quarta-feira, 25 de abril de 2012 0 comentários

Capítulo 35


- Escuta Sophia. Eu acho que você intromete demais na vida de todos tentando ajudar. Em um ponto você tem razão quando te conheci não me simpatizei mesmo com você, aliás, é da minha personalidade ser assim, ter uma certa dificuldade em achar alguém agradável e me aproximar amigavelmente. Não posso mentir que quando te conheci te achei uma garota estranha e o porque nem eu sei definir bem apenas achei você alguém de certa forma diferente,meio presa a algum medo ou insegurança assim como vocês adoram afirmar que sinto. Quanto à história do caderno, foi muito bom quando o encontrei, pois há muito tempo eu não me prendia a uma leitura que me fizesse sentir tão bem, esquecer de tudo, lendo aquelas frases tão cheias de sentimentos acabou despertando algo em mim que nem sei se um dia eu tive de fato. Também não gostei da sua irmã a princípio, para mim a primeira vista ela não passou de uma patricinha esnobe e interesseira, mas depois de ler aquele caderno sem entender eu pude perceber que talvez as aparências realmente enganassem.
- Você tem todo o direito de não gostar de mim, me achar esquisita. Nunca esqueci o dia que cheguei no quarto e escutei minha irmã me criticando e implicando como sempre e você rindo de mim com ela.E realmente eu era uma pessoa muito insegura,talvez por crescer as sombras de minha irmã,ou por certa insatisfação ou medo da vida.Talvez era por isso que escrevia aquele caderno secretamente,sem meu nome ou nada que evidenciasse para as outras pessoas que o caderno era meu.Porque na verdade eu nunca pensei que um dia ele seria lido por outra pessoa ainda mais alguém assim como você e que minha irmã se aproveitaria dele para comprar mais uma pessoa para sua coleção de objetos vivos assim como fez.A única coisa que nunca entendi e nem sei porque nunca chegamos a ter essa conversa é como você pode acreditar que eu era a farsa e que estava tentando me aproveitar do talento da minha irmã para tentar me parecer com outra pessoa.Escute Marcelo eu posso ser a pior pessoa do mundo mas jamais faria isso. Essa história esquisita e anormal mexeu bastante comigo, eu não conseguia entender e até hoje não consigo o como e o porque. Você agiu super grosso, como age sempre sem ao menos tentar acreditar na verdade. E sei que você pensa que Letícia que escreveu o caderno porque para você é mais fácil lidar com a realidade de que uma garota popular e bonita que é apaixonada por você escreveu algo que mexeu com seus sentimentos mais escondidos do que uma garota que você julga ser estranha e de um mundo tão diferente do seu. Isso ficou claro para mim e para todas as pessoas normais que me eonhecem e sabem do meu dom para escrever, se é que posso chamar assim e a minha letra que Letícia imitou. Se você perceber a sua caligrafia sempre ela acaba voltando a escrever de uma forma parecida com sua verdadeira letra. Mas isso ninguém percebe, muito menos você, afinal porque prestar atenção em um detalhe tão pequeno não é mesmo?
- Aquele dia você tem que concordar que foi muito estranho a maneira que achou de tentar provar que sua irmã havia roubado o caderno. Para mim parecia mais uma vingancinha pessoal e infantil. Havia outras maneiras de você me contar que o caderno era de fato seu, porque realmente seria muito ilógico eu acreditar em uma história tão maluca e surreal assim em que qualquer pessoa em seu juízo perfeito deduziria como ilógica.
- Isso só confirma o que penso. Então você acredita que eu sou a dona do caderno, mas prefere negar isso porque quer continuar namorando Letícia pelas vantagens que isso lhe traz e porque não gosta de mim e achou minha atitude uma simples vingança. Mas eu não me importo com o que pensa. Você acha mesmo que eu gostaria de tramar uma vingancinha ridícula contra minha irmã problemática? Não mesmo, você nem me conhece. Pelo menos admita que sabia da verdade desde o início e só quis continuar com isso,pois sabe que acreditar nessa fantasia é a única coisa que ainda te prende a Letícia,pois sem essa “magia” vocês dois não dariam certo.
