se estou preparada ainda, meu textos nem são tão bons assim.
- Pare de se menosprezar Sophia, essa fase já acabou. Não quero nem saber, seus textos são ótimos e você vai participar sim. Me parece que o tema é livre, mas não sei bem direito,amanhã saberei detalhes e te direi e olhe bem, não aceito um não como resposta.Você vai arrasar!
- Está certo amanhã a gente conversa sobre isso. Agora vamos olhar em que sala estamos.
Fomos em direção aos corredores correspondentes ás salas do ensino médio ver qual seria nosso destino. Reencontrei Gustavo a caminho dali felizmente sem Marcelo e Letícia e também nos encontramos com todos nossos amigos que estavam super animados.
- Fala Júlia, Sophia e Gustavo. Já sabem de que sala vão ser? Eu e Mari seremos mais uma vez da mesma sala. – Disse Bruno.
- É verdade gente. Não consigo me livrar desse garoto mesmo- Mari brincou para irritar Eduardo.
Espero sinceramente que esse ano os dois comecem a namorar, pois está na cara deles como são apaixonados um pelo outro.
- Sophia você é o comentário da escola. Todo mundo quer te conhecer e acharam seu estilo super legal. – Carol disse
- E eu Karina e André aproveitamos para falar com todo mundo que realmente você é super legal e estilosa e que vão adorar te conhecer. E a propósito suponho que você já escreveu algo novo e preciso muito ler – disse Lucas
- Desse jeito vocês vão me deixar sem graça, logo no primeiro dia de aula. E você adivinhou Lucas, eu escrevi coisas novas sim, mas não está terminado, quando acabar eu prometo que mostrarei para você.
- Você sempre fala isso Sophia, aposto que está ótimo e você vai mostrar não só para o Lucas para todo mundo aqui. E gente já adiantando a Sophia vai participar do concurso da livraria, vai ganhar e terá o texto publicado no melhor jornal da cidade.
- Ai Júlia eu ainda não concordei em nada disse apenas que iria pensar. Não coloque palavras na minha boca.
- É sério meu amor, você deve participar sim. Você é incrível e o mundo merece ler um pouco do que você escreve para se sentir melhor.
- Ai gente depois dessa sessão dramática vou voltar para a minha sala galera. Vejo vocês no intervalo- Disse o engraçadinho do Eduardo.
- E vamos descobrir a sala que estudaremos agora não é mesmo Júlia?
- Isso mesmo Sophia. Até o intervalo gente.
Me despedi de Gustavo e fui com Júlia verificar as salas e para nossa felicidade descobrimos que eu e ela seríamos da mesma sala e Mari da sala ao lado.Seria diversão na certa. Entramos na sala e aguardamos a primeira aula começar. Para minha alegria e decepção de todos os outros entediados e revoltados com o início das aulas o primeiro horário foi de literatura e a professora parecia ser muito animada. Depois de tantas dificuldades, estava tendo um tempo de tranqüilidade para me reerguer e adquirir forças. Estava muito feliz e realmente era o início de uma nova fase em minha vida.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012 0 comentários

