segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Capítulo 26

Não podia descrever ao certo o que eu estava sentindo naquele momento. Era uma mistura de angústia, ansiedade, felicidade, insegurança. Aquela transformação era o que eu mais queria naquele momento, com certeza me faria bem. Eu já havia pensado muito a respeito disso, escutado os conselhos de Júlia e prometi para mim mesma que não perderia minha verdadeira eu no meio disso tudo mas confesso que estava com um pouco de medo disso tudo afinal isso tudo era muito novo para mim.Eu sei que é bobagem,as pessoas mudam o tempo todo,atores e atrizes então nem se fale.O problema é que pode até parecer bobo mas para mim é mais complicado por causa de todos os fatos que haviam acontecendo e pelas minhas próprias convicções anteriores.Acho que me sentia que nem a Júlia se sentiu tempos atrás.Fico muito contente em saber que ela foi ajudada e conseguiu se salvar dela mesma e hoje está aí cheia de alegria e disposta a ajudar a todos e a fazer o bem.Não sei o que eu faria se não tivesse uma amiga tão leal como Júlia do meu lado. Estávamos decidindo ali em como seria de fato essa transformação mas eu não conseguia parar de pensar em Gustavo e Marcelo.Os dois são tão diferentes mas também tão iguais ao mesmo tempo e estão envolvidos nesse círculo maluco que entrei graças ao caderno e Letícia da mesma intensidade.Mesmo magoada com Marcelo por ele preferir enxergar a verdade “mais bonita” aos seus olhos eu estava preocupada com ele,afinal a situação que ele vivera não foi fácil.Minha família não é unida,meus pais não dão a mínima para mim mas pensando bem a situação de Marcelo foi pior pois ele sabia que podia contar com a família que viu desmoronar como em um piscar de olhos e teve que perder o tio que mais o apoiava.Eu sempre digo que isso não é motivo para tanta obscuridade da parte dele mas mesmo assim consigo compreender.Cada um expressa e lida com suas mágoas de uma forma muitas vezes da forma mais complicada que machuca muito mais. Mesmo com tudo isso gostaria de ajudá-lo de certa forma, pois caso ele ficasse mais “sociável” até Dona Clara ficaria mais feliz ao ver o neto recuperado. Fiquei tão pensativa nesse assunto que nem prestei atenção ao que a Júlia estava conversando com a cabeleleira do salão de beleza que havíamos escolhido. Acho que só teria minha mente limpa novamente depois que descobrisse um meio de ajudar Marcelo ao menos de forma anônima e conversasse direito com Gustavo. Estava muito ansiosa para saber se ele me encontraria mais tarde mesmo depois de tudo. Ele não me respondeu, aliás, não retornou nem uma de minhas ligações desesperadas que havia feito enquanto pensava nisso. Quem diria que aquele garoto intrometido que eu vivia ignorando me faria chegar no ponto de ligar desesperadamente e bagunçar meus pensamentos assim? Mas não era a hora de pensar nisso, meu cérebro poderia me obedecer ao menos nesse momento tão importante para mim. Júlia me deu um toque e me chamou para a realidade e me mostrou alguns estilos que ela pensava que combinaria comigo. A mudança escolhida era bem sutil até para que eu não me assustasse e acostumasse ao novo. A proposta era um cabelo um pouco mais curto com um corte mais moderno, cor de mel com luzes e ondulado nas pontas. A maquiagem era marcante, mas ao mesmo tempo não chamava tanta atenção. Quando tudo começou senti uma vontade de desistir, mas uma coisa que sei da vida é que devemos sempre olhar para frente e nunca para trás e a pior coisa que se pode fazer na vida é desistir sem tentar. Quando terminei o cabelo junto à maquiagem mal podia acreditar. Era como se não fosse eu mesma. Ainda dava para me reconhecer, mas senti uma leveza em mim, era como se minha vida fosse recomeçar e agora eu pudesse fazer novas escolhas talvez mais certas ou caso fossem erradas eu poderia aprender com meus erros até resolver mudar