- Eu quero deixar bem claro que no princípio não quis acreditar na sua história pelo jeito que você arrumou de me falar...
Nem deixei Marcelo completar a frase e já intrometi.
- Você sabia que quem está se comportando como estranho e infantil é você? Então você acredita nas coisas se o modo de como elas são apresentadas a você te agrada? A gente nunca conversava, você sempre com esse humor desprezível, cego pela história de minha irmã e eu ainda tão imatura em relação ao que sou hoje achei que daquele jeito seria o modo perfeito para recuperar minha integridade na família e ao mesmo tempo te alertar sobre a farsa do seu relacionamento. A boba da história foi realmente eu, aliás, essa história toda é boba e já rendeu demais. Acreditando em mim ou não o importante é que já recuperei o que é meu e agora atingi até um amadurecimento literário maior do que o de antes. Para mim você é dessa forma por conta do trauma que tem por se sentir culpado da separação dos pais e é frio assim porque perdeu seu tio, uma das pessoas que mais te dava força para enfrentar os momentos difíceis de forma rápida e inimaginável.
Nesse momento percebi que havia falando mais do que deveria, mas já era tarde. Clara me olhou surpresa, pois havia prometido guardar segredo sobre o que sabia e Marcelo olhou para a avó e para mim perplexo. Agora com intromissão de Dona Clara a conversa se tornou ainda mais complicada.
- Sophia sabia que não deveria ter te contado tantos detalhes. Não é sua culpa, mas uma hora realmente você iria acabar se esgotando e conversando sobre isso com Marcelo. Talvez se eu fosse mais nova, me irritaria e tornaria a situação ainda mais delicada, mas após tantos anos vividos e por tantas experiências que já passei penso que talvez seja melhor assim. Marcelo, eu sei que você sempre teve uma personalidade, digamos forte, mas você ainda parecia ter uma certa alegria de viver que não enxergo mais em você desde o ocorrido.Sei que foi difícil para você tomar aquela decisão e ver o mundo familiar seguro que tinha desmoronar num simples piscar de olhos.Você era mais novo,não entendia muito bem dessas coisas e acabou achando que era culpado pelo sofrimento de sua mãe,o seu e o do restante do mundo.Você cresceu com essa convicção no subconsciente e hoje reage dessa forma.
- Acho que o assunto já foi longe demais. Sophia e vó, vocês já analisaram demais, tiraram suas conclusões e nem sabem direito o que eu penso. O assunto estava sobre o caderno e Sophia, mas de repente se transformou em algo que diz respeito a mim e meus pais. Eu não esperava que contasse coisas assim pessoais da minha vida para estranhos, a senhora me desapontou muito, minha confiança acabou.
Marcelo saiu da sala mesmo com os gritos de Clara insistindo para que ficasse. Fiquei super mal, pois senti que aquele conflito entre avó e o neto era culpa minha. Para mim aquela conversa não havia acabado ali e agora mais do que nunca precisava entender todo aquele comportamente de Marcelo melhor. Por hora era aquilo quando enfim resolvesse e arrancasse tudo que eu precisava ouvir de Marcelo voltaria à casa de Clara para quem sabe reconquistar a confiança que por um impulso e ansiedade acabei enfraquecendo.

segunda-feira, 23 de abril de 2012 0 comentários

Capítulo 34

Quando cheguei na casa de Dona Clara,ela parou de fazer o bordado no pano de prato que uma vizinha havia encomendado por gostar bastante de sua costura e me recebeu com um belo sorriso estonteante.
- Sophia. Quanto tempo você não vem me visitar. Sei que depois da volta às aulas você ficou mais ocupada e com o início do namoro mais ainda, mas isso não há razão para você sumir e deixar de dar notícias mocinha. – Dona Clara disse com aquele jeito amigável e jovem de sempre. Apesar da idade um já um pouco avançada, a senhora, tem mais ânimo e vontade de viver do que muitos jovens que eu conheço.
- É verdade, você tem razão. Estou em falta com a senhora, não há motivos para sumir assim, mas é que com tanta coisa acontecendo eu acabo me perdendo no meu próprio tempo.