Capítulo 27

É engraçado como as pessoas parecem mudar quando se trata de algo belo. Vemos casos desastrosos de morta na televisão em que as pessoas dizem: “Como puderam matar tal pessoa? Ela é tão bonita” O fato é que o mundo de hoje é superficial e isso vai tomando mais conta de nós a cada instante. Tentamos nos adequar as tendências para que dessa forma possamos nos sentir melhor. E quanto a minha transformação eu com certeza serei interpretada dessa forma ainda mais por Gustavo e Letícia. Letícia com todo seu veneno dirá que mudei para tentar me encaixar aos padrões e para tentar conquistar Marcelo. Eu pensei em todos os detalhes anteriormente e sabia que isso poderia sim acontecer, mas o que importa é que eu sei que fiz tudo isso para me sentir melhor, para me descobrir e posso sentir que estou bem e o resto e as pessoas não importam. Porque é assim que funciona, as pessoas sempre irão falar bem ou mal, não há uma maneira de se privar disso, não há como nunca ter o nome da boca de alguém, você não pode é se deixar privar de viver por causa das pessoas. Confesso que estava a dias atrás caminhando para essa fase mas ainda bem que ao invés de me entregar ao sofrimento e descontentamento resolvi me reinventar e bem interpretado ou não é assim que será.
Gustavo e eu estávamos ali no shopping sem ao certo saber o que dizer mas ao mesmo tempo sabíamos que havia muito a ser dito e esclarecido. Eu respondi ao seu elogio meio sem graça e estava um pouco decepcionada pelo seu atraso e por quase ter desistido de me encontrar. Mas lamentar por isso não era o melhor a ser feito agora, nós precisávamos mesmo era nos entender.
- Obrigada Gustavo, eu precisava mesmo disso. Ainda bem que você veio, não acho que fugir ou desistir seja a melhor opção. Não era você que não era implicante e completamente insistente? O que está acontecendo? Não acho que o que eu disse seja assim tão grave a ponto de você mudar de comportamento tão repentinamente.
- É eu sei Sophia. Por isso estava sem graça de te atender e vir falar com você, mas vi que fugir realmente não seria a melhor opção. Sou implicante e insistente não é mesmo? Me desculpa por aquele dia, acho que te interpretei mal mas é porque eu não queria ouvir coisas desacreditadas sobre meu respeito ainda mais de você. Eu meio que programo como será o dia na minha cabeça, mas esqueço que não tenho o controle das pessoas.
- É verdade, ninguém pode controlar ninguém. Nós mesmos não nos controlamos de fato, somos movidos pelas nossas angústias, alegrias, experiências de vida, expectativas e inseguranças e quando vemos já perdemos o controle total da vida. Me desculpa, mas acho que realmente aquele dia me expressei mal. Não quis dizer que não acreditava e que você usava o mesmo discurso com todas, mas sei lá acho que a confiança é algo que se conquista com o tempo e a dúvida as vezes toma conta de nós, principalmente de mim que questiono demais e falo o que penso na maioria das vezes.
- Mas isso não justifica me acusar assim. Mas não quero discutir sobre isso e preciso dizer que a maneira como você fala, que enxerga a vida me encanta. Da mesma forma vejo em seus olhos alguma coisa que não sei bem o que é e isso me instiga. Parece que você se priva do mundo em muita coisa, esconde muita coisa de que é e talvez seja até por isso que transcreva tudo no caderno. Como um mundo particular em que você pode ser você mesma. E falando em ser você mesma, vejo que você está de um visual diferente, mas que não faz muito seu estilo que conhecia. Porque essa mudança? Está querendo ser algo que não é?
- Não é bem assim Gustavo. Olhe ao seu redor as pessoas mudam o tempo todo. Uma atriz está com um corte de cabelo em um dia e no outro já mudou completamente para um novo papel. Eu senti que precisava mudar algo, me redescobrir me reinventar, mas claro sem perder o que eu sou. É que a vida já estava pesada demais, bastante complicada e levei isso como uma forma de renovar os meus ânimos.
- Devo admitir que esse visual lhe caiu muito bem. Não consigo parar de olhar para você. Acho que começamos errado desde o início. No dia da festa aquela minha insistência sem sentido para conversar com você, o dia que fui de surpresa em sua casa, o nosso primeiro beijo não esperado pelo menos não para você, o encontro em que tivemos na sua rua quando seu pai nos encontrou e eu o enfrentei, o dia da sorveteria em que fui embora sem dar explicação. Acho que é minha falha mesmo, queria que as coisas entre nós dois acontecessem rápido demais e não percebi que você tinha seu próprio tempo. Eu mal deixei você respirar e quando você tem algo a dizer eu não escuto e vou embora. Sophia eu quero muito ficar com você, quero estar contigo e enfrentar toda essa situação que você passa contigo. Sei que sua família é meio problemática, conviver com seus irmãos não é fácil e ter pais tão ausentes que não sabem nem ao menos como é sua letra não é agradável e acho que se eu fosse você no seu lugar não teria tanta garra e um jeito tão envolvente como o seu. Você ainda não me disse o que queria dizer e nem porque se priva tanto do mundo real. Não adianta negar estar dentro dos seus olhos e eu posso enxergar.
- Está bem, acho melhor te contar mesmo. Você não é a pessoa em que digamos gostei de cara. Para mim de início você era como Letícia e Marcelo. Pessoas que simplesmente nasceram para tornar da minha vida um pesadelo. Não sei o que foi acontecendo com o tempo, não sei se foi no dia do nosso primeiro beijo ou no dia que enfrentou o meu pai e me defendeu, ou qualquer outro dia, mas eu passei a sentir uma necessidade de te ter comigo, uma vontade de desabafar assim com você. Da mesma forma você bagunça meus pensamentos, é uma desordem emocional. Na mesma hora que penso mal de você já estou pensando bem e assim meus pensamentos vão se misturando. Alías, não é só com você, é com tudo ao meu redor e agora mais do que nunca. Não sei se é porque moro aqui há pouco tempo, mas comecei a pensar que minha vida é um verdadeiro nada. Luís e Letícia sempre tiveram e terão histórias para contar. Mas e eu? Eu não passo da ovelha negra da família, sem qualquer talento, desajustada do mundo que tem apenas um simples caderno de anotações que de repente trouxe tanta confusão e descrença nas palavras que eu digo. As palavras que eu escrevo se debatem com as que eu falo e no meio dessa confusão é como se eu mesma perdesse minhas palavras.
- Eu sei como você se sente Sophia. Mas não deixe isso te atingir assim, se privar de tudo e viver nessa eterna atmosfera de confusão que eu vejo que você vive. Você é mais do que isso tudo e eu já disse para você parar de se menosprezar. O seu caderno só traz tantos problemas para você porque é incrível, o modo como você usa as palavras comove qualquer um, até a mente mais perturbada como a Marcelo. Se eles não acreditam em você ainda é porque não adquiriram uma certa maturidade ou estão perdido dentro deles mesmos. Mas indiferente de tudo Sophia eu quero que saiba que eu me importo com você e que estarei contigo para o que der e vier, te escutarei e tentarei de entender até quando isso não é possível pois admita as vezes nem você consegue ao mesmo se entender. Mas já que estamos aqui e agora juntos conversando, dizendo tantas coisas, é o momento para que reiniciamos nossa história e nos esquecemos do resto das pessoas pois elas não tem nada haver com a nossa vida. Você mesma disse que fez essa transformação para se reinventar, para buscar algo novo então vamos começar algo novo agora. Quer namorar comigo?
É estranho, mas as palavras de Gustavo me acalmam, me deixam sem reação. Elas rebatem com as minhas e nessas horas eu me esqueço dos dias, cobranças, esqueço tudo que penso. Quanto mais o tempo passa e quanto mais conheço Gustavo vejo que minha primeira impressão dele foi errada e que devemos sim ficar juntos. Quanto ao resto das pessoas, meus pais, Letícia, Luís e quem mais que seja, eles não tem nada haver com isso e se precisar mesmo pensar neles que seja depois, não agora, pois naquele momento eu finalmente tinha entendido o que eu tinha que fazer. Respondi a Gustavo:
- Aceito namorar com você e no futuro a gente pensa depois!
Eu e Gustavo nos beijamos e aquele momento, ou melhor, aquele dia foi inesquecível. Uma nova fase havia começado. 




segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 1 comentários

Capítulo 26

Não podia descrever ao certo o que eu estava sentindo naquele momento. Era uma mistura de angústia, ansiedade, felicidade, insegurança. Aquela transformação era o que eu mais queria naquele momento, com certeza me faria bem. Eu já havia pensado muito a respeito disso, escutado os conselhos de Júlia e prometi para mim mesma que não perderia minha verdadeira eu no meio disso tudo mas confesso que estava com um pouco de medo disso tudo afinal isso tudo era muito novo para mim.Eu sei que é bobagem,as pessoas mudam o tempo todo,atores e atrizes então nem se fale.O problema é que pode até parecer bobo mas para mim é mais complicado por causa de todos os fatos que haviam acontecendo e pelas minhas próprias convicções anteriores.Acho que me sentia que nem a Júlia se sentiu tempos atrás.Fico muito contente em saber que ela foi ajudada e conseguiu se salvar dela mesma e hoje está aí cheia de alegria e disposta a ajudar a todos e a fazer o bem.Não sei o que eu faria se não tivesse uma amiga tão leal como Júlia do meu lado. Estávamos decidindo ali em como seria de fato essa transformação mas eu não conseguia parar de pensar em Gustavo e Marcelo.Os dois são tão diferentes mas também tão iguais ao mesmo tempo e estão envolvidos nesse círculo maluco que entrei graças ao caderno e Letícia da mesma intensidade.Mesmo magoada com Marcelo por ele preferir enxergar a verdade “mais bonita” aos seus olhos eu estava preocupada com ele,afinal a situação que ele vivera não foi fácil.Minha família não é unida,meus pais não dão a mínima para mim mas pensando bem a situação de Marcelo foi pior pois ele sabia que podia contar com a família que viu desmoronar como em um piscar de olhos e teve que perder o tio que mais o apoiava.Eu sempre digo que isso não é motivo para tanta obscuridade da parte dele mas mesmo assim consigo compreender.Cada um expressa e lida com suas mágoas de uma forma muitas vezes da forma mais complicada que machuca muito mais. Mesmo com tudo isso gostaria de ajudá-lo de certa forma, pois caso ele ficasse mais “sociável” até Dona Clara ficaria mais feliz ao ver o neto recuperado. Fiquei tão pensativa nesse assunto que nem prestei atenção ao que a Júlia estava conversando com a cabeleleira do salão de beleza que havíamos escolhido. Acho que só teria minha mente limpa novamente depois que descobrisse um meio de ajudar Marcelo ao menos de forma anônima e conversasse direito com Gustavo. Estava muito ansiosa para saber se ele me encontraria mais tarde mesmo depois de tudo. Ele não me respondeu, aliás, não retornou nem uma de minhas ligações desesperadas que havia feito enquanto pensava nisso. Quem diria que aquele garoto intrometido que eu vivia ignorando me faria chegar no ponto de ligar desesperadamente e bagunçar meus pensamentos assim? Mas não era a hora de pensar nisso, meu cérebro poderia me obedecer ao menos nesse momento tão importante para mim. Júlia me deu um toque e me chamou para a realidade e me mostrou alguns estilos que ela pensava que combinaria comigo. A mudança escolhida era bem sutil até para que eu não me assustasse e acostumasse ao novo. A proposta era um cabelo um pouco mais curto com um corte mais moderno, cor de mel com luzes e ondulado nas pontas. A maquiagem era marcante, mas ao mesmo tempo não chamava tanta atenção. Quando tudo começou senti uma vontade de desistir, mas uma coisa que sei da vida é que devemos sempre olhar para frente e nunca para trás e a pior coisa que se pode fazer na vida é desistir sem tentar. Quando terminei o cabelo junto à maquiagem mal podia acreditar. Era como se não fosse eu mesma. Ainda dava para me reconhecer, mas senti uma leveza em mim, era como se minha vida fosse recomeçar e agora eu pudesse fazer novas escolhas talvez mais certas ou caso fossem erradas eu poderia aprender com meus erros até resolver mudar de novo como todas as pessoas fazem. Até Júlia que antes estava contra a minha mudança aprovou o resultado. Eu acho que ela estava com medo de eu escolher um estilo mais agressivo como ela já havia feito uma vez, mas depois Júlia mesmo percebeu que minha mudança nada mais foi do que um tapa no meu visual que por sinal eu precisava faz tempo. Depois do salão de beleza compramos umas roupas novas, as que eu sempre tive vontade de usar, mas nunca tive coragem de comprar, pois pensava que para mim não funcionaria apenas para Letícia. Muitas vezes quando via uma roupa na vitrine nem tinha coragem de experimentá-la, pois para mim só em Letícia ficaria bacana, pois da última vez que tive a tal coragem experimentei a mesma roupa que minha irmã. Em mim não ficou nada bom ao contrário dela que recebeu elogios até dos atendentes da loja. Mas aquela parte de mim havia ficado para trás, pois eu aceitei a me aceitar e aquela era a Sophia que eu era junto com a que eu sempre quis ser. As horas passaram muito rápido e cinco horas chegaram.Era a hora em que eu descobriria se Gustavo me encontraria e estaria disposto a me ouvir.Me despedi de Júlia e marquei de encontrá-la no dia seguinte.Daria a desculpa que teria que comprar alguns matérias escolares que havia esquecido para dar uma passada na livraria e contar como foi o encontro com Gustavo ou a falta dele. Passaram às cinco horas, cinco e dez, cinco e quinze e nada de Gustavo. Pensei em ligar mais uma vez, mas aí já seria desespero demais. Eu estava tão feliz com minha meta cumprida que não queria me chatear agora.Talvez seria mesmo melhor que não nos encontrássemos.Eu não estava gostando do garoto que eu sempre ignorava,eu só pensava isso antes porque estava em conflito comigo mesma e em um momento de fraqueza. Como poderia gostar de um garoto irritante, abusado que me beija a força e não era ao menos capaz de me entender e que me abandona quando digo algo que não agrada? Isso só prova que o que ele diz sobre os sentimentos por mim não é a verdade. Mas a quem eu estava querendo enganar, já estava indo embora com essa ideia na cabeça quando vejo Gustavo vindo em minha direção. Ele parecia estar paralisado ao me ver. Ele chegou perto de mim e aquela ideia de que eu não poderia gostar dele desapareceu. Ele era tudo isso, mas acima de tudo tinha muitas qualidades que me agradavam e uma delas era me defender e enfrentar meu pai como fez no dia da confusão. Quanto mais tentava entender meus sentimentos por ele mais eu me confundia, mas era inevitável sentir a alegria quando eu o encontrava. Gustavo chegou bem perto de mim e ficamos nos olhando paralisados. Ao me ver ele pareceu ter esquecido de tudo ou pelo menos ele decidiu parar com o drama ridículo do dia em que me na sorveteria .Quando finalmente conseguiu dizer algo apenas disse:
- Sophia, você está linda, mais do que já era. Eu quase desisti de vir e até pensei que você já havia ido embora. Estava com vergonha de você por causa do meu comportamento. Me desculpa por minha infantilidade mas acho que agora podemos conversar e recomeçar de uma forma bem melhor do que a anterior.
Eu não sabia o que dizer, mas estava contente porque agora sim conversaríamos o que tinha que ser dito e talvez ter esperado tanto até seria melhor pois depois dessa mudança que eu sofri podia dizer que estava sentindo bem comigo mesma de verdade e agora poderia expressar e dizer tudo o que precisava a Gustavo. Sobre a minha tranformação e se ela foi mesmo uma coisa positiva em minha vida só o tempo poderia me responder, mas estava feliz em ter tomado essa decisão. 

