domingo, 5 de fevereiro de 2012

Capítulo 25

O dia foi bem complicado. Nunca imaginaria nada do que teria acontecido com Marcelo no passado. Sei bem como é se sentir sozinha no mundo, sem que ninguém possa ajudar. Deve ter sido muito difícil para ele conviver com a separação dos pais, perder o tio que o apoiava, tudo repentinamente e ainda por cima conviver com uma culpa que a cabeça confusa dele criou. Acho aceitável essa mudança de comportamento dele, de querer ficar sozinho e tudo o mais porque ás vezes todo mundo precisa de um pouco disso, se reinventar, se redescobrir, mas isso não justificava toda aquela revolta ainda mais comigo. Ele mal me conhecia e já me tratava mal assim como fazia com as outras pessoas e até com o melhor amigo. Tudo bem ele se sentir perturbado e revoltado por não entender porque aquela confusão acontecia justamente com ele, mas descontar em mim e ao redor já era sério demais. Sempre me preocupei com as pessoas mais do que deveria e não importa o que elas fizeram comigo algum dia eu sempre me acho no dever de ajudar porque sei bem como é se sentir confusa e um pouco infeliz em alguns momentos que parece que nada vai dar certo na vida. Gostaria de ajudar um pouco Marcelo a superar isso, talvez como Clara havia me falado, é por isso que ela possui tanta confiança em que eu e o neto dela iríamos um dia combinar,afinal ela me disse que me pareço com ela. Combinar com Marcelo não era bem a palavra certa a usar, até porque se eu não tinha a menor vontade de que isso acontecesse, o garoto conseguiu dificultar mais essa aproximação no almoço de domingo me acusando de mentirosa e se forçando a acreditar nas mentiras de Letícia mesmo sabendo que era irracional. Talvez seja até um erro de minha parte, mas me sentia na necessidade de ajudar Marcelo porque devo muito a sua avó que sempre me apoiou e me ajudou desde que cheguei nessa cidade. Não iria ser invasiva e nem sabia ao certo como fazer isso só sabia que não era justo por pior que ele fosse ter que conviver com aquela história sozinho, se fechando para o mundo.
Minha preocupação não era só com Marcelo. Também tinha o Gustavo. Ele saiu tão perturbado da sorveteria como se eu tivesse cometido um erro grave quando na verdade só estava tentando dizer o que eu pensava, desabafar com ele, pois me sentia preparada para contar algumas coisas a ele quando fui mal interpretada. O pior era que ele não atendia minhas ligações e sabe se lá o que ele teria feito depois daquela hora. A noite havia chegado e meus pais, Luís e Letícia já haviam voltado para casa e o clima como sempre estava insuportável. Estava feliz que as aulas voltariam na próxima semana. Eu poderia sentir ia ser bom para mim, já conhecia Júlia, Mari, Eduardo, Lucas e toda a galera com que me indentifiquei muito e que de certa forma me fazia esquecer todos aqueles problemas e me divertir sempre. Com as aulas voltando não ficaria tanto tempo dentro de casa aturando principalmente minha irmã e talvez nem lembrasse tanto de tudo. O único problema é que Marcelo e Letícia também estudariam lá e mesmo que em salas diferente querendo ou não os veria no intervalo. Não estava ligando para isso, tinha meus amigos e como Júlia me diz devo ignorar os comentários e piadinhas dos dois como eu sempre fiz.
No dia seguinte como havia combinado com Júlia era um dia em que ocorreria minha pequena transformação. E mais do que nunca eu sabia que era preciso. Durante toda aquela noite pensei em Gustavo e no que ele me disse, em quando ele foi embora chateado pela forma que me expressei. Não deveria pensar tanto assim nele, mas era inevitável. Eu não sabia o que estava acontecendo, só sabia que era algo novo. Precisava muito resolver as coisas com ele, conversar direito e não daquela forma como aconteceu. Amanheceu e a primeira coisa que eu fiz foi ligar para Gustavo que não me atendeu, resolvi então mandar uma mensagem dizendo que sentia