- Aprenda uma lição Sophia. Você não pode ser escrava do seu próprio tempo. Não pode deixar de se cuidar ou fazer coisas que gosta e que são importantes para você para se adequar no tempo ditado pelo mundo. Você precisa se organizar, estabelecer suas prioridades, tirar um tempo para você e viver mais tranqüila e isso inclui vir me visitar mais vezes. – disse a senhora me intimidando a ir em sua casa frequentemente, porém de um jeito doce e cativante que ela sempre tem.
Pensei bastante na lição de Dona Clara sobre o tempo. Muitas vezes acabo me sacrificando para me adequar sempre a ele e acabo ficando escrava do tempo. Pelo menos tenho a sorte de pelo menos não por agora ou que eu saiba de ser escrava das dimensões do tempo. Tem pessoas que vivem com lembranças do passado que assombram o presente afetando o futuro, outras vivem tão intensamente o agora que esquecem que é preciso sim se preocupar de maneira saudável com planos para o futuro e há aquelas que vivem pensando tanto em quem se tornarão e como será o futuro que acabam esquecendo de viver o próprio agora.Para se ter uma vida boa é preciso haver o equilíbrio entre esses três tempo e isso Dona Clara sabia fazer muito bem.
Conversamos um pouco de tudo. Contei todas as novidades do colégio, dos novos moradores Washington e Renata, obviamente do meu namoro com Gustavo que ia cada vez melhor, do concurso e do projeto do blog. Dona Clara ficou muito feliz em ver todo o meu entusiasmo. A conversa ia muito bem quando de repente Marcelo chegou na casa de Dona Clara e como já era de se suspeitar o clima ficou estranho.Dessa vez a avó de Marcelo resolveu interferir e o obrigou a sentar conosco e participar da conversa.
- Marcelo, meu neto. Venha sente-se aqui comigo e com a Sophia. Estamos tendo um papo tão agradável.
- Obrigada vó, mas não poderei demorar, só passei aqui mesmo para ver como a senhora estava. Em outra hora quando eu não estiver ocupado volto aqui e fico mais tempo.
Eu sabia que aquilo era apenas uma desculpa. Ele com certeza não esperava me encontrar ali e resolveu arranjar um jeito de ir embora para não ter que me ter como companhia. Sinceramente, por mais que ele tenha problemas e que não seja tão sociável assim gostaria de entender o porque ele me odeia tanto e resiste tanto a me dar um simples “oi” naturalmente. Desde o início ele vem me evitando mais do que faz com as outras pessoas, acredita em uma história impossível sobre um roubo de caderno e falsificação de letra por minha parte inventada pela mente problemática de Letícia em que até qualquer criança de 5 anos poderia compreender e deduzir a verdade caso alguém a contasse. Pensei que estava na hora de entender o real motivo de toda essa antipatia. A ideia do concurso até poderia ajudá-lo, mas até o resultado ser divulgado ainda levaria um tempo e eu não podia mais agüentar a situação. Clara também além de não gostar, parecia não compreender e estava disposta a tentar mudar essa relação entre mim e Marcelo e acabou sendo bem direta.
- Olha Marcelo,sua avó pode até ser mais de idade,mas não é por isso que ficou boba e deixou de perceber as coisas ao redor. Não é de hoje que percebo essa alta de afinidade e esse clima ruim entre você e Sophia e honestamente não consigo entender o porque, aliás desde que se conheceram você reage assim. Eu sei da história absurda do caderno de anotações de Sophia e sei que você também não acredita em que Letícia é a verdadeira autora porque já convive com ela a algum tempo.Caso seja tão iludido e enganado assim a ponto de acreditar nessa realidade paralela sente-se um pouco e verá como essa garota sabe usar as palavras,ajudar e encantar o mundo. Sente-se e desabafe tudo que eu sei que você sente em relação a separação de seus pais que te afetou tanto.Sei que não deveria falar dessa forma e nem gostaria pois esse assunto é muito delicado mas se isso não ser tratado logo você acabará se tornando uma pessoa fria e sozinha e não quero isso para o neto que amo tanto. Por isso como sua avó quero que sente-se aqui agora perto de mim e Sophia para conversarmos e tirarmos todas as dúvidas e essa história a limpo de uma vez por todas.
