segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Capítulo 3

Não acordei tão animada assim. Também quando cheguei em casa ontem estava uma verdadeira atmosfera de confusão.Meus pais e Luís discutindo por causa de dinheiro,Letícia como sempre jogada no sofá falando no celular provavelmente com algum rapaz que conheceu na nova agência.Ninguém sequer me cumprimentou e perguntou como foi meu dia exceto por meu pai que deu um sorriso forçado pra mim quando passei perto dele para subir para meu quarto.Era mais ou menos 21:30 da noite e como estava sem sono nenhum resolvi arrumar as coisas que não estavam ajeitadas desde a mudança e resolvi escrever um pouco antes de dormir mas não encontrei meu caderno de anotações em lugar nenhum.Com certeza deveria ser mais uma tentativa de implicância de Letícia comigo ou o Luís tentando descobrir algum podre meu para contar a meus pais.Mas não estava com a mínima vontade de voltar a sala e iniciar uma discussão sobre o assunto,por isso escrevi um poema na folha de um caderno velho que encontrei entre as minhas coisas e decidi que procuraria meu caderno de anotações na manhã seguinte.Confesso que fiquei um pouco preocupada de alguém o ler porque ele transcreve toda minha vida,sonhos,angústias,histórias,enfim tudo que escrevo embora ele nem contenha meu nome.Ninguém nunca teve interesse ao menos em chegar perto já que achavam que era um modo idiota que arranjei para pedir um pouco de atenção e tentar me destacar.Já está na hora de eu comprar um novo,ele está bem danificado com folhas e mais folhas anexas,quase não há espaço para escrever nele mas não consigo me desapegar fácil ainda mais de algo que me acompanha a tanto tempo e é uma parte de mim.
Levantei bem cedo com minha mãe me chamando. Ela quis que eu fosse com ela e Luís fazer compras no supermercado. Na verdade ela o chamou porque ele é bom com essa parte de finança e eu porque de certa formo consigo controlar os seus gastos desnecessários. Saímos tão depressa que eu nem lembrei que deveria procurar meu caderno pela casa. Meu pai continuara dormindo aproveitando sua semana livre do trabalho e Letícia que funciona ainda menos de manhã também ficou dormindo aproveitando que estávamos de férias e não teria nenhum compromisso aquele dia.
Quando saímos de casa e nos dirigíamos para o carro fomos surpreendidos por dona Clara que cumprimentou a todos com a serenidade de sempre e se dirigiu a mim com um doce sorriso.
-Tenha um bom dia Sophia, meu neto que quero que você conheça já deve estar chegando – disse a simpática senhora.
Não pensei que ela fosse fazer tanta questão que eu conhecesse o seu neto, mas deduzi que acabaria conhecendo o garoto mais cedo ou mais tarde. Dona Ruth apressada como sempre se despediu de Clara e disse para eu e Luís entrarmos no carro porque ela não gostaria de ficar presa no trânsito. Acabou que minha mãe e meu irmão voltaram para casa sem mim que acabei me encantando pela livraria próxima ao supermercado. Eu disse a eles que voltaria mais tarde. Na verdade eu queria sim conhecer a livraria, mas na verdade o que eu queria era atrasar o momento em que eu conheceria o neto de Clara.
Voltei para casa por volta de 13h30min da tarde. Letícia estava novamente deitada no sofá como se não existisse amanhã. Perguntei a ela onde ela teria colocado o meu caderno, mas ela disse que não o tinha visto em lugar algum e que nem perderia o seu precioso tempo buscando algo que na opinião dela soava como um ridículo diário infantil. Na verdade não poderia ser mesmo ela porque isso minhas anotações estão completamente distantes dos seus interesses pessoais e ela não seria tão esperta a ponto de pensar em pegar o caderno e me chantagear com ele. Com certeza minha mãe ao arrumar as coisas deve ter o colocado em um lugar diferente e inimaginável como ela sempre faz. Ela “arruma” e muda as coisas de lugar e só encontramos algum objeto depois que nem lembramos que este existe. Torci para não ser esse o destino do meu caderno. Já ia lá pra cima revirar todos os cantos possíveis quando de repente a campainha tocou e presumi que era o tal neto de Clara. Quando abri a porta definitivamente me assustei com o que vi. Era um garoto nem alto nem baixo, não pude negar que era realmente bem bonito, tinha um estilo meio largado, parecia ser bem agressivo e não gostar muito de conversa. Me cumprimentou secamente e foi entrando sem ao menos ser convidado.Clara o acompanhava.Minha irmã que estava praticamente morta naquele sofá ressuscitou como num passe de mágica e já foi logo dar as boas vindas ao desconhecido com a máscara de pessoa doce e simpática.Acho que ao invés de modelo ela deveria ser atriz.