domingo, 5 de fevereiro de 2012 1 comentários

Capítulo 25

O dia foi bem complicado. Nunca imaginaria nada do que teria acontecido com Marcelo no passado. Sei bem como é se sentir sozinha no mundo, sem que ninguém possa ajudar. Deve ter sido muito difícil para ele conviver com a separação dos pais, perder o tio que o apoiava, tudo repentinamente e ainda por cima conviver com uma culpa que a cabeça confusa dele criou. Acho aceitável essa mudança de comportamento dele, de querer ficar sozinho e tudo o mais porque ás vezes todo mundo precisa de um pouco disso, se reinventar, se redescobrir, mas isso não justificava toda aquela revolta ainda mais comigo. Ele mal me conhecia e já me tratava mal assim como fazia com as outras pessoas e até com o melhor amigo. Tudo bem ele se sentir perturbado e revoltado por não entender porque aquela confusão acontecia justamente com ele, mas descontar em mim e ao redor já era sério demais. Sempre me preocupei com as pessoas mais do que deveria e não importa o que elas fizeram comigo algum dia eu sempre me acho no dever de ajudar porque sei bem como é se sentir confusa e um pouco infeliz em alguns momentos que parece que nada vai dar certo na vida. Gostaria de ajudar um pouco Marcelo a superar isso, talvez como Clara havia me falado, é por isso que ela possui tanta confiança em que eu e o neto dela iríamos um dia combinar,afinal ela me disse que me pareço com ela. Combinar com Marcelo não era bem a palavra certa a usar, até porque se eu não tinha a menor vontade de que isso acontecesse, o garoto conseguiu dificultar mais essa aproximação no almoço de domingo me acusando de mentirosa e se forçando a acreditar nas mentiras de Letícia mesmo sabendo que era irracional. Talvez seja até um erro de minha parte, mas me sentia na necessidade de ajudar Marcelo porque devo muito a sua avó que sempre me apoiou e me ajudou desde que cheguei nessa cidade. Não iria ser invasiva e nem sabia ao certo como fazer isso só sabia que não era justo por pior que ele fosse ter que conviver com aquela história sozinho, se fechando para o mundo.
Minha preocupação não era só com Marcelo. Também tinha o Gustavo. Ele saiu tão perturbado da sorveteria como se eu tivesse cometido um erro grave quando na verdade só estava tentando dizer o que eu pensava, desabafar com ele, pois me sentia preparada para contar algumas coisas a ele quando fui mal interpretada. O pior era que ele não atendia minhas ligações e sabe se lá o que ele teria feito depois daquela hora. A noite havia chegado e meus pais, Luís e Letícia já haviam voltado para casa e o clima como sempre estava insuportável. Estava feliz que as aulas voltariam na próxima semana. Eu poderia sentir ia ser bom para mim, já conhecia Júlia, Mari, Eduardo, Lucas e toda a galera com que me indentifiquei muito e que de certa forma me fazia esquecer todos aqueles problemas e me divertir sempre. Com as aulas voltando não ficaria tanto tempo dentro de casa aturando principalmente minha irmã e talvez nem lembrasse tanto de tudo. O único problema é que Marcelo e Letícia também estudariam lá e mesmo que em salas diferente querendo ou não os veria no intervalo. Não estava ligando para isso, tinha meus amigos e como Júlia me diz devo ignorar os comentários e piadinhas dos dois como eu sempre fiz.
No dia seguinte como havia combinado com Júlia era um dia em que ocorreria minha pequena transformação. E mais do que nunca eu sabia que era preciso. Durante toda aquela noite pensei em Gustavo e no que ele me disse, em quando ele foi embora chateado pela forma que me expressei. Não deveria pensar tanto assim nele, mas era inevitável. Eu não sabia o que estava acontecendo, só sabia que era algo novo. Precisava muito resolver as coisas com ele, conversar direito e não daquela forma como aconteceu. Amanheceu e a primeira coisa que eu fiz foi ligar para Gustavo que não me atendeu, resolvi então mandar uma mensagem dizendo que sentia muito pela forma como me expressei e por a gente nunca conseguir conversar direito. Disse que se ele ainda quisesse falar comigo era só me retornar a mensagem ou me encontrar às 5 da tarde no shopping. Ás 5 horas tudo estaria igual, mas ao mesmo tempo diferente. Nessa hora eu já estaria “diferente” e se Gustavo resolvesse me encontrar ele seria o primeiro a ver meu novo visual e notar a mudança que aconteceria não só fisicamente, mas também em meu interior. Estava feliz em que o momento havia chegado, tinha pensando bem no alerta que Júlia havia feito e estava mesmo decidida que era isso mesmo que eu queria e que sabia das conseqüências caso exagerasse demais. Me encontrei com ela no horário combinado,aproveitei e contei o que houvera acontecido no dia anterior.
- Olá Sophia. Bom te ver, estou meio preocupada com você. Acho que não deve fazer isso, ainda há tempo para desistir. Pense comigo as pessoas tem que gostar de você pelo que é e você não deve forçar isso. Você sabe o que aconteceu comigo e que infelizmente pode acontecer com você também. Acho que deve repensar e ver que você é incrível da forma que é e não precisa de nada disso.
- Eu pensei muito nisso a noite inteira Júlia. Aliás, depois de ontem acho que é mesmo necessário. Me encontrei com Gustavo como havia te dito mas infelizmente nossa conversa foi mal sucedida.Eu deixei a insegurança e a desconfiança que tenho nesse tipo de sentimento me invadir e acabei deixando transparecer para Gustavo que não acreditava nele e que eu era apenas mais uma em que ele estava dizendo a mesma coisa.Sei que ainda mais nos dias de hoje isso é o que mais acontece mas posso sentir que com ele é diferente e mesmo assim acabei me equivocando e dizendo o que não devia.Como resultado ele foi embora alterado e nem responde minhas mensagens.Mandei uma mensagem dizendo para ele me encontrar ás 5 horas no shopping caso ele quisesse conversar novamente comigo mas não sei se ele irá, para dizer a verdade é muito provável em que ele não vá. Depois disso conversei com Dona Clara e desabafei tudo o que sentia e acabei descobrindo algo a mais da história de Marcelo a qual prometi que não iria contar para ninguém e por isso não te conto. Só posso dizer que é algo muito relevante e talvez seja até aceitável parte daquele comportamento estranho do garoto e sei lá, mas estou com vontade de ajudá-lo.
- Nossa Sophia, quanta coisa acontece em sua vida. Sério, você deveria vender sua história para uma série, com certeza faria bastante sucesso e de quebra você ganharia bastante dinheiro. Mas brincadeiras a parte acho que você deve deixar Marcelo para lá. Ele é problemático, sempre foi e qualquer coisa que seja acho que você não deve se intrometer. Sei que gosta de ajudar até mesmo quem te chateia, mas penso que se você tentar ajudá-lo mesmo pode acabar se machucando e arrependendo. Você já tem problemas demais com sua família, agora com Gustavo para querer criar mais um não acha? Pensa no que eu te falei com calma e depois me diga como irá proceder. Agora vamos para a sua transformação, já que você insiste eu não posso te obrigar a não querer isso, afinal a vida é sua. Pensei em algumas ideias, mudanças leves, mas, no entanto significativas e acho que você irá gostar.
- Sei que você vai discordar disso também, mas até por consideração á Clara eu preciso ajudar Marcelo nem que seja de longe e ele nem fique sabendo, ou melhor, se ele não descobrir é até melhor. Não sei como farei isso, mas sei que vou descobrir e agora não é o momento para pensar nisso. Vamos ao que interessa ao que eu mais quero nesse instante, o que eu preciso arriscar. Vamos á transformação!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012 1 comentários