Fiquei chocada com a reação de Dona Clara. Nem foi necessário a minha própria reação. Nunca tinha a visto falar daquele jeito, mas penso que como eu ela havia cansado do comportamento do neto que é tão importante para ela. As cenas daquela conversa que com certeza seria longa era imprevisível e estava me deixaram angustiada.
Com os olhos arregalados e irritado Marcelo seguiu a ordem da avó e sentou-se com um pouco de resistência perto de mim. Notei que ele estava sim magoado e constrangido por eu estar ali quando Clara disse sobre o seu trauma da separação dos pais. Percebi ao mesmo tempo que ali havia um garoto assustado e desamparado que só queria ser comprrendido e amparado.
E do nada comecei a dar gargalhadas na sala para o espanto de Clara e para o ódio de Marcelo. É, comecei a rir porque fiquei tão nervosa e tão feliz por saber que talvez toda aquela confusão com Marcelo finalmente terminaria que comecei a gargalhar e eu ria alto com vontade,deixando a ideia que estava rindo daquela situação quando na verdade era minha estranha mania de rir quando fico muito nervosa. E certamente, Marcelo se manifestou indignado e com razão pois acho que no lugar dele eu faria a mesma coisa.De certo modo meu ataque de risos quebrou o clima tenso mas estragou o nível da conversa que se poderia ter. Por outro lado foi bom ter quebrado o silêncio daquela forma, pois isso fez Marcelo chegar ao seu limite e ao me xingar acabou desabafando tudo e fazendo revelações que eu jamais pensei em escutar um dia... 
terça-feira, 17 de abril de 2012 1 comentários

Capítulo 33

Depois do término das aulas fui para a livraria com Júlia para enfim fazer minha inscrição no concurso. Não pude deixar de perguntar a ela se havia acontecido mesmo uma atração entre ela e Washington ou se era mesmo nossa impressão.
- Não sei se é apenas cisma nossa, mas o jeito que você falou defendendo Washington e a forma que você olhou para ele nos fez pensar que você tinha sentido algo por ele e também acreditamos que ele sentiu o mesmo por você. Geralmente você atura todos os comentários como brincadeira, mas dessa vez você se irritou por um motivo até besta relacionado a ele. Desde toda aquela história traumatizante que você me contou nunca mais escutei você falar de nenhum garoto ou simplesmente defender alguém como fez e muito menos alterar tanto o humor e quase brigar com um amigo por causa de um motivo que nem te afetava diretamente. Júlia eu te considero minha melhor amiga, você me ajudou nos momentos em que mais precisei e quero que saiba que se for realmente algo que você está sentindo por ele pode me contar. Eu sei que vocês acabaram de se conhecer e é difícil dizer ao certo o que é, mas pelo menos pelo pouco que conversou com Washington, você sentiu alguma coisa digamos diferente por ele?
- Ultimamente vocês estão muito cismados mesmo comigo. Eu não senti nada de diferente por ele, eu só achei que como ele havia recém chegado no colégio poderia ter sido melhor recepcionado.Você sabe o quanto é ruim chegar em um lugar novo e o quanto é uma situação incômoda. Ele parece ser uma pessoa bacana, mas conversei muito pouco com ele e acho que é cedo para que vocês tirem conclusões precipitadas. Se tiver que acontecer acontecerá no tempo certo e quanto a história que te contei sobre o passado podemos não lembrar dela certo?
Por um lado entendi a Júlia. O passado dela pode ter sido doloroso e por mais que hoje em dia ela tenha superado e seja essa pessoa super animada que é eu pude perceber que ela guarda um pouco de mágoa e talvez tenha medo de se apaixonar novamente. Realmente podemos ter entendido mal a atitude dela. Quem sabe ela não estava querendo ser apenas legal com o novato? Mas em contrapartida a isso vinha a minha intuição que não costuma falhar. Eu poderia sentir que algo estava acontecendo entre os dois e que mais cedo ou mais tarde algo maior aconteceria e claro eu estava torcendo para isso. Após minha pergunta mudamos bruscamente de assunto e só conversamos a respeito da minha inscrição. Mas, no entanto fomos interrompidas por Letícia e Marcelo que logo se aproximaram de mim.