-Olá! Não repare o mau jeito é que estou muito cansada, chegamos há pouco tempo e arrumei a casa praticamente sozinha. Resolvi tirar um tempinho para mim e descansar minha beleza. Sou Letícia e você quem é? Disse ela com a simpatia forçada, porém convincente.
- Marcelo. Disse de modo arrogante.
Clara percebendo a indiferença do neto deu a desculpa de que o garoto estava cansado, mas que estava ansioso para nos visitar. Sinceramente não acreditei nem um pouco nisso
-Essa é Sophia, a garota que eu falei que você iria gostar. Aposto que serão muito amigos. E a que já se apresentou é a irmã dela que acredito que você também irá gostar – disse Clara
Marcelo me olhou com uma cara de desprezo que traduzia que ele não estava nem um pouco interessado na minha proximidade. Retribui o olhar.
Meus pais chegaram à sala e os convidou para almoçar. Letícia não se incomodando com a maneira que o garoto a havia tratado de início, logo se convidou para mostrar a ele onde ficava a cozinha. Minha irmã sempre foi assim, não pode ver algum garoto novo que já quer logo se insinuar. Apesar de tudo parece que Marcelo havia gostado dela, pois aposto que se fosse eu que tivesse me oferecido a mostrar onde fica a cozinha certamente ele teria dispensado.
O almoço correu bem, meus pais como sempre elogiando meus irmãos para Clara e Marcelo que respondia a maioria das perguntas acenando com sim ou não. O rapaz não era de falar muito, mas fiquei sabendo de metade da sua vida através de sua avó sempre que olhava fixamente para mim quando falava. Como ela já havia me contado antes ele era filho único, tinha grande talento para desenhar e era fascinado por fotografias. Morava ali há quatro anos com sua mãe desde que seus pais se separaram. Cursaria o terceiro ano na mesma escola em que eu iria estudar quando acabassem as férias e provavelmente seria da sala da minha irmã que também se formaria esse ano. Segundo Clara o garoto era um pouco tímido e fechado para conhecer pessoas novas e que isso lhe dava a impressão de arrogante, mas que era apenas aparência. Disse também que ele tinha bastante amigos pela região e que seria perfeito se um dia saíssemos com eles.Para mim ele não passa apenas impressão de arrogância.Na minha opinião ele não passa de um mal educado revoltado. Letícia mal esperou a senhora completar a frase já aceitando o convite do passeio. Após a sobremesa o garoto disse à avó que precisava voltar para casa, pois queria descansar da viagem, mas foi interrompido por Letícia que disse que já que ele era fascinado por desenhos e fotografia deveria ver o amplo acervo de desenhos de moda que ela havia criado e todas as suas fotos modelando principalmente de biquíni. Sem jeito o garoto acabou aceitando a proposta de minha irmã, mas disse que não poderia demorar.
Os dois subiram para ver as tais fotos, Luís foi assistir um filme com meu pai e minha mãe e Clara se prontificou a me ajudar a lavar a louça do almoço enquanto falávamos sobres coisas do cotidiano. Na verdade a única coisa que eu queria naquele momento era encontrar meu caderno de anotações para que quando a noite chegasse pudesse transcrever o poema que havia feito em rascunho na noite anterior e assim dormir tranquilamente.

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