Capítulo 24


Sinceramente já estava cansada daquela situação principalmente com Gustavo. As coisas na minha vida estão atrasadas e tudo que eu crio expectativa ou planejo simplesmente não acontece. Talvez esteja sendo mesmo esse meu mal, esperar muito de uma coisa antes de acontecer. Dessa forma além de me decepcionar estou deixando também de viver o presente. O fato é que esperei tanto da conversa com Gustavo, como havia falado com Júlia estava certo na minha cabeça que a gente iria conversar e definir nossa situação de vez e depois eu conversaria um pouco com Dona Clara, pois já havia algum tempo que eu não a via e ela sempre tem bons conselhos para dar e me entende melhor até do que minha família, mas também isso não é difícil. Não consegui compreender o porque de apenas algumas palavras que saíram automaticamente fizeram o garoto se irritar ao ponto de me deixar sozinha ali naquela sorveteria.Está certo que eu sou um pouco desacreditada em muita coisa mas não era motivo para ele ir embora.Se ele gostasse mesmo de mim como diz teria ficado e tentado me entender melhor.Fiquei chateada pois queria mesmo desabafar com Gustavo e tinha demorado muito para aceitar a ideia para ela fracassar assim.Eu não podia fazer nada,aliás deveria seguir com meu dia para não deixar meu presente se desmanchar sem ao menos eu tê-lo vivido.Mais do que nunca precisava conversar com Dona Clara sobre tudo.
Cheguei na casa de Clara e tive a “felicidade” de me deparar com Marcelo que como já era de se imaginar mal me cumprimentou e na verdade só me deu um “Oi” por causa de sua avó.Ficou evidente que ele não estava de saída como Clara disse quando eu cheguei,ele só não queria estar no mesmo ambiente que eu ainda mais depois de domingo, o dia que se transformou de “Máscaras que caem” para “Máscaras que eternamente prevalecem”. O pior de tudo era ter que passar como a mentirosa da história dizendo a verdade. Não existe coisa pior do que isso, ou melhor existe sim,pior do que dizer a verdade e ser tratada como a paranóica mentirosa é os seus próprios pais não perceberem que a verdade real estava em frente a seus olhos.Resolvi contar para Clara toda a história do início ao fim pois com certeza ela acreditaria em mim e veria o absurdo que era essa confusão.Sim, porque é quase impossível existir uma história tão ridícula assim mas que ao mesmo tempo se torne tão relevante na vida de alguém,no caso na minha. Contei tudo para aquela senhora com tanta emoção em cada palavra que as lágrimas foram inevitáveis. Eu não queria chorar, mas contar a situação absurda me fez reviver toda aquela cena em minha mente. Desabafei até mais do que previa pois na verdade queria ter conversado mais tempo com Gustavo mas como havia dado errado tive que falar com Clara.De uma forma ou outra foi bem melhor que o dia tenha sido assim porque ela me entendia melhor e quando eu falo com Clara alivio todas as angústias e incertezas que ás vezes surgem na minha cabeça.Mas o foco principal da nossa conversa era mesmo o neto dela,pois eu estava indignada com o que ele havia me dito no domingo.Desde que nos conhecemos ele me trata dessa forma assim como também trata a maioria das pessoas e gostaria mesmo de entender o problema daquele garoto.
-Sabe Clara desde que eu me mudei minha vida está bem diferente de antes. Não sei se é a minha vida ou se sou eu mesma. Como te expliquei quero fazer algumas mudanças em mim sem perder quem eu sou, mas desde domingo isso ficou um pouco mais difícil. Meus pais não conseguirem perceber a farsa com tantos furos de Letícia tudo bem, mas Gustavo acreditar naquela paranóia e ainda por cima me acusar como fez sempre querendo me atingir já cansei de tolerar. O melhor amigo dele acreditou em mim, ou melhor, nem sei mais se eles são melhores amigos, pois ele ficou super irritado com Gustavo quando ele tentou me defender. Eu só gostaria de entender como ele pode ser tão burro a ponto de perceber que a namorada dele não é quem ele pensa. Ele convive com ela a maior parte do tempo e ela não conseguiria manter essa personalidade mentirosa e convincente do jeito que ele diz por tanto tempo. Não que ela não faça isso e nem tenha experiência, mas é que nesse caso é diferente sabe. Eu sei que ele prefere acreditar na mentira porque a verdade leva a mim que como ele mesmo diz sou a “aberração”. Está certo que ele não goste de mim e me trate desse jeito, mas ele também trata o resto do mundo assim. Não com a mesma intensidade que me trata, mas ele só é mais convivível com você e a Letícia. Clara preciso muito entender, qual é o problema de seu neto?
- Sophia, gosto bastante do seu jeito decidido de ser e essas suas dúvidas e vontade de mudar é completamente normal ainda mais na sua idade. Você é muito parecida comigo na maneira de pensar e é por isso que me simpatizei com você logo de cara. E por mais estranho que possa parecer eu ainda acredito que você e Marcelo possam dar certo. Você está interpretando mal o jeito de ser dele. Tenho certeza que ele não acreditou em você porque está hipnotizado por sua irmã. Repreendo essas atitudes dele, mas tenho certeza que ele deve estar agindo assim porque as férias não foram do jeito que ele havia planejado.
- Sei que ele é seu neto e que a senhora quer protegê-lo sempre. Mas temos que encarar que ele é um tremendo idiota. Sei muito bem que o problema não é relacionado com férias fracassadas, tem algo a mais. Porque fugir do assunto, não quero ser curiosa, mas acho que seria bom eu saber sobre isso até para entender o porque de a senhora acreditar que possa haver tanta química entre eu e Marcelo.
- Você é boa de argumentação Sophia, cada vez percebo que é mais parecida comigo e realmente a quem estou querendo enganar não é mesmo? Eu não deveria lhe contar isso e quero que isso fique apenas entre eu e você.Marcelo sempre foi um garoto fechado e nem tão sociável mas ele não era como posso dizer,tão agressivo e desinteressado do mundo.Acontece que ele se sente meio culpado pela separação dos pais.Foi ele que descobriu que o próprio pai estava traindo a mãe.Ele era mais novo mas não achava justo as coisas serem assim e acabou contando a verdade para a mãe que investigou secretamente e descobriu tudo que havia por trás.Na época da descoberta a amante do pai estava grávida e hoje em dia ele é casado e mora com a mulher e o filho.Foi insuportável para Marcelo descobrir que o pai tinha outra mulher que não era a mãe dele e ele se sente culpado te ter contado a mãe mesmo sendo o certo a fazer e sabendo que ela não merecia passar por aquela situação embaraçosa.Acontece que ele viu o sofrimento da mãe e pensa que foi o responsável por tudo isso pois a medida que ele ia crescendo o casamento dos pais ia esfriando e muitas brigas começavam por causa de algo que ele dizia,então ele meio que pensa que o pai decidiu procurar outra mulher por causa dele quando na verdade ele não tem culpa de nada.E contar para a mãe sobre a traição foi difícil pois de início minha filha não acreditou mas logo resolveu investigar e descobrir.Foi muito doloroso para ela e ver a própria mãe naquele estado e sua família destruída não foi fácil para ele.Como se não bastasse isso ele tem pela lei que passar alguns finais de semana com o pai e parte das férias.O relacionamento deles não é dos melhores com tudo isso..E poucos meses depois dessa reviravolta na vida dele o seu tio preferido que o apoiava,aconselhava e lhe tranqüilizava teve uma doença grave e não resistiu. Desde aí Marcelo vem apresentando essa indignação com o mundo e de certa forma o entendo. Compreendo também a parte de que ele não queira que as pessoas saibam e ele acabou se deixando levar por essa negatividade e tem medo que as pessoas o “conheçam” realmente. Depois da morte do tio ele tem a mim para contar, pois sua mãe o preocupa com ele, mas depois do trauma não é a melhor pessoa do mundo em colocar alguém de bom humor e agora a Letícia que mesmo mentindo dessa forma consegue deixar ele menos de mal com a vida. Claro que não entendo isso, pois sempre soube que era você de que ele precisava para esquecer isso tudo. De certa forma é mesmo você, pois o caderno de fato é seu. Agora ele só precisa de tempo para assimilar a verdade.
Nunca poderia suspeitar que a vida de Marcelo fosse assim tão problemática. Por isso dizem que não devemos julgar um livro pela capa ou a pessoa pelo que aparenta. Mas mesmo assim não via motivo para que ele tratasse as pessoas desse jeito e principalmente quisesse fugir da verdade e de quem é. Mesmo que ele assimilasse a verdade quem não assimilaria e esqueceria o fato de ele não acreditar em mim e me atingir tanto seria eu mesma. Clara ainda tem a convicção de que podemos dar certo. Mesmo eu querendo o ajudar a deixar de pensar assim, pois isso vai matá-lo aos poucos não significava que um dia nós dois iríamos dar certo ao menos na amizade.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012 0 comentários