- Então irmãzinha querida, vai continuar com essa ideia de que nasceu para escrever? Acha mesmo que ganhará o concurso? Sem chance. Já não basta querer ter a minha vida agora quer se aproveitar dos meus hobbies? – Letícia me disse com o tom irônico de sempre.
- Já disse a você minha irmã que eu não me importo se vocês acreditam em mim ou não. Porque na boa, vocês são meios desacreditados da realidade. É tão ridículo pensar na repercussão que deu toda a história que por sinal tem tantos furos e vocês ainda continuam nessa?
Me surpreendi pois dessa vez Marcelo acabou me defendendo de um modo bem estranho.
- Acho que a gente deve esquecer essa história Letícia. Querendo ou não a Sophia é namorada do meu melhor amigo e acho melhor a gente deixar ela pra lá. Para que tirarmos a pouca alegria que ela tem se iludindo e sonhando com um outro nível de vida não é mesmo?
A minha vontade foi de dar várias risadas na cara de Marcelo. Nesse momento quase desistir de participar do concurso e enviar o texto que eu nem sabia ao certo se poderia livrá-lo da obscuridade, até porque quem garantia que ele iria ler. É até meio desanimante ajudar alguém que fala coisas tão sem sentido e sem colocação em uma mesma frase. “Nível de vida”? Que coisa mais esquisita para ser algo que deveria soar como o impacto de sua resposta. Mas enfim depois pensei melhor e não havia razão para desistir, estava participando porque gosto bastante de escrever, o concurso é uma boa oportunidade e quem sabe eu não ajudo outras pessoas com minha criação. Eu e Júlia saímos de perto dos dois, mas não pudemos deixar de notar a cara de ódio da minha irmã que já estava bem abalada com a competição que estava enfrentando com a Renata. Júlia acabou me perguntando o que eu pensava de toda essa história agora e acabou dizendo que pode notar uma mudança de comportamento de Marcelo.
- Sabe, não sei se é por causa do dia que vocês conversaram logo no início do volta às aulas, ou se Gustavo pediu para que ele tentasse te tratar melhor, mas parece que Marcelo está cansando de Letícia.Acredito que agora eles já se conhecem a mais tempo e ele já consegue perceber que ele não é tudo que ele imaginava e já acabou toda aquela paixão que geralmente todo início de namoro tem. Você tem conversado com Clara? Você nunca mais comentou nada comigo.
- Já faz tempo que não tenho uma boa conversa com ela. Desde que as aulas voltaram tenho ficado sem tempo de ir a casa dela. Ás vezes nos encontramos, mas não conversamos nada sério demais. Mas estou pensando em ir conversar com ela mais a noite, é sempre bom falar com ela. E sobre Marcelo eu também achei estranho, o que me instiga é porque o comportamento dele é tão estranho. Eu sei o que ele pensa sobre minha irmã de verdade porque quando nos conhecemos ele não se mostrou muito amigável para ela. Antes eu pensava que o caderno o prendia a ela e de modo inicial até que pode ser, mas agora não sei mesmo o que seja. Porque eu sei que ele acredita na verdade, só não assume e mesmo que não acreditasse um caderno com textos não manteria uma relação por tanto tempo. Eu sinto que mais que a culpa e o arrependimento que ele carrega, ele se sente infeliz consigo mesmo e machuca as pessoas a sua volta para tentar compensar as suas mágoas. Também noto que Marcelo é um pouco inseguro e indeciso e que por sinal é o mesmo que acontece com o Washington pelo que percebi. A única coisa que eu sei é que se prestarmos atenção a nossa volta as pessoas agem de acordo com o que já enfrentaram, seus medos e sonhos.
- Olhando dessa forma é mesmo verdade. Isso acabou acontecendo com a gente, aliás, acontece com todos. O mundo está sempre em mudança e essas mudanças são refletidas no ambiente. Assim também acontece com as pessoas, elas se adaptam e se apegam a um jeito que com o tempo por algum motivo vai se modificando de formas muitas vezes positivas, mas de outras negativas como é o caso de Marcelo, Letícia, Renata e tantas pessoas que a gente conhece.