de novo como todas as pessoas fazem. Até Júlia que antes estava contra a minha mudança aprovou o resultado. Eu acho que ela estava com medo de eu escolher um estilo mais agressivo como ela já havia feito uma vez, mas depois Júlia mesmo percebeu que minha mudança nada mais foi do que um tapa no meu visual que por sinal eu precisava faz tempo. Depois do salão de beleza compramos umas roupas novas, as que eu sempre tive vontade de usar, mas nunca tive coragem de comprar, pois pensava que para mim não funcionaria apenas para Letícia. Muitas vezes quando via uma roupa na vitrine nem tinha coragem de experimentá-la, pois para mim só em Letícia ficaria bacana, pois da última vez que tive a tal coragem experimentei a mesma roupa que minha irmã. Em mim não ficou nada bom ao contrário dela que recebeu elogios até dos atendentes da loja. Mas aquela parte de mim havia ficado para trás, pois eu aceitei a me aceitar e aquela era a Sophia que eu era junto com a que eu sempre quis ser. As horas passaram muito rápido e cinco horas chegaram.Era a hora em que eu descobriria se Gustavo me encontraria e estaria disposto a me ouvir.Me despedi de Júlia e marquei de encontrá-la no dia seguinte.Daria a desculpa que teria que comprar alguns matérias escolares que havia esquecido para dar uma passada na livraria e contar como foi o encontro com Gustavo ou a falta dele. Passaram às cinco horas, cinco e dez, cinco e quinze e nada de Gustavo. Pensei em ligar mais uma vez, mas aí já seria desespero demais. Eu estava tão feliz com minha meta cumprida que não queria me chatear agora.Talvez seria mesmo melhor que não nos encontrássemos.Eu não estava gostando do garoto que eu sempre ignorava,eu só pensava isso antes porque estava em conflito comigo mesma e em um momento de fraqueza. Como poderia gostar de um garoto irritante, abusado que me beija a força e não era ao menos capaz de me entender e que me abandona quando digo algo que não agrada? Isso só prova que o que ele diz sobre os sentimentos por mim não é a verdade. Mas a quem eu estava querendo enganar, já estava indo embora com essa ideia na cabeça quando vejo Gustavo vindo em minha direção. Ele parecia estar paralisado ao me ver. Ele chegou perto de mim e aquela ideia de que eu não poderia gostar dele desapareceu. Ele era tudo isso, mas acima de tudo tinha muitas qualidades que me agradavam e uma delas era me defender e enfrentar meu pai como fez no dia da confusão. Quanto mais tentava entender meus sentimentos por ele mais eu me confundia, mas era inevitável sentir a alegria quando eu o encontrava. Gustavo chegou bem perto de mim e ficamos nos olhando paralisados. Ao me ver ele pareceu ter esquecido de tudo ou pelo menos ele decidiu parar com o drama ridículo do dia em que me na sorveteria .Quando finalmente conseguiu dizer algo apenas disse:
- Sophia, você está linda, mais do que já era. Eu quase desisti de vir e até pensei que você já havia ido embora. Estava com vergonha de você por causa do meu comportamento. Me desculpa por minha infantilidade mas acho que agora podemos conversar e recomeçar de uma forma bem melhor do que a anterior.
Eu não sabia o que dizer, mas estava contente porque agora sim conversaríamos o que tinha que ser dito e talvez ter esperado tanto até seria melhor pois depois dessa mudança que eu sofri podia dizer que estava sentindo bem comigo mesma de verdade e agora poderia expressar e dizer tudo o que precisava a Gustavo. Sobre a minha tranformação e se ela foi mesmo uma coisa positiva em minha vida só o tempo poderia me responder, mas estava feliz em ter tomado essa decisão. 

Um comentário:

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Olá!
Que bom poder voltar no seu blog e ler o que escreves.Tem muitas coisas que marca a vida da gente.E acredito que escrever nos torna mais livres.
Grande abraço
se cuida

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