Capítulo 23

Depois de me encontrar com Júlia, era a vez de ir falar com Gustavo. Estava meio apreensiva, pois não sabia o certo o que ia dizer e esperava mesmo que nosso encontro não terminasse em mais um beijo e que principalmente não terminasse mais uma vez em confusão como do dia anterior. Era estranho como meus sentimentos por ele ainda estavam confusos, mas conseguia pensar mais claramente sobre nós dois e que quem sabe seria bom dar uma chance a ele. Vai ver a má impressão que fiquei da noite da festa em que nos conhecemos teria acontecido porque não queria nem ter ido a festa e muito menos gostaria que um garoto estranho amigo de Marcelo se aproximasse de mim. Na verdade eu não gostaria que nenhum garoto se aproximasse de mim. Desde minha primeira desilusão amorosa fiquei meio assim, me fechei para o que chamam de “amor” como menciono para mim sempre, mas aquela situação era diferente. Gustavo havia começado se mostrando um garoto irritante, manipulador, mas após o tempo se mostrou uma pessoa que se preocupa comigo e que quer o meu bem. A atitude de enfrentar meu pai contou muitos pontos a favor para ele. É claro que muita coisa em Gustavo ainda me desagradava, mas estava pensando em na nossa conversa dizer tudo o que pensava para que quem sabe começássemos uma história.Já que estava mudando algumas escolhas em minha vida,achei interessante experimentar ter um namorado.Não era da forma que esperei e nem como eu desejava mas gostava da companhia de Gustavo e ao meu ver desde o almoço de domingo misteriosamente ele tirou a má impressão que causou em meu pai quando o conheceu e talvez seria mais fácil de meu pai aceitar nosso relacionamento.Mas decidi dar um passo de cada vez,não programar tanto as coisas na minha cabeça até porque quando se planeja muito nada ocorre da maneira prevista.Confesso que estava empolgada com a conversa e o nosso possível futuro namoro mas não criei muita expectativa e para começar caso chegássemos a namorar acho que seria melhor que fosse secreto até eu me acostumar com a nova ideia. E eu já estava ficando totalmente paranóica como sempre imaginando Gustavo e eu namorando quando na verdade só havíamos nos beijado duas vezes e nem sabíamos um do outro direito. Havia marcado com ele de irmos na sorveteria ás 14:00 e ele tinha acabado de me mandar uma mensagem de confirmação quando encontrei próximo ao local combinado a Mari e Bruno que havia conhecido no shop através de Júlia.Era bom revê-los,havia gostado bastante deles e de todos que estavam presentes no dia.
- Sophia!Que surpresa boa, eu e Bruno até perguntamos para Júlia sobre você. Está sumida, temos que nos ver mais vezes!
- É verdade, temos que marcar de sair de novo antes que as férias terminem. Eu e Mari estamos indo lá no shop na loja de instrumentos musicais para que eu compre cordas novas para meu violão que meu primo pequeno fez o favor de arrebentar. Quer ir com a gente?
- Ah gente, adoraria mesmo, mas eu já marquei com alguém aqui daqui a pouco. Mas vamos marcar de sair sim. Adorei conhecer a galera. Mandem um beijo para todos e ah depois quero ver a música que você compôs e quero ver a Mari cantando tudo bem?
- Então fica combinado assim. Marcarei com a Júlia e pedirei para ela avisar para você. E claro que você vai escutar a música e vai dar sua opinião sincera ta bem? Até depois, Sophia. Prazer te rever.
Encontrar com os dois me fez muito bem. Na verdade me encontrar com Júlia e como todos meus novos amigos me deixava feliz, só de conversar um pouco já me animava bastante. Foi aí que eu percebi mesmo o quanto ter amigos bacanas é importante. Aquele pequeno diálogo me tranqüilizou para a futura conversa com Gustavo. Horário marcado e ele ainda não havia chegado. Com certeza estava atrasado só para me irritar. Lá vinha a minha estranha paranóia demais. Cinco minutos depois o avistei vindo em minha direção. Teríamos naquele momento a conversa decisiva.
- E aí Sophia?Como você está. Já está menos nervosa do que no domingo?
- De certa forma sim. Mas é muito ruim ver que minha própria família é indiferente para mim e que eles acreditam mais em minha irmã do que eu. Não é muito comum as pessoas desconfiarem da letra de outra, isso acontece só em filmes, mas na minha vida acontece exatamente o mesmo caso de uma maneira muito mais estranha porque estou falando da minha família, meus pais que não percebem esse detalhe e, aliás, nenhum que envolva a mim a não ser o desempenho escolar.
- Eu sei que essa situação não é normal, mas pensa comigo poderia ser pior. Talvez você nem tivesse uma família...
- Talvez fosse melhor eu nem ter esse tipo de família. Meus pais não me escutam, minha irmã é uma manipuladora que namora com um idiota, meu irmão adora esnobar como é inteligente. Eu não me encaixo ali, o que tenho de bom para mostrar?
- Sophia, para de se menosprezar. Eu sei que as coisas não acontecem da forma que você gostaria, mas você tem que começar a ver como é talentosa. Eu nem li o que estava escrito no caderno, mas para amolecer o coração de Marcelo deve ser incrível porque depois de tudo que ele enfrentou ele se fechou para o mundo. E mais você também é incrível, tem um jeito único, nunca conheci uma garota que mexesse tanto assim comigo. Desde que te vi pela primeira vez você despertou a curiosidade em mim, pois você se destaca entre as demais pelo seu jeito único.
- Como assim? O que Marcelo já enfrentou de tão ruim assim? Isso não justifica o jeito que ele fala comigo sempre e nem o jeito revoltado que ele tem. E eu não sou única do jeito que diz. Você fala isso porque quer que eu seja a próxima que caia nessa sua conversa. Mas amanhã mesmo estarei um pouco diferente do que estou agora.
- Esse é o seu problema. Essa desconfiança de tudo e de todos. Não percebe que isso só faz mal para você? Não posso pensar que você acha que estou enganando você.
Se você mão consegue acreditar em sequer uma palavra que eu digo e principalmente nos meus sentimentos estou perdendo meu tempo aqui conversando com você.
Gustavo disse isso, se levantou e foi embora e não quis nem sequer me escutar e nem responder aos meus gritos dizendo para ele voltar. Como ele poderia ter ficado alterado assim de uma hora para outra?Eu não disse que não acreditava em sequer uma palavra que ele disse, só que estava incerta porque aquilo era novo para mim e não fazia sentido. Mas percebi que não me expressei bem e a nossa conversa foi adiada mais uma vez agora por tempo indeterminado.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012 0 comentários