- É por isso que dizem que tudo tem motivo e razão para acontecer. E acho que esse jeito de Marcelo se ele souber lidar pode ensinar muitas coisas que ele poderá usar no futuro para ser uma pessoa melhor. Também acho que isso é possível com minha irmã, minha família e todo tipo de pessoas assim, basta elas aceitarem suas inseguranças e frustrações ou os motivos que as levaram a se fecharem do mundo, se revoltarem ou simplesmente odiarem tudo e tentarem aprender algo com isso para se tornar pessoas melhores e mais felizes assim como nós fizemos!
Depois de concluir a inscrição, encontrei com Gustavo, escolhi o design do blog e em seguida passei na cada de Dona Clara para matar a saudade e botar a conversa em dia. Tínhamos mesmo muito o que conversar.






segunda-feira, 9 de abril de 2012 0 comentários

Capítulo 32

Júlia estava super ansiosa em me encontrar. Depois da aula passaríamos na livraria para que eu pudesse me inscrever para o concurso. O texto já estava quase pronto e só faltava a finalização. Decidi que usaria meu psedeunomo mesmo após o final da votação, pois não queria que minha identidade fosse revelada ainda mais que Marcelo, que tanto duvidou de mim soubesse que era eu que escrevia. Caso eu ganhasse esse seria o momento em que eu poderia provar que eu nunca inventei sobre o caderno e todas as outras coisas, mas no nível de transformação que cheguei o que ele pensa e o que os outros pensam é irrelevante. Apenas prefiro deixar a situação do jeito que está porque ainda não me sinto segura para mostrar meus textos assim para o público ainda mais para um tão grande como desse concurso. Quanto a isso aos poucos vou perdendo a insegurança. Mais tarde meu namorado e eu colocaremos o blog no ar, a princípio como eu já havia pensado para meus amigos e quem sabe no futuro para mais pessoas, mas não quero pensar nisso agora, pois quem pensa muito no futuro acaba esquecendo-se de viver o presente e não vive o momento atual. E falando nele achei muito engraçado quando vi a competição entre minha irmã e Renata, a irmã de Washington. Estava uma verdadeira disputa por atenção. Letícia estava mostrando aos “fãs” do colégio o quanto era fotogênica e como sabia desenhar e Renata para minha surpresa começou a cantar para todos se achando a verdadeira popstar irritando Mari que na minha opinião canta mil vezes melhor que ela. Falando nisso Bruno só estava me enrolando para mostrar a composição que ele tinha feito, aliás, não só para mim, para a Mari também. Os boatos do colégio dizem que a música é uma verdadeira declaração para ela, mas que ele ainda não tem coragem de assumir o que eu acho uma bobagem, pois está na cara que eles se gostam e dão super certo juntos. Mariana não deixou por menos e cantou deixando todos impressionados para o aborrecimento de Renata que quis cantar mais para competir em algo que ela não tinha a melhor chance de se sair melhor. Letícia adorou a derrota da rival e ficou contando vantagem, mas isso não durou muito tempo quando a novata resolveu mostrar alguns passos de dança o que nunca foi o forte de minha irmã. Pelo visto aquelas duas estariam em pé de guerra durante todo o ano letivo. Eu havia acabado de apresentar Washington a meus amigos e como previ eles gostaram bastante do seu jeito de ser e mal acreditaram quando souberam que ele era irmão de Renata.
- Se não fosse a Sophia que contasse eu realmente não acreditaria. – disse Carol
- É verdade, aquela garota me irrita e olha que nem nunca conversei. Vocês são o contrário um do outro. – completou Karina
- Ainda bem que você não é como ela porque se não nem seria aceito no nosso grupo. E falando nisso você é muito esquisito, meio fechado e parece estar muito nervoso. Desse jeito não vai poder andar com a gente em? – Brincou André, o namorado de Karina com o seu jeito de sempre que todos já conhecem, mas que acabou deixando Washington sem graça.
- Não fale assim, você nem o conhece. E pare de tentar ser o engraçadinho porque ninguém já agüenta mais – Júlia disse para espanto de todos inclusive para o meu. Ela não é de tratar as pessoas desse jeito e nem é tão irritada, mas estava pronta para discutir com um dos seus melhores amigos por causa de um comentário para um até então desconhecido que nem lhe dizia respeito.
