terça-feira, 3 de julho de 2012

Capítulo 36

Quando consegui encontrar Marcelo não tive dúvidas que aquela discussão deveria se finalizar ali. Estava meio abalada e um pouco com medo sobre o que Dona Clara estava pensando e como ficaria a relação de avó e filho a partir daquele momento.Marcelo era um garoto traumatizado e eu deveria ter bastante cuidado para acabar não piorando mais a situação.
- Marcelo sobre as coisas que sua avó me contou,ela acabou deixando escapar pois eu curiosa que sou fiquei insistindo porque no fundo eu sabia que algo tinha acontecido com você.Se tem alguém que te ama e quer o seu bem é a Dona Clara e ela não tem nada haver com isso.Se tem que ficar chateado fique comigo mas não com ela.
- Sophia,era um lado muito pessoal meu e foi inesperado descobrir que minha avó saiu por aí contando.
- Sei que não nos damos muito bem,mas vamos esquecer pelo menos por agora? Eu quero muito acabar com esse clima de guerra entre todos que já dura tempo demais.Finja que não nos conhecemos e vamos ter uma conversa tranquila.A sua abó só quer o seu bem e querendo ou não eu também quero.
- Não vivemos em contos de fadas Sophia e as coisas não acontecerão assim.Seria ridículo fingir que não lhe conheço á essa altura e tentar levar as coisas na boa.
- Olha Marcelo se quer saber eu entendo o seu sofrimento,a dor que você sente e até um pouco da culpa que sente pela separação dos seus pais.Mas você não teve culpa nenhuma,pelo contrário,foi melhor a verdade aparecer do que sua mãe continuar sendo enganada não acha? E hoje em dia ela já superou e está seguindo a vida como você deveria fazer.
- É muito fácil falar,já que você nunca viveu nada do tipo.Sabe a sensação de não poder contar com ninguém,de sentir que o mundo inteiro é falso e que você está sozinho no mundo? Não,você não sabe.
-A gente nem se conhece para você me julgar assim.E se te consola eu sei bem como é em parte.Meus pais sempre foram ausentes e sempre depositaram toda sua confiança e tempo nos meus irmãos,os mais bonitos,mais inteligentes. Cresci sozinha ouvindo piadinhas das pessoas e críticas da minha irmã,me desiludi com o amor e também deixei de confiar nas pessoas,me fechei em um mundinho secreto,o meu caderno de anotações que gerou tanta polêmica.Escrever foi uma forma que achei para me sentir melhor,não ter que ser sempre o alvo dos questionamentos que faziam sobre mim do tipo: - Nossa,ela é mesmo irmã da Letícia? Não se parecem em nada mesmo,sem falar também nas comparações com meu irmão. Sei que são situações completamente diferentes mas com o tempo você precisa arranjar algo que te faça "superar" essa história toda. 
- Olha eu não sabia mesmo que você se sentia tão ignorada assim mas ainda não vejo solução para isso tudo e também agora nem consigo pensar.Estou muito chateado com tudo o que aconteceu. 
-Então você pode ao menos pensar no assunto? Sei que você ama muito a sua avó,mais do que toda essa mágoa toda.Faça isso por ela... 
- Vou pensar mas não garanto nada.
- Ótimo então.Viu a gente pode pelo menos conversar mais civilizadamente,já é um começo!
- É até que foi melhor do que eu esperava e olhando de outra forma você nem é tão estranha assim... 
- Vou entender isso como um elogio e dos grandes por sinal!Ainda te acho um grande chato marrento mas quem sabe você pensando direito no assunto não mudo um pouquinho de opinião?
 E sorri,a conversa não tinha sido esclarecedora mas o clima pesado tinha passado um pouco. Marcelo entendeu a brincadeira e também sorriu.
-Ah Marcelo, antes que eu me esqueça.Pensa com carinho na sua avó e não fique chateado com ela por ter me contado.Tenta entender tá bem?
-Como disse minha mente está uma confusão e acho melhor não vê-la por esses dias até eu "superar" um pouco.
- Faz isso então, mas fica calmo.
Marcelo foi embora para casa com um andar desnorteado mas apesar de tudo eu estava mais tranquila e agora queria mesmo ajudá-lo a superar os traumas do passado.

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