Capítulo 22

Cheguei na livraria e Júlia estava saindo para o almoço.Como sempre ela estava animada,falante e super curiosa para saber tudo que havia acontecido desde o início.
- Ainda bem que você chegou, estava quase morrendo aqui de tanta curiosidade em saber tudo o que aconteceu desde aquele último dia que a gente se viu. Como assim o nosso plano não deu certo, não tinha como dar algo errado.
- Eu também havia pensado nisso, mas havia esquecido que estávamos lindando com alguém como minha irmã. É claro que ela já previa alguma reação de minha parte e fez a cabeça de Marcelo contra mim dizendo que eu era manipuladora e que queria ter uma vida como a dela.
- Mas isso é um absurdo!Como aquele garoto estúpido pode acreditar nela ao invés de você. A sua letra prova tudo, não tinha o que discutir.
-Acontece que a letra que minha irmã treinou ficou idêntica a minha e com mais a conversinha dela ela pode fazer o garoto acreditar. E o pior que lá em casa não tem nem nossos cadernos antigos escolares e provavelmente ela deu um sumiço em todas as anotações que estavam com a letra dela.
- Essa história é surreal. Se você não estivesse me contando eu não acreditaria. Nunca ouvi falar em alguém que falsificasse a letra de outra pessoa a não ser para fazer assinaturas naqueles filmes de ação, mas isso é um nível psicopata muito grande. Mas seus pais sabem a sua letra Sophia, eles com certeza poderiam ter desmentido essa história.
- Você não conhece minha família Júlia. Eles nunca se importaram com a gente. Para eles somos como espécie de troféus que eles podem apresentar e eu não me pareço nem um pouco com isso. Eles são indiferentes comigo e por isso eu percebi que falar o que pensava nem iria adiantar muito, eu preciso mesmo é ficar “indiferente” para eles. Ontem eles apoiaram mais minha irmã, foi horrível todas aqueles acusações vindo para mim como se eu fosse a mentirosa obcecado dali.Eu não consigo entender onde Letícia pretende chegar com isso.Mas pelo menos descobri de fato que Marcelo leu mesmo o meu caderno que para todos os olhares é de minha irmã.Ainda bem que o Gustavo estava lá,ele me defendeu e disse que acreditava em mim.
- Uau! As coisas entre vocês estão ficando mesmo sérias. Me conta sobre o beijo ou melhor os beijos,os barracos,o pedido de namoro e tudo que você tiver que me contar sobre ele.
Contei toda a história detalhadamente para Júlia, acrescentando meus pensamentos e o que estava sentindo naquele momento. Disse que mais tarde me encontraria com Gustavo e faria uma espécie de desabafo com ele porque mesmo que eu não quisesse com tudo que havia acontecido, estava me sentindo mais próxima dele. Também queria dizer que não queria que a amizade entre ele e Marcelo ficassem abalada por minha causa. Na última vez que tentamos conversar a conversa nem aconteceu e seria bom se essa conversa acontecesse hoje. Júlia me aconselhou e eu me senti melhor, me deu ideias que eu nunca teria pensado sozinha. Ela concordou que eu deveria dar tempo ao tempo e que mais cedo ou mais tarde Marcelo iria cair em si e ver o erro que cometeu. Ela também me disse para procurar Dona Clara, pois ela parecia ser uma senhora muito resolvida e bastante experiente e poderia me ajudar a colocar meus pensamentos em ordem. Mas não era só para isso que eu havia encontrado Júlia naquele horário de almoço.
Contei sobre a necessidade que eu tinha de mudar um pouco visual, porque já que queria que toda aquela mudança em minha vida acontecesse eu deveria começar por mim e que continuar igual eu era não me ajudaria com o progresso nessa ideia.
- Você não precisa mudar nada para que te aceitem Sophia! Que absurdo. As pessoas vão te criticar de qualquer forma e você não pode mudar o que é só para agradá-las e se encaixar no grupo. Não deixarei você cometer essa loucura.
- Eu não estou mudando por ninguém Júlia. Estou mudando por mim,ou melhor, eu nem encaro isso como uma mudança e sim um amadurecimento pessoal.Há muito tempo venho percebido que preciso viver coisas novas,ter uma vida mais tranqüila, que não seja tão conturbada assim. Não quero fazer uma mudança radical, só quero que meu visual tenha um pouco da essência do que eu sou agora, de como me sinto nessa fase de descobertas, de confronto comigo mesma. Você nunca se sentiu assim Júlia?
- Confesso que sei muito bem o que você está sentindo. Porque isso já aconteceu comigo e é por isso que te aconselho a não continuar com esse jeito de pensar porque talvez as mudanças ocorram tão rápido que você nem perceba e quando perceber já vai ser tarde demais e estará irreconhecível.
- Como assim aconteceu com você? Te acho tão cheia de vida,animada, parece que nunca viveu nenhuma situação ruim.
- Agora eu também me considero assim, mas depois de muito tempo é que consegui ver quem eu era realmente. Passei por uma fase de insegurança e necessidade de mudança assim como você está passando. Anos atrás, eu era uma garota tímida, que tinha medo que as pessoas soubessem o que eu pensava,era calada demais, vivia num mundo imaginário que eu havia criado para me esconder do mundo. Uma vez um grupo daquelas garotas populares no qual eu não me encaixava me humilhou na frente de toda a escola para o menino que eu gostava e ele também fez piada de mim. Foi horrível e nesse instante eu decidi que não queria ser como eu era. Só que eu resolvi fazer uma mudança radical, comecei a andar com uma galera estranha, aprontar loucuras e praticamente cometi um roubo grave. Eu já não estava me reconhecendo, a minha família se virou contra mim, dizia que eu era um desgosto. Mesmo com tudo aquilo ainda sentia falta de quem eu era, sentia uma sensação de vazio. Até que em um dia a galera esquisita que eu andava caçou confusão em um bar e chamaram a policia para gente. Minha sorte foi que havia uma policial que viu que eu não era como eles e me aconselhou a mudar enquanto era tempo e me deu um livro que contava uma história de uma garota que não se aceitava e que por isso estava jogando a vida fora. Não gostava de ler, mas aquele livro foi o melhor presente que eu poderia ter ganhado. Vi que tudo que eu havia feito não estava certo. Comecei a tentar enxergar o lado bom da vida e depois de algum tempo me tornei o que sou agora e trabalho aqui em meio aos livros que de certa forma me livraram do mundo da escuridão. Mas a “minha antiga eu” nunca mais consegui encontrar, sei que ela era insegura e tudo mais, mas eu sinto falta dela. Mesmo gostando da minha vida agora e sendo feliz não aconselho que faça isso Sophia, é muito perigoso. Agora você fala que quer mudar um pouco, mais tarde pode estar irreconhecível e talvez não tenha tanta sorte como eu tive.
- Nossa, eu não sei nem o que dizer. Não fazia ideia mesmo. É por isso que dizem que não se podem julgar as pessoas e nem o livro pela capa. Não podia imaginar que você teria vivido algo assim. Obrigada pelo conselho, mas eu preciso mesmo fazer essa pequena mudança e eu te prometo que serei a mesma Sophia de sempre, só que aberta para aprender coisas novas e que não vou me perder por um caminho em que eu não me reconhecerei Agora mais do que nunca minha amiga sei que você é a pessoa mais certa para me ajudar nisso, porque poderá me aconselhar quando perceber que eu possa estar agindo de alguma maneira errada. Concorda em me ajudar? Eu preciso muito disso!
- Está bem Sophia, eu te ajudo, mas já vou te avisando, tenha muito cuidado com isso e com esses seus pensamentos negativos sobre você. Amanhã é meu dia de folga, me encontra na livraria que ajudarei você com isso. Preciso voltar para o trabalho agora, até amanhã!
- E eu ainda preciso me encontrar com Gustavo e mais tarde como você disse verei Dona Clara. Amanhã te conto como foi. Até logo!
- Boa sorte Sophia e pense bem em tudo que eu te falei.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012 0 comentários

Capítulo 21

Aquele final de semana exaustivo e totalmente o oposto do que havia previsto finalmente tinha acabado. Não consegui dormir bem naquela noite, pois não podia acreditar em tudo que teria acontecido. Após os garotos irem embora o clima ficou bem pior entre minha família e eu. Meus pais estão apoiando bem mais Letícia e eu fiquei sendo mesmo a alterada que quer chamar atenção com uma história ridícula que não faz o maior sentido. A verdade é que essa história não faz o menos sentido. Meus próprios pais não me conhecem realmente, nunca notaram minha letra, o namorado da minha irmã é um estúpido que acredita nas mentiras dela e eu nunca em hipótese alguma posso provar que estou certa em algo. Já estava sentindo aquela necessidade de mudança tempos atrás, mas agora esse sentimento havia se tornado mais forte. Mesmo dizendo o que eu pensava as coisas continuavam iguais, ou melhor, elas pioravam e já que eu era tratada com indiferença talvez fosse à hora de buscar um novo estilo, ser indiferente. Peguei meu novo caderno e escrevi a respeito disso. Estava me sentindo presa nos meus pensamentos e atitudes e que se afinal ninguém acredita no que sou e não me dão a menor credibilidade talvez fosse mesmo à hora de tentar algo novo. Mas o que poderia fazer para demonstrar essa nova fase que estava se iniciando em minha vida?Estava contente da maneira que eu era, mas precisava mostrar a todos que eu também poderia me adequar ao que julgam ser atraente. Não deveria me importar com os comentários de Marcelo, mas saber que ele prefere acreditar na verdade fajuta da minha irmã só porque ela se enquadra nos padrões que a sociedade impõe de certa forma me afligiu e só não me chateou mais graças às palavras de Gustavo. Aquele elogio me pareceu sincero, mas infelizmente não são todas as pessoas que pensam como ele. Desde pequena cresci vendo Letícia ser mimada e sempre elogiada por causa de sua aparência e embora sempre digam que isso não é o que importa infelizmente no atual mundo superficial em que vivo importa sim. Escrevendo no novo caderno que representava essa nova Sophia percebi que precisava mesmo mudar algo em mim, como gosto de dizer, me aprimorar. Não que eu devesse seguir rigorosamente a ditadura da moda e me tornar um robô humano como minha irmã, mas precisava me enquadrar a esse padrão caso quisesse mostrar o outro lado e mudá-lo. Estava certo que mudaria algo em meu visual, a mudança não seria radical e aconteceria gradativamente, claro não atropelando minha personalidade e meu estilo de sempre. Falaria com Júlia que tem um visual que acho bem marcante para me ajudar com isso assim que o dia clareasse.
Acordei bem cedo e percebi que já havia uma mensagem de Gustavo em meu celular. Novamente, o garoto me elogiava, me perguntava se eu estava bem e que acima de tudo não deveria dar crédito ao que teria acontecido no almoço e muito menos aos comentários de Letícia, meus pais e Marcelo, inclusive os possíveis futuros. Já ia responder a mensagem agradecendo por estar se importando comigo quando sou surpreendida com outra dele mesmo me perguntando se ele não poderia ler o tal caderno que gerou toda a confusão. Apaguei o meu agradecimento imediatamente e disse que não concordava, pois isso era algo meu, que jamais alguém deveria o ter lido e que isso só havia acontecido graças à intromissão de Letícia e á curiosidade de Marcelo. Por falar em curiosidade não foi preciso ouvir, mas com certeza no dia em que Marcelo veio a minha casa pela primeira vez e subiu com Letícia para ver as supostas fotografias e desenhos ele encontrou o caderno, deve ter elogiado e Letícia se aproveitando disse que a pertencia para criar assunto e conseguir o que queria. Gustavo não ficou contente com minha resposta e me chamou para tomar um sorvete mais tarde, pois ele precisava muito conversar comigo e sentia que eu estava precisando ter essa conversa. E ele acertou, estava muito aflita, mais insegura que nunca, com a auto-estima bem baixa e tudo o que eu queria era desabafar com alguém como ele. É estranho, mas o comportamento atual dele havia apagado aquela imagem que eu tinha dele, claro que Gustavo tinha muitos defeitos que eu não gostava, mas ninguém é perfeito e muito menos eu poderia exigir algo dele. Não era bem como eu pensava, mas depois de muito tempo desde a minha primeira desilusão com o “amor” nunca havia sentido uma coisa tão intensa como estava sentido. Era meio perturbador, um pouco curioso e aquele sentimento e admiração por Gustavo parecia crescer a cada dia. A última vez que me senti assim apesar de não gostar de comentar me deixou uma espécie de cicatriz. Na época foi bem difícil de esquecer e acho que pode ter sido isso que me fez ter tanta desconfiança do garoto no início. Eu era bem mais nova quando tive meu primeiro amor não correspondido que hoje que estou mais madura prefiro chamar como amor platônico ou espécie de aprendizado já que não considero que aquilo tenha sido mesmo amor e sim uma descoberta do que eu poderia ser capaz de sentir por alguém algum dia. Não considerava que estava amando Gustavo, até porque amor vem com o tempo e é muito ridículo em poucos meses pessoas já acharem que amam alguém. Não sou contra quem pensa assim, mas acho que primeiro vem a atração, depois o gostar e querer bem a pessoa e só com o tempo a vontade de estar perto e de ficar próxima a pessoa mais o comprometimento e tolerância em aceitar tanto as qualidades e os defeitos faça o sentimento gostar se transformar de fato em amor.Para isso acontecer teria uma longa estrada a percorrer mas confesso que atração depois de tudo que acontecera estava sentindo por Gustavo.Ficar ali filosofando entre meus próximos pensamentos não me levaria a lugar nenhum e eu precisava era agir e me tornar “indiferente” como estava pensando.Peguei meu celular e respondi Gustavo concordando em o encontrar mais tarde para tomar um sorvete e conversar.Seria bom ouvir tudo o que ele pensa e também falar tudo que eu penso por mais desorganizado que meus pensamentos sobre ele e todas as outras coisas estejam.Tomei meu café-da-manhã sozinha.Meus pais haviam saído para trabalhar,Luís estava acertando os detalhes da faculdade naquela manhã e minha irmã tinha sessão de fotos na agência.Gostei de não ter encontrado ninguém em casa,pois talvez ocorresse algum confronto e isso atrasaria o compromisso que tinha acertado comigo.Saí para encontro de Júlia.Conversaríamos na sua hora de almoço,com certeza não daria tempo para explicar tudo,mas conseguiria contar da decisão que enfim teria tomado e sobre os últimos acontecimentos especialmente do almoço do domingo conturbado.

 
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