- Calma Júlia e André. Isso foi só um comentário sem maldade. Washington está mesmo nervoso, é seu primeiro dia por aqui e é natural. Mas não vamos brigar agora. Assim ele vai pensar que somos desunidos o que não é verdade porque eu nunca vi um grupo de amigos mais unidos e bacanas como os meus. – Eu disse o que estava pensando tentando quebrar o clima tenso que estava ali.
- É verdade Sophia. Vocês parecem ser bastante amigos e não quero que briguem por mim.Eu estou nervoso mesmo e posso ser um pouco esquisito,fechado mas aos poucos eu vou me soltando e aí eu espero que me achem como vocês. – disse Washington
- Você não tem que se justificar e quero que saiba que você é muito bem vindo a nossa turma. – Disse Júlia com um sorriso estonteante.
O sinal tocou e nos dirigimos para as nossas salas. No caminho Gustavo e eu não pudemos deixar de comentar sobre o acontecido e sobre nossas suspeitas.
- Não sei viu Sophia, mas acho que rolou alguma coisa entre a Júlia e o Washington. Ela é tão alto astral e calma e estava mesmo disposta a brigar com André por ele - Meu namorado disse.
- É eu reparei algo diferente mesmo, ela parece ter gostado mesmo dele, caso contrário ela nem o defenderia e daria as boas vindas como fez. E ele parece ter gostado dela também, a olhou de um jeito tão diferente.
- Diferente assim?
- É mais ou menos assim. – Eu disse
 -Então ele deve ter se apaixonado por ela, pois desde quando te vi não consigo te olhar de outra forma. – Disse Gustavo todo fofo e apaixonado.
- Só você mesmo para me fazer ficar toda bobinha a essa hora da manhã. Eu disse num tom que Gustavo adora.
Nos beijamos e fomos assistir as aulas.
Fiquei pensativa se era verdade mesmo aquela possível atração entre Júlia e Washington. Mas mais cedo ou mais tarde iríamos acabar descobrindo. Na aula de literatura o assunto era justamente sobre o amor e eu não pude deixar de escrever claro sobre eu e Gustavo, mas também senti a necessidade de escrever sobre os casais ou quase casais que eu conhecia. Cada um com sua história, ligados de jeitos totalmente diferentes. Alterei os nomes para que meus amigos não notassem que eu estava me referindo a eles apesar de que se eles lessem iriam perceber.
Comentei um pouco sobre todos, o André e a Karina que estão juntos a tanto tempo e dão tão certo, a Mari e o Bruno que se gostam tanto mas não conseguem assumir isso ainda, O Marcelo e a Letícia que mesmo sabendo que é uma união sem sentimentos verdadeiros é algo que pelo menos os deixam felizes em alguns momentos e agora tudo indicava que Washington e Júlia estavam apaixonados. O amor é mesmo imprevisível, surge quando menos esperamos e pela pessoa que nunca imaginávamos assim como é minha história com Gustavo. Quando eu poderia imaginar que namoraríamos e que ele pudesse me fazer tão bem, me fazer me sentir tão viva? O amor é um sentimento que nunca será possível descrever através de palavras, pois é algo maior do que tudo. O amor pode te fazer sentir a melhor das pessoas quando é correspondido, mas também pode te deixar se sentindo inferior a tudo quando é platônico ou até mesmo indeciso quando se gosta de uma pessoa e ela de você, mas vocês não combinam tanto assim. Existe também o amor renegado quando duas pessoas se sentem tão atraídas a ponto de negar tudo e apenas brigarem. São tantos lados desse sentimento que fica realmente impossível arranjar uma maneira de descrevê-lo. Só sei que ele está presente em todos nós, até nos que não acreditam. Terminando de escrever meu texto fiquei sem saber da onde havia surgido tanta inspiração. Vai ver foram as palavras e o beijo que eu e Gustavo demos antes da aula começar ou talvez ver que algo novo estaria para acontecer entre minha melhor amiga e Washington.Não sabia bem ao certo o que era mas naquele momento estava sonhando acordada pensando em como é bom gostar de alguém e estar com essa pessoa do lado. 



 
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