muito pela forma como me expressei e por a gente nunca conseguir conversar direito. Disse que se ele ainda quisesse falar comigo era só me retornar a mensagem ou me encontrar às 5 da tarde no shopping. Ás 5 horas tudo estaria igual, mas ao mesmo tempo diferente. Nessa hora eu já estaria “diferente” e se Gustavo resolvesse me encontrar ele seria o primeiro a ver meu novo visual e notar a mudança que aconteceria não só fisicamente, mas também em meu interior. Estava feliz em que o momento havia chegado, tinha pensando bem no alerta que Júlia havia feito e estava mesmo decidida que era isso mesmo que eu queria e que sabia das conseqüências caso exagerasse demais. Me encontrei com ela no horário combinado,aproveitei e contei o que houvera acontecido no dia anterior.
- Olá Sophia. Bom te ver, estou meio preocupada com você. Acho que não deve fazer isso, ainda há tempo para desistir. Pense comigo as pessoas tem que gostar de você pelo que é e você não deve forçar isso. Você sabe o que aconteceu comigo e que infelizmente pode acontecer com você também. Acho que deve repensar e ver que você é incrível da forma que é e não precisa de nada disso.
- Eu pensei muito nisso a noite inteira Júlia. Aliás, depois de ontem acho que é mesmo necessário. Me encontrei com Gustavo como havia te dito mas infelizmente nossa conversa foi mal sucedida.Eu deixei a insegurança e a desconfiança que tenho nesse tipo de sentimento me invadir e acabei deixando transparecer para Gustavo que não acreditava nele e que eu era apenas mais uma em que ele estava dizendo a mesma coisa.Sei que ainda mais nos dias de hoje isso é o que mais acontece mas posso sentir que com ele é diferente e mesmo assim acabei me equivocando e dizendo o que não devia.Como resultado ele foi embora alterado e nem responde minhas mensagens.Mandei uma mensagem dizendo para ele me encontrar ás 5 horas no shopping caso ele quisesse conversar novamente comigo mas não sei se ele irá, para dizer a verdade é muito provável em que ele não vá. Depois disso conversei com Dona Clara e desabafei tudo o que sentia e acabei descobrindo algo a mais da história de Marcelo a qual prometi que não iria contar para ninguém e por isso não te conto. Só posso dizer que é algo muito relevante e talvez seja até aceitável parte daquele comportamento estranho do garoto e sei lá, mas estou com vontade de ajudá-lo.
- Nossa Sophia, quanta coisa acontece em sua vida. Sério, você deveria vender sua história para uma série, com certeza faria bastante sucesso e de quebra você ganharia bastante dinheiro. Mas brincadeiras a parte acho que você deve deixar Marcelo para lá. Ele é problemático, sempre foi e qualquer coisa que seja acho que você não deve se intrometer. Sei que gosta de ajudar até mesmo quem te chateia, mas penso que se você tentar ajudá-lo mesmo pode acabar se machucando e arrependendo. Você já tem problemas demais com sua família, agora com Gustavo para querer criar mais um não acha? Pensa no que eu te falei com calma e depois me diga como irá proceder. Agora vamos para a sua transformação, já que você insiste eu não posso te obrigar a não querer isso, afinal a vida é sua. Pensei em algumas ideias, mudanças leves, mas, no entanto significativas e acho que você irá gostar.
- Sei que você vai discordar disso também, mas até por consideração á Clara eu preciso ajudar Marcelo nem que seja de longe e ele nem fique sabendo, ou melhor, se ele não descobrir é até melhor. Não sei como farei isso, mas sei que vou descobrir e agora não é o momento para pensar nisso. Vamos ao que interessa ao que eu mais quero nesse instante, o que eu preciso arriscar. Vamos á transformação!

Um comentário:

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Olá!
É com prazer que retorno ao seu blog.Linda sua recente postagem.Que bom quando vamos ao encontro de tão belas palavras.
Grande abraço
se cuida

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