terça-feira, 17 de abril de 2012

Capítulo 33

Depois do término das aulas fui para a livraria com Júlia para enfim fazer minha inscrição no concurso. Não pude deixar de perguntar a ela se havia acontecido mesmo uma atração entre ela e Washington ou se era mesmo nossa impressão.
- Não sei se é apenas cisma nossa, mas o jeito que você falou defendendo Washington e a forma que você olhou para ele nos fez pensar que você tinha sentido algo por ele e também acreditamos que ele sentiu o mesmo por você. Geralmente você atura todos os comentários como brincadeira, mas dessa vez você se irritou por um motivo até besta relacionado a ele. Desde toda aquela história traumatizante que você me contou nunca mais escutei você falar de nenhum garoto ou simplesmente defender alguém como fez e muito menos alterar tanto o humor e quase brigar com um amigo por causa de um motivo que nem te afetava diretamente. Júlia eu te considero minha melhor amiga, você me ajudou nos momentos em que mais precisei e quero que saiba que se for realmente algo que você está sentindo por ele pode me contar. Eu sei que vocês acabaram de se conhecer e é difícil dizer ao certo o que é, mas pelo menos pelo pouco que conversou com Washington, você sentiu alguma coisa digamos diferente por ele?
- Ultimamente vocês estão muito cismados mesmo comigo. Eu não senti nada de diferente por ele, eu só achei que como ele havia recém chegado no colégio poderia ter sido melhor recepcionado.Você sabe o quanto é ruim chegar em um lugar novo e o quanto é uma situação incômoda. Ele parece ser uma pessoa bacana, mas conversei muito pouco com ele e acho que é cedo para que vocês tirem conclusões precipitadas. Se tiver que acontecer acontecerá no tempo certo e quanto a história que te contei sobre o passado podemos não lembrar dela certo?
Por um lado entendi a Júlia. O passado dela pode ter sido doloroso e por mais que hoje em dia ela tenha superado e seja essa pessoa super animada que é eu pude perceber que ela guarda um pouco de mágoa e talvez tenha medo de se apaixonar novamente. Realmente podemos ter entendido mal a atitude dela. Quem sabe ela não estava querendo ser apenas legal com o novato? Mas em contrapartida a isso vinha a minha intuição que não costuma falhar. Eu poderia sentir que algo estava acontecendo entre os dois e que mais cedo ou mais tarde algo maior aconteceria e claro eu estava torcendo para isso. Após minha pergunta mudamos bruscamente de assunto e só conversamos a respeito da minha inscrição. Mas, no entanto fomos interrompidas por Letícia e Marcelo que logo se aproximaram de mim.
- Então irmãzinha querida, vai continuar com essa ideia de que nasceu para escrever? Acha mesmo que ganhará o concurso? Sem chance. Já não basta querer ter a minha vida agora quer se aproveitar dos meus hobbies? – Letícia me disse com o tom irônico de sempre.
- Já disse a você minha irmã que eu não me importo se vocês acreditam em mim ou não. Porque na boa, vocês são meios desacreditados da realidade. É tão ridículo pensar na repercussão que deu toda a história que por sinal tem tantos furos e vocês ainda continuam nessa?
Me surpreendi pois dessa vez Marcelo acabou me defendendo de um modo bem estranho.
- Acho que a gente deve esquecer essa história Letícia. Querendo ou não a Sophia é namorada do meu melhor amigo e acho melhor a gente deixar ela pra lá. Para que tirarmos a pouca alegria que ela tem se iludindo e sonhando com um outro nível de vida não é mesmo?
A minha vontade foi de dar várias risadas na cara de Marcelo. Nesse momento quase desistir de participar do concurso e enviar o texto que eu nem sabia ao certo se poderia livrá-lo da obscuridade, até porque quem garantia que ele iria ler. É até meio desanimante ajudar alguém que fala coisas tão sem sentido e sem colocação em uma mesma frase. “Nível de vida”? Que coisa mais esquisita para ser algo que deveria soar como o impacto de sua resposta. Mas enfim depois pensei melhor e não havia razão para desistir, estava participando porque gosto bastante de escrever, o concurso é uma boa oportunidade e quem sabe eu não ajudo outras pessoas com minha criação. Eu e Júlia saímos de perto dos dois, mas não pudemos deixar de notar a cara de ódio da minha irmã que já estava bem abalada com a competição que estava enfrentando com a Renata. Júlia acabou me perguntando o que eu pensava de toda essa história agora e acabou dizendo que pode notar uma mudança de comportamento de Marcelo.
- Sabe, não sei se é por causa do dia que vocês conversaram logo no início do volta às aulas, ou se Gustavo pediu para que ele tentasse te tratar melhor, mas parece que Marcelo está cansando de Letícia.Acredito que agora eles já se conhecem a mais tempo e ele já consegue perceber que ele não é tudo que ele imaginava e já acabou toda aquela paixão que geralmente todo início de namoro tem. Você tem conversado com Clara? Você nunca mais comentou nada comigo.
- Já faz tempo que não tenho uma boa conversa com ela. Desde que as aulas voltaram tenho ficado sem tempo de ir a casa dela. Ás vezes nos encontramos, mas não conversamos nada sério demais. Mas estou pensando em ir conversar com ela mais a noite, é sempre bom falar com ela. E sobre Marcelo eu também achei estranho, o que me instiga é porque o comportamento dele é tão estranho. Eu sei o que ele pensa sobre minha irmã de verdade porque quando nos conhecemos ele não se mostrou muito amigável para ela. Antes eu pensava que o caderno o prendia a ela e de modo inicial até que pode ser, mas agora não sei mesmo o que seja. Porque eu sei que ele acredita na verdade, só não assume e mesmo que não acreditasse um caderno com textos não manteria uma relação por tanto tempo. Eu sinto que mais que a culpa e o arrependimento que ele carrega, ele se sente infeliz consigo mesmo e machuca as pessoas a sua volta para tentar compensar as suas mágoas. Também noto que Marcelo é um pouco inseguro e indeciso e que por sinal é o mesmo que acontece com o Washington pelo que percebi. A única coisa que eu sei é que se prestarmos atenção a nossa volta as pessoas agem de acordo com o que já enfrentaram, seus medos e sonhos.
- Olhando dessa forma é mesmo verdade. Isso acabou acontecendo com a gente, aliás, acontece com todos. O mundo está sempre em mudança e essas mudanças são refletidas no ambiente. Assim também acontece com as pessoas, elas se adaptam e se apegam a um jeito que com o tempo por algum motivo vai se modificando de formas muitas vezes positivas, mas de outras negativas como é o caso de Marcelo, Letícia, Renata e tantas pessoas que a gente conhece.
- É por isso que dizem que tudo tem motivo e razão para acontecer. E acho que esse jeito de Marcelo se ele souber lidar pode ensinar muitas coisas que ele poderá usar no futuro para ser uma pessoa melhor. Também acho que isso é possível com minha irmã, minha família e todo tipo de pessoas assim, basta elas aceitarem suas inseguranças e frustrações ou os motivos que as levaram a se fecharem do mundo, se revoltarem ou simplesmente odiarem tudo e tentarem aprender algo com isso para se tornar pessoas melhores e mais felizes assim como nós fizemos!
Depois de concluir a inscrição, encontrei com Gustavo, escolhi o design do blog e em seguida passei na cada de Dona Clara para matar a saudade e botar a conversa em dia. Tínhamos mesmo muito o que conversar.






Um comentário:

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Bom dia!
Passando para ler mais uma vez seu blog e dizer que estou muito feliz em poder fazê-lo.
Grande abraço